11 de Maio – O MANTO DA INVISIBILIDADE 

Os britânicos e os americanos usam a metáfora do ninho de cobras para descrever a sociedade. Neste ninho, as cobras lutam entre si para colocar a sua cabeça de fora, empurrando-se umas às outras para ganhar visibilidade e sobrepor-se às demais. Elas lutam para sobreviver, combatendo e competindo constantemente. O ato de esticar a cabeça para fora pode ser comparado às bolhas que surgem no topo das ondas do oceano, num encontro frente a frente com o Sol e o luar glorioso. A vida é curta; e o instante em que navegamos no topo das ondas pode ser equiparado a uma insígnia que simboliza o orgulho que temos em relação aos feitos da nossa vida. Contudo, apesar de alguns apontarem para o topo, também há aqueles que escolhem passar desapercebidos na lama e decidem viver as suas vidas sem furor. As pessoas têm diversos objetivos e ninguém deve ser obrigado a fazer algo que não deseja. 

Eu adoro a obra de Su Dongpo, “Um homem escondido num oceano de pessoas”, e também acho admirável a obra, “afogar-se em terra”, de Zhuangzi. Apesar de ser possível comparar a sociedade a um ninho de cobras, também existem os pássaros que voam no alto, e o lago de peixes nadadores à sua beira. Desde os tempos passados até ao presente, houve sempre quem evitasse o ninho de cobras para se esconder e/ou “afogar-se em terra”. 

Para que possam desaparecer das multidões, semelhantes a berlindes feitos de água que estão depositados no interior do oceano, ou a pequenas flores que estão escondidas dentro de arbustos, e por fim encontrar a paz, a segurança e a descontração. Aqueles que não apontam para o alto não têm de se preocupar com os fracassos, nem têm de lutar pelo poder e eliminação dos outros. Em vez disso, podem ser genuínos e naturais, concentrando-se unicamente nas coisas que querem fazer. 

Os acontecimentos deste mundo são muito mais interessantes que o brilhar da lua e as brisas frescas; podemos ler os acontecimentos como um livro ou observá-los como um espetáculo. Aqueles que ocupam as posições mais baixas e humildes têm a melhor visão do mundo no seu estado mais puro, em vez daquela exibição que é ensaiada e preparada para as multidões. 

Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun