Buda, onde estás tu?
Nestes setenta e cinco anos que vivi como um monge budista,
Procurei-te por todo o sítio, até nas profundezas da terra.
Fui para a Índia em oito ocasiões,
Na tua terra natal, Buda,
Pensei que te pudesse encontrar.
Prostrei-me em frente ao Vajra Sear em Bodhgaya,
Lá em cima no alto, no majestoso Templo Mahabodhi,
Ainda assim, fui incapaz de ver a tua manifestação!
Prostrei-me com frequência no chão do Santuário Principal,
Li com frequência as tuas palavras do Dharma por baixo do pavio erguido.
Buda,
Entre os sons do gongo da manhã e o tambor da tarde,
Será que podes mostrar-te para eu te veja?
Anseio ouvir a tua voz.
Desde a infância até à juventude e depois até ao auge da minha vida,
Tornei-me agora num velho decrépito.
Não te ter encontrado
É algo que me recuso a aceitar!
Por conseguinte, viajei este mundo,
Na esperança de que algures,
Pudesse, por sorte, cruzar caminhos contigo.
Apanhei comboios, caminhos férreos de alta velocidade, e veículos com levitação magnética,
Enquanto as árvores do outro lado da janela abanam, e os campos passam para trás de mim,
Perguntava-me, Buda, se ali poderia ver-te?
Viajei a bordo de aviões, por entre as nuvens flutuantes,
E eu não te consegui ver.
Buda, será que te podes mostrar?
Naveguei pelo Oceano Pacífico, Atlântico e Índico,
Em cima das ondas do oceano, tudo parecia vasto e sem limites,
Olhei para a esquerda e direita,
Mas Buda, onde estás tu?
Oh! Finalmente….
O Sutra do Diamante oferece-me algumas pistas:
Se alguém pensar que eu posso ver visto
entre as formas,
Ou que eu posso ser procurado entre os sons,
Então essa pessoa está no caminho errado,
E não verá o Tathagata.
Ao que nos parece
Não é suposto procurar-te nas formas,
Nem por entre as ilusões.
Tu és sem forma e sem contorno,
És omnipresente no universo.
Ao que nos parece
Tu já estavas no meu coração.
Quando eu como, tu comes comigo,
Quando eu caminho, tu caminhas ao meu lado;
Até quando estou a dormir.
Todas as manhãs, estou, de facto, a acordar
com o Buda,
Todas as noites, estou, de facto, a adormecer
com o Buda nos meus braços!
Finalmente,
Eu sei onde tu estás.
Tu habitas o coração de todos.
Desde então,
Nunca mais precisei de te procurar,
Porque já te tenho no meu coração.
O Buda é a mente, e a mente é o Buda.
Por isso, ao que nos parece
Uma vez que aperfeiçoemos o nosso carácter,
Criaremos uma conexão contigo.
Ao que nos parece
Pudemos ver o mundo numa única flor,
Podemos ver o Buda numa única folha.
O mundo é apenas uma criação da mente,
Enquanto que o plano do Dharma é apenas
uma existência despreocupada;
Pelos futuros infinitos,
O Buda estará sempre no meu coração.
Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun