13 de Maio – ANTOLOGIA DOS ENSINAMENTOS DE YUNQI 

A mente no seu estado original não tem pensamentos, e o surgimento destes é, portanto, algo contrário à sua natureza. Contudo, antes do início dos tempos, os seres sencientes já estavam habituados a dar azo a pensamentos ilusórios que são difíceis de ignorar. Agora ensino-vos a ter consciência do Buda, pois isso assemelha-se a um antídoto para vários venenos, e compara-se a ter soldados que vão lutar contra outros soldados. 

Contudo, a prática de sermos conscientes do Buda envolve uma variedade de coisas. O ato de defender o nome do Buda equivale a percorrer um caminho que está dentro de outro caminho. Isto porque Amitabha conserva em si virtudes imensuráveis, e só quatro sílabas do nome do Buda são suficientes para tornar a prática completa. 

Amitabha Buda compreende precisamente uma mente inteira, é o coração de numerosas virtudes, é o contentamento eterno e a pureza do eu, é a Iluminação original e inicial, a verdadeira natureza Buda, bodhi e nirvana. Tem um milhar de milhões de nomes e só um deles ao mesmo tempo. Embarca tudo sem exceção. 

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11 de Maio – O MANTO DA INVISIBILIDADE 

Os britânicos e os americanos usam a metáfora do ninho de cobras para descrever a sociedade. Neste ninho, as cobras lutam entre si para colocar a sua cabeça de fora, empurrando-se umas às outras para ganhar visibilidade e sobrepor-se às demais. Elas lutam para sobreviver, combatendo e competindo constantemente. O ato de esticar a cabeça para fora pode ser comparado às bolhas que surgem no topo das ondas do oceano, num encontro frente a frente com o Sol e o luar glorioso. A vida é curta; e o instante em que navegamos no topo das ondas pode ser equiparado a uma insígnia que simboliza o orgulho que temos em relação aos feitos da nossa vida. Contudo, apesar de alguns apontarem para o topo, também há aqueles que escolhem passar desapercebidos na lama e decidem viver as suas vidas sem furor. As pessoas têm diversos objetivos e ninguém deve ser obrigado a fazer algo que não deseja. 

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10 de Maio – FELIZ ERA O MUNDO PARA A MÃE 

Feliz era o mundo, 

Quando, nos conhecemos pela primeira vez, 

Cumprimentaste-me com um sorriso, 

E eu respondi com um choro 

Que moveu o céu e a terra. 

Triste era o mundo 

Quando, por fim nos despedimos, 

Despedi-me com um grito, 

E tu respondeste com um silêncio 

Que fechou o céu e a terra. 

Estranho era o mundo 

Quando, ao ver-te do princípio ao fim, 

Sempre chorei por alto 

Pois pelo teu sorriso o mundo começou 

E sem ele a felicidade acabou. 

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9 de Maio – O CANTO DO PEREGRINO 

Começando pelo fio que está nas mãos de uma mãe carinhosa, 
Até às roupas que o peregrino usa; 
Cosendo e cosendo, desde a sua partida, 
Lento e lento é o seu regresso, o medo dela. 
Quem poderá dizer que o coração de um centímetro de relva 
Pode compensar os raios do sol de uma Primavera inteira?

Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun 

8 de Maio – AS QUATRO ALEGRIAS DA VIDA 

Quando uma seca perdurante encontra a chuva pontual. 
Quando os caminhos de velhos amigos se cruzam em terras distantes. 
Quando vivemos uma noite de núpcias romântica à luz das velas. 
Quando o teu nome está na lista dos candidatos bem-sucedidos. 

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7 de Maio – GAOZI 

Quando o Céu está prestes a conferir uma grande posição a qualquer homem, exercita primeiro a sua mente com o sofrimento, e o seus ossos e tendões com um grande esforço. Expõe o seu corpo à fome, e sujeita-o à pobreza extrema. Confunde os seus empreendimentos. Através destes métodos consegue estimular a sua mente, endurecer a sua natureza e mostra-lhe as suas incompetências. 

Eu gosto de peixe e também gosto de patas de urso. Se não puder ter os dois juntos, deixarei o peixe ir, e ficarei com as patas de urso. Eu gosto da vida, mas também gosto da retidão. Se não puder ter os dois juntos, deixarei a vida, e escolherei a retidão. 

Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun

6 de Maio – CONSCIÊNCIA E CONFIANÇA 

A consciência é a voz silenciosa e subtil que permite à minoria confessar. Quem é benevolente também será certamente corajoso, enquanto que a força é um meio necessário para castigar o vilão. 

Há que ter a confiança para saber distinguir o certo do errado a partir da nossa própria consciência, sem ser influenciado pela decisão da maioria. 

Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun

5 de Maio – TUDO NUM PENSAMENTO 

Na vida existem muitas pessoas que estão habituadas a ser calculistas e a fazer comparações. As suas mentes estão cheias de suspeitas e de ódio. 

Apegados à ganância, à raiva e ignorância, ou às aflições e preocupações, estas pessoas vivem como se estivessem no inferno. 

Se conseguirmos ter uma mente aberta e tolerante em relação a tudo, guiando-a a cada momento para o caminho certo, então aí será como se estivéssemos a viver no céu. 

Quer alcancemos a budeidade, a iluminação, ou se ainda estamos presos no Samsara, tudo isto está dependente da nossa mente. A diferença entre um sábio e uma pessoa comum reside inteiramente num pensamento. 

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4 de Maio – UM PEDAÇO DA LUZ DO SOL (EXCERTO)

Perto do meio-dia, a luz dourada do sol entra pelo quatro por entre as malhas da janela e cintila translucidamente em todas as direções. Vislumbro a brilhante e distinta natureza do Sol, como se pudesse reconhecer as cores deslumbrantes que se entrecruzam umas com as outras, tentando perseguir as suas indetetáveis movimentações. Observo-a reluzindo na minha mesa como um cristal, sinto que ao deitar-me nela ganho algum tipo de paz, um tipo de exuberância, um prazer relaxado. Isto poderá ser descrito por: “Janela clara, mesa clara.” Ao guardar-se uma coisa destas silenciosamente dá-se um sentido de mistério e uma atmosfera poética ondulante.

Sem dúvida alguma, estimamos a cultura se respeitarmos todo tipo de arte que já existiu desde o início do mundo – quer seja uma criação artística abstrata ou um impressionismo não naturalista que dominou com engenho os materiais da natureza. Todavia, no que diz respeito à origem da arte, àquele toque e inteligência humana (ou por outras palavras, as suas emoções), qual será a melhor maneira para exprimir um carinho razoável por elas?

Existem dois tipos de luzes extravagantes no quarto que me deixam frequentemente ansioso. Tal como quando as flores florescem, elas levam-se pela brisa das sensações e espalham-se pelos ramos e folhas da tranquilidade e compostura. O primeiro tipo de luz é a luz da vela, posta no seu alto enquanto que as lágrimas de cera caem em profundidade, com as luzes e sombras da chama cintilante a cair por aqui e acolá, por detrás de cortinas caídas. A luz, brilhante e elegante, com um sentimento do passado, apesar de fazer parte do cenário, manifesta um sentido poético mais elevado.

O segundo tipo de luz é a luz do entardecer que, durante o início da Primavera, espalha-se subtilmente pelo quarto inteiro. As malhas da janela, os tampos da mesa, as pinceladas e as marcas de tinta, banham-se numa luz turva e formam a imagem da quietude. Ao adicionar algumas pinceladas de rebentos de flores vermelhas e de caules finos, o quarto torna-se ainda mais agradável e fragrante, ao ponto que a espiritualidade passa a sentir-se a partir do mais ínfimo dos movimentos.

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