12 de Maio – Buda, onde estás tu?

Buda, onde estás tu? 

Nestes setenta e cinco anos que vivi como um monge budista, 

Procurei-te por todo o sítio, até nas profundezas da terra. 

Fui para a Índia em oito ocasiões, 

Na tua terra natal, Buda, 

Pensei que te pudesse encontrar. 

Prostrei-me em frente ao Vajra Sear em Bodhgaya, 

Lá em cima no alto, no majestoso Templo Mahabodhi, 

Ainda assim, fui incapaz de ver a tua manifestação! 

Prostrei-me com frequência no chão do Santuário Principal, 

Li com frequência as tuas palavras do Dharma por baixo do pavio erguido. 

Buda, 

Entre os sons do gongo da manhã e o tambor da tarde, 

Será que podes mostrar-te para eu te veja? 

Anseio ouvir a tua voz. 

Desde a infância até à juventude e depois até ao auge da minha vida, 

Tornei-me agora num velho decrépito. 

Não te ter encontrado 

É algo que me recuso a aceitar! 

Por conseguinte, viajei este mundo, 

Na esperança de que algures, 

Pudesse, por sorte, cruzar caminhos contigo. 

Apanhei comboios, caminhos férreos de alta velocidade, e veículos com levitação magnética, 

Enquanto as árvores do outro lado da janela abanam, e os campos passam para trás de mim, 

Perguntava-me, Buda, se ali poderia ver-te? 

Viajei a bordo de aviões, por entre as nuvens flutuantes, 

E eu não te consegui ver. 

Buda, será que te podes mostrar? 

Naveguei pelo Oceano Pacífico, Atlântico e Índico, 

Em cima das ondas do oceano, tudo parecia vasto e sem limites, 

Olhei para a esquerda e direita, 

Mas Buda, onde estás tu? 

Oh! Finalmente….

O Sutra do Diamante oferece-me algumas pistas:

Se alguém pensar que eu posso ver visto 

entre as formas,

Ou que eu posso ser procurado entre os sons,

Então essa pessoa está no caminho errado,

E não verá o Tathagata.

Ao que nos parece

Não é suposto procurar-te nas formas,

Nem por entre as ilusões.

Tu és sem forma e sem contorno,

És omnipresente no universo.

Ao que nos parece

Tu já estavas no meu coração.

Quando eu como, tu comes comigo,

Quando eu caminho, tu caminhas ao meu lado;

Até quando estou a dormir.

Todas as manhãs, estou, de facto, a acordar

com o Buda,

Todas as noites, estou, de facto, a adormecer

com o Buda nos meus braços!

Finalmente,

Eu sei onde tu estás.

Tu habitas o coração de todos.

Desde então,

Nunca mais precisei de te procurar,

Porque já te tenho no meu coração.

O Buda é a mente, e a mente é o Buda.

Por isso, ao que nos parece

Uma vez que aperfeiçoemos o nosso carácter,

Criaremos uma conexão contigo.

Ao que nos parece

Pudemos ver o mundo numa única flor,

Podemos ver o Buda numa única folha.

O mundo é apenas uma criação da mente,

Enquanto que o plano do Dharma é apenas 

uma existência despreocupada;

Pelos futuros infinitos,

O Buda estará sempre no meu coração.

Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun