3 de Agosto – CAMINHO DO MEIO

Todos os dharmas que surgem das causas e condições,

Eu digo que são vazios.

Também são nomes provisórios,

E também são o Caminho do Meio.

— retirado de Tratado Sobre o Caminho do Meio

Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun 

2 de Agosto – SEIS PONTOS PARA UMA HARMONIA REVERENTE

Para alcançar uma harmonia física ao viver em comunhão:

Vive de uma forma feliz sem infringir os direitos dos outros.

Para alcançar uma harmonia verbal ao evitar as disputas:

Profere palavras amáveis e carinhosas sem discutir com os outros.

Para alcançar uma harmonia mental ao partilhar a felicidade:

Estende os teus desejos ao partilhar o mesmo caminho espiritual.

Para alcançar uma harmonia moral ao partilhar os mesmos preceitos:

Todos são iguais perante a lei.

Para alcançar uma harmonia das visões ao partilhar o mesmo entendimento:

Estabelecer pontos comuns de compreensão para unificar as diferentes perspetivas.

Para estabelecer a harmonia económica ao partilhar as coisas com equidade:

Ter uma distribuição equilibrada de benefícios.

— retirado de Registo de Ensinamentos Sobre o Budismo Humanista 

Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun 

30 de Junho – CANÇÃO PARA O DESPERTAR DO MUNDO

Poeira vermelha e ondas brancas, vastas e ilimitadas;

A paciência e a gentileza são bons hábitos.

Em todo o lado, seguimos as condições

à medida que os anos e os meses passam;

Passamos o tempo da nossa vida inteira com contentamento.

Não deixes a mente ser ignorante,

Nunca deixes que os defeitos dos outros se saibam.

Sê prudente ao lidar com os outros e não te arrependas;

Trabalha com paciência e sê flexível.

A corda de um arco rígido quebrar-se-á sempre primeiro,

Cada olhar sobre uma espada de aço prevê uma ferida.

A língua agitada chama o desastre,

Um coração maléfico é a causa das transgressões.

Não é necessário discutir se eu e tu estamos certos ou errados,

E que necessidade há para os debates sobre os prós e contras?

Desde há muito que este mundo tem imensos defeitos;

Como pode este corpo ilusório estar isento da impermanência?

Perder ocasionalmente não te fará dano,

Não há mal em ceder um pouco.

Só na Primavera é que os salgueiros são verdes,

Na brisa de Outono, os crisântemos são amarelos.

Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun 

29 de Junho – MEMÓRIAS DE JIANGNAN

Depois de muitos anos,

Outra despedida é algo de relutante.

Enquanto procuramos o antigo mosteiro

neste pagode cercado pela chuva nebulosa,

Fazemos votos majestosos

para experiênciar muitos mais kalpas,

Para testemunhar as nuvens do Dharma

que permeiam os três mil planos.

Ao encontrar-nos novamente em Jinglin,

Uma chuva de flores

enche a barragem do Rio Qinhuai.

Ao dar à costa dispensamos a distinção

entre o eu e o outro,

Mais vale tornar-nos

Iluminados aqui e agora,

E tornar-nos companheiros

que esperam com fervor encontrar-se novamente.

Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun 

28 de Junho – CONSELHO PARA A TEMPERANÇA

A dedicação e a preguiça existem no instante;

A ascensão e a queda de uma família também se determina da mesma maneira.

A concretização de todas as coisas é graças ao zelo,

Quando é que viram um homem ocioso a ter sucesso?

Os dias de juventude são os mais preciosos

Pois é nesta altura que as boas causas para o sucesso são fundadas.

Contudo, muitos se esquecem de estimar estes tempos preciosos da vida.

Não há tempo a perder com os assuntos mundanos!

Levanta-te cedo pela madrugada,

Que os afazeres de casa são bastante penosos.

Olha para aqueles filhos dispendiosos,

Muitos seriam preguiçosos e dorminhocos gananciosos.

Levar a vida com temperança é a coisa mais nobre,

Não atires as tuas riquezas para as ondas!

Tem sempre consciência da falta de recursos de hoje,

Para que não tenhas que ouvir os choros de desespero mais tarde na vida.

Durante anos, lidamos com assuntos e providenciamos para a nossa família,

Devemos ter sempre planos cautelosos para o futuro.

Preparar-te para a pobreza em tempos de prosperidade,

Não esperes até que a pobreza chegue para começar a pensar na temperança.

Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun 

27 de Junho – NOSTALGIA

Quando eu era um rapaz

A nostalgia era um pequeno selo

Eu estava nesta ponta

E a minha mãe na outra

Quando eu cresci

A nostalgia era um bilhete de um barco a vapor

Eu estava nesta ponta

E a minha noiva na outra

Anos mais tarde

A nostalgia era uma sepultura pequena

Eu estava deste lado

E a minha mãe estava do outro

E agora

A nostalgia é um estreito raso

E estou nesta margem

E o continente está na outra

Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun 

26 de Junho – CANÇÃO DOS DEZ MILHARES DE “VAZIOS” 

Vindo do Sul, dirigindo-se para o Norte,

caminhando de Oeste, indo para Leste,

Encarando sempre esta vida transitória

como algo inerentemente vazio.

O Céu é a vacuidade, a terra é a vacuidade,

as nossas vidas, no fundo, são indistintas,

O Sol é a vacuidade, a lua é a vacuidade,

indo e vindo, indo e vindo,

onde está o mérito nisso?

Os campos são a vacuidade, as casas são a vacuidade,

quantos donos é que já tiveram?

A prata é a vacuidade, o ouro é a vacuidade,

será que são nossos depois da morte?

O casamento é a vacuidade, as crianças são a vacuidade,

não encontrando nenhum dos dois

a caminho das Nascentes Amarelas*

O Tripitaka diz que a vacuidade é a forma,

Os textos Prajna dizem que a forma é a vacuidade.

Indo para Oeste na manhã

dirigindo-me para Leste à tarde,

as vidas findam-se como as das abelhas.

Recolhendo centenas de flores,

para a transformação do mel,

no fim, percebendo que os esforços são em vão.

Durante a noite, já perto das doze,

ouvem-se os sons do tambor.

Ao acordar, despercebido,

ao som dos sinos da manhã.

Há que começar de novo – vendo e considerando ponderadamente,

que tudo faz parte de um sonho megalómano.

Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun 

25 de Junho – DEZ RECOMENDAÇÕES ESSENCIAIS PARA AJUDAR OS OUTROS

1. Sê bom para os outros. 

2. Tem um coração gentil e honrado 

3. Ajuda os outros a concretizar os seus objetivos 

4. Encoraja os outros a praticar o bem 

5. Assiste os outros em casos de emergência 

6. Faz aquilo que for melhor para o bem comum 

7. Oferece a tua riqueza para cultivar o mérito 

8. Protege a justiça do Dharma 

9. Respeita os idosos 

10. Valoriza as tuas posses e a vida.

Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun 

24 de Junho – CARTA DE DESPEDIDA PARA A MINHA MÃE

Diz-se que todos os Budas que apareceram neste mundo receberam o seu corpo a partir dos seus pais. Todos os fenómenos que surgem estão dependentes do céu e da terra. Como tal, se não houvesse pais, ninguém nascia, e sem o céu e a terra, ninguém poderia crescer. Todos nós dependemos e sentimos gratidão por aqueles que cuidaram de nós e nos ensinaram coisas; e fomos todos protegidos e apoiados pelas suas virtudes. Todos os seres sencientes e todos os fenómenos são impermanentes, não estando à parte do nascimento e da morte. É difícil retribuir o sustento, o carinho profundo e o facto de termos sido criados com bondade. Mesmo que fossemos capazes de oferecer todo o tipo de objetos mundanos, ainda assim seríamos incapazes de retribuir toda essa bondade. Se uma pessoa alimentasse os seus pais com o seu próprio sangue, será que isso os manteria bem para sempre? O “Clássico da Piedade Filial” diz, “Mesmo que um filho providencie a carne de vaca, de carneiro e de porco, para alimentar os seus pais, ainda assim ele não seria um filho filial.” Os laços fortes conduzem ao renascimento perpétuo.

Não há maneira mais eficaz de retribuir esse amor e bondade que decidir abandonar com virtude e mérito a nossa vida caseira. Ao guiar os nossos pais através do ciclo de nascimento e de morte no rio dos afetos, e ao levá-los para além desse mar amargo das aflições, podemos pagar a nossa dívida que se estende por um milhar de vidas – podemos retribuir a gentileza de um dos nossos pais por dez milhares de kalpas. Entre todos aqueles que habitam os três planos de existência e que nos pagaram com as quatro bondades, nenhum deles ficará sem a sua recompensa. Os sutras dizem, “Quando uma criança deixa a vida caseira, um conjunto de nove parentes entrará no céu.”

Eu, Liangjie, renuncio o meu lugar na vida e faço o voto de não regressar a casa. Eu dedico aos meus sentidos e experiências durante kalpas infinitos para entender instantaneamente o prajna. Eu desejo que vocês, meus pais, consigam entender isto e que fiquem felizes ao deixar-me partir, sem se deixarem prender aos nossos laços. Espero que consigam aprender com o Rei Suddhodana e a Rainha Maya que, em outros tempos e noutros dias, foram ao encontro do Buda. Hoje, agora, despedimo-nos. Isto não significa que vos virei as costas ao não vos sustentar, mas o tempo não espera por ninguém. É por isso que se diz, “Se hoje ninguém está para ser libertado, então quando será?”. Espero que não pensem em mim.

Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun 

14 de Maio – OS DEZ GRANDES VOTOS DA RAINHA SRIMALA 

Meu senhor Buda, deste dia em diante, até que eu alcance bodhi, a intenção de transgredir qualquer preceito que eu tenha aceite não se irá manifestar na minha mente. 

Meu senhor Buda, deste dia em diante, até que eu alcance bodhi, o pensamento de denegrir qualquer venerável ou ancião não se irá manifestar na minha mente. 

Meu senhor Buda, deste dia em diante, até que eu alcance bodhi, os sentimentos de ódio ou de ressentimento direcionados a qualquer ser senciente não se irão manifestar na minha mente. 

Meu senhor Buda, deste dia em diante, até que eu alcance bodhi, o sentimento de ciúme pela felicidade, beleza e fortuna das outras pessoas não se irá manifestar na minha mente. 

Meu senhor Buda, deste dia em diante, até que eu alcance bodhi, darei todas as minhas posses e todo o meu conhecimento àqueles que necessitam, e definitivamente não guardarei em mim nenhum pensamento miserável ou egoísta. 

Meu senhor Buda, deste dia em diante, até que eu alcance bodhi, não acumularei a riqueza para mim e farei uso a mesma para aliviar o sofrimento e a pobreza dos seres sencientes. 

Meu senhor Buda, deste dia em diante, até que eu alcance bodhi, não praticarei os “Os Quatro Meios de Abranger” para o meu próprio benefício e abarcarei todos os seres com uma mente pura, incessante e destemida. Meu senhor Buda, deste dia em diante, até que eu alcance bodhi, farei o meu melhor para ajudar aqueles que estão presos na soli-dão, mágoa, doença, e stress, só descansando a minha mente quando os tiver aliviado no seu sofrimento. Meu senhor Buda, deste dia em diante, até que eu alcance bodhi, não vacilarei em fazer cumprir a justiça e adotarei as medidas mais apropriadas para lidar com os assuntos e de maneira a não causar nenhum mal às pessoas. Meu senhor Buda, deste dia em diante, até que alcance bodhi, faço o voto para receber totalmente o Dharma e praticá-lo sem guardar reservas.