18 de Junho – AS QUATRO CATEGORIAS DE AMIGOS

Existem quatro tipos de amigos que têm de ser conhecidos: os que são como as flores, os que são como as balanças, os que são como as montanhas, e os que são como a terra.

Quais são os amigos que são como as flores? Aqueles que te usam em cima da cabeça quando floresces, e os que te mandam embora quando murchas. Eles aderem aos ricos e abandonam os pobres. São estes os amigos que são como as flores.

Quais são os amigos que são como as balanças? Aqueles que baixam a cabeça quando estão em frente a algo pesado, e os que a levantam quando o peso desaparece. Eles respeitam aqueles que têm peso e tornam-se arrogantes quando esse peso não está presente. São estes os amigos que são como as balanças.

Quais são os amigos que são como as montanhas? Aqueles que são como uma montanha de ouro onde os pássaros e outros animais se reúnem, sendo as suas penas um reflexo da sua glória. A sua altivez traz a glória e a sua riqueza dá alegrias aos demais. São estes os amigos que são como montanhas.

Quais são os amigos que são como a terra? Todas as colheitas e tesouros dependem deles para florescer. Eles nutrem e protegem todos os seres e, como tal, a sua grande gentileza é tremenda. São estes os amigos que são como a terra.

Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun 

17 de Junho – POBREZA E RIQUEZA

Segundo a perspetiva budista, não existe aquilo que se pode chamar, uma pessoa completamente empobrecida:

Pois aqueles que usam o seu tempo livre para ajudar os outros, não serão eles ricos em função do tempo que dispõem?

Para aqueles que são eloquentes e usam as palavras para louvar e encorajar os outros, não serão eles ricos em função da sua linguagem?

Para aqueles que sorriem para os outros e tratam as pessoas com alegria e respeito, não serão eles dotados de uma riqueza interior?

Para aqueles que assistem e servem os outros com a sua força, será que não serão eles ricos função do seu esforço?

A pobreza é a ganância e o descontentamento; aqueles que estão sempre dispostos a ajudar os outros serão sempre ricos de coração.

Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun 

15 de Junho – O DIÁRIO DE ZENG WENGONG (EXCERTO)

Desde o passado até ao nosso momento presente, o tempo passou ininterrupto durante eras. Durante as várias décadas da vida de um ser humano, o tempo passou em meros instantes.

As terras neste planeta estendem-se por milhares de quilómetros, e as suas fronteiras são indetetáveis. Nelas vivem os humanos que dormem, comungam, vagueiam e descansam. Durante o dia, uma pessoa só pode ocupar um quarto de cada vez, e à noite, só uma cama de cada vez.

Os livros do passado e os escritos dos indivíduos contemporâneos são tão numerosos como a água no oceano. Aquilo que conseguimos ler durante as nossas vidas inteiras é equivalente a um único pelo que é contado entre os couros de nove bois.

As coisas podem suceder-se de inúmeras maneiras; ou seja, as pessoas têm opções intermináveis. Contudo, aquilo que o nosso poder e habilidades nos permitem lidar é equivalente à proporção que um grão de areia tem para com o universo inteiro.

Após compreender a eternidade do Céu, e como as nossas experiências de vida podem ser curtas, quando enfrentamos dificuldades e adversidades, a melhor opção a tomar é permanecer paciente e esperar.

Após compreender a vastidão deste planeta, e como o espaço que nós ocupamos é pequeno, quando enfrentamos a concorrência pela fama e o lucro, a melhor opção a tomar é defender a nossa posição ao renunciar.

Após compreender a “inumerabilidade” dos livros, e como o nosso conhecimento pode ser escasso, não nos devemos atrever a regozijar com pequenas conquistas. Em vez disso, devemos escolher o que é o bem e agir em conformidade.

Após compreender os inúmeros assuntos deste mundo, e o pouco que podemos alcançar, não nos devemos atrever a louvar os nossos feitos verdadeiramente insignificantes. Em vez disso, devemos recomendar aqueles que são capazes e trabalhar em conjunto para alcançar o sucesso.

Dessa forma, qualquer egoísmo ou arrogância pode ser gradualmente eliminada.

Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun 

14 de Junho – VERSOS DO SUTRA AVATAMSAKA

Prescinde do ressentimento e da ignorância; contenta-te sempre com a felicidade, a gentileza e a prática da tolerância. 

Cumpre com a bondade, a compaixão, a alegria e a generosidade; chamam a estes os portões puros e adornados do Dharma.

Os pensamentos que persistem na mente são como os ácaros de pó que podem ser contados e reconhecidos; a água dos vastos oceanos pode ser consumida até à exaustão.

Um espaço sem limites pode ser medido e o vento pode ser atado; contudo ninguém consegue descrever minuciosamente as virtudes meritosas dos budas.

Conhece o estado da Iluminação ao purificar a mente para que sejas tal como o Mesmo.

Transcende os pensamentos ilusórios e as miríades de apegos para que a mente, onde quer que esteja, fique liberta de quaisquer impedimentos.

Todos os cinco desejos são impermanentes, tal como as bolhas que estão na água são ilusórias; o mesmo para os sonhos, as miragens, e a sombra da lua que flutua na água.

— retirado de Sutra Avatamsaka 

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13 de Junho – REFINAMENTO (EXCERTO)

Durante a nossa vida, entendemos que a necessidade de resolver as relações que se põem entre as pessoas e os assuntos é sempre prioritária, de seguida vêm as relações interpessoais, e finalmente, as relações entre os outros e o nosso eu interior.

Este processo é semelhante ao treino árduo que um magnífico galo de combate tem de se submeter: numa primeira fase, parece destemido, embora lhe falte ainda a força, tal como um rufia de rua barulhento. Na segunda fase, ainda está tenso e indomável, tal como as palavras críticas e apaixonadas de um jovem. Na terceira fase, apesar de parecer que o seu instinto de competitividade desapareceu completamente, ainda retém a ferocidade nos seus olhos, o que significa que a agressividade e a impulsividade ainda o acompanham. Finalmente, o galo vai parecer enferrujado e estúpido, contudo, as suas excelentes capacidades estão bem escondidas. Só quando um animal destes entra na arena é que a verdadeira invencibilidade pode ser testemunhada. 

Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun 

11 de Junho – BIOGRAFIA DE DONG YU (EXCERTO)

Quando um discípulo se aproximou para que lhe oferecesse conselhos quanto à aprendizagem, eu recusei-me e disse-lhe, “Primeiro deves ler os ensinamentos cem vezes.” E ainda acrescentei “Ao teres lido o livro cem vezes, apreenderás o seu significado.”

“E se eu não tiver o luxo de despender esse tempo?” perguntou o discípulo.

“Usa os três tempos livres,” respondi.

“E quais são esses?”

“Os tempos livres no Inverno, durante as noites e nos dias de chuva.”

Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun 

10 de Junho – SELECÇÃO DE POEMAS DE LU YOU

A CHUVA DE PRIMAVERA LIMPA LINAN

Os sabores dos assuntos mundanos desgastam-se pelos anos 

como uma camada de teia de aranha,

Todavia, quem me terá colocado, de facto, naquele cavalo

que fazia rumo à capital animada?

Ao ouvir o pingar da chuva da Primavera

numa pequena pousada durante a noite,

Quando a manhã chega, as barracas de flores de alperce

começam o seu negócio atrás de vales profundos e silenciosos.

Escrevendo relaxadamente os meus escritos cursivos

em pequenos pedaços de papel inclinados,

Saboreando prazerosamente os chás pela sua

espuma sedosa, em frente às vistas nítidas da janela.

Que não se lamente este traje não adornado

manchado por poeiras mundanas,

Estarei já por perto da minha casa

quando chegar o tempo do Qingming.

Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun 

9 de Junho – COMO PLANEAR PARA A VIDA

Cada um de nós deve ter um plano para a sua vida. Confúcio uma vez disse, “Aos quinze, estava focado em aprender. Aos trinta, estava resoluto. Aos quarenta, não tinha dúvidas. Aos cinquenta, compreendia os decretos do Céu. Aos sessenta, os meus ouvidos tornaram-se num órgão obediente para a receção da verdade. Aos setenta, conseguia seguir os desejos do meu coração, sem transgredir aquilo que era correto.”

Da mesma forma, eu dividi a minha vida em oito fases, cada uma de dez anos, para “crescer, aprender, aprender com diferentes mestres, estudar literatura, estudar história, estudar filosofia, estudar ética, e estudar as doutrinas budistas”. No fundo, tudo na minha vida pode ser remetido para o Dharma, porque é apenas dentro deste “plano do Dharma, onde existe apenas uma única realidade,” onde a vida pode ganhar um significado perfeito e completo.

De facto, não existem planos definitivos para a vida; tudo tem as suas causas e condições. Contudo, há alturas em que não podemos deixar de fazer as nossas próprias escolhas. Os melhores planos para a vida envolvem uma consciência de si mesmo, a autoliberação, e o ato de beneficiar a vida dos outros. Para além disso, os planos mais significativos consistem em purificar as nossas emoções, investir bem o nosso dinheiro e conduzir-nos com virtude. Desta forma, as nossas vidas tornar-se-ão em algo de mais valioso e com substância.

Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun