Embora para esse lago a lua nunca se tenha movido.
Reconhece todas as coisas como sendo assim:
Como um eco que provém
De música, sons e choro,
Embora nesse eco não exista melodia.
Reconhece todas as coisas como sendo assim:
Tal como o mágico faz ilusionismo
Com cavalos, bois, gatos e outras coisas,
Nada é o que aparenta ser.
Samadhi Raja Sutra
Buddha
Nada é o que aparenta ser…no entanto tudo tem qualidades tangíveis. No que aparenta ser uma tremenda contradição está uma das grandes verdades fundamentais do Dharma: a vacuidade (Śūnyatā). Se não for devidamente estudado e não se fizer uma profunda reflexão e permear tudo com meditação, é grande o risco, mesmo para budistas, de cair no niilismo ou no eternalismo.
Os fenómenos não têm existência intrínseca porque não existem por si só. Se assim fosse, todas as coisas seriam eternas e, logo, permanentes, imutáveis. Segundo esta mesma linha de pensamento nada surgiria dos fenómenos permanentes, pois algo que não muda não pode dar origem a alguma coisa, pois isso seria uma mudança. Também não são inexistentes uma vez que se manifestam. Se se manifestam é porque existem. Se nada fossem, nada deles poderia surgir.
Todo o universo está em permanente mudança. Mudança que se manifesta no microcosmos de forma subliminar para os nossos órgãos dos sentidos e no macrocosmos como as mudanças aparentes que podemos percecionar. Continuamente.
Certo dia, nos meus trintas, num episódio fortuito, umas miúdas, certamente universitárias, trataram-me por senhor. Nesse momento percebi que havia uma grande distância entre a idade com que me sentia e a minha verdadeira idade biológica. Percebi que me havia cristalizado na idade em que os ideais surgem e me sentia mais vivo. Desde então uma década, e parte de outra, tinham decorrido sem que o tivesse divisado. Seria impensável que essa mudança, drástica, se tivesse dado naquele momento. Fisicamente, a cada momento que passou, morreram células e nasceram outras, a minha fisionomia foi mudando imperceptivelmente e o espelho lá em casa não serviu para nada, pois não ajudou! Mentalmente, a cada momento, a perspetiva que tinha das coisas, do mundo e de mim mesmo, foi mudando de forma imperceptível. De repente, porque uma jovem me trata por senhor, tudo me cai em cima!
A todos nós esta constatação acontece de alguma forma, mas nem sempre lhe damos a devida atenção e continuamos alegremente a mudar, a caminhar para a velhice e a morte sem nos darmos conta e a afirmar: “eu sou assim, sempre fui assim” firmemente convictos da nossa permanência. Até ao dia em que a realidade nos cai inevitavelmente em cima porque a doença finalmente nos tocou. Nesse momento sentimos que até nós teremos um fim e um sentimento de insatisfação se instala no nosso íntimo.
Tal como o mágico faz ilusionismo…nada é o que aparenta ser…
No século passado a ciência constatou o que o Buda afirmou há mais de 2 500 anos: todos os fenómenos são manifestações momentâneas de causas e condições e estão em permanente mudança pois as causas e condições que os suportam são, também elas, manifestações momentâneas de outras causas e condições, numa intrincada e interminável cadeia de interdependência.
Uma miragem, uma nuvem castelo
Um sonho, uma aparição,
Sem essência, mas com qualidades tangíveis.
As coisas manifestam-se, algumas são tangíveis, mas não tem essência própria, dependem das causas e condições que as suportam.
Os seres sencientes, nós, por exemplo, por muito que nos custe admitir, não passamos de manifestações transitórias totalmente interdependentes de tudo o que nos rodeia. Somos matéria (rūpa) e consciência (vijñāna). Posto de outra forma – ainda assim, resumida -, somos um agregado de 5 Skandhas, forma (rūpa), sensação (Vedanā), discriminação (Samjñā), volição (Samskara) e proliferação mental (Vijñāna).
O Buda Shakyamuni falou muito sobre os cinco Skandhas. Também se referiu a eles como os cinco agregados ou os cinco amontoados. Os Skandhas podem ser abordados, de uma forma muito geral, como os componentes que se combinam para constituir uma individualidade. Tudo o que possamos pensar enquanto ‘Eu’ é uma função dos Skandhas. Dito de outra forma, poderíamos conceber um indivíduo como um processo de Skandhas.
Quando o Buda ensinou as Quatro Nobres Verdades, começou com a primeira verdade, vida é “dukkha.” Esta expressão é frequentemente traduzida como “vida é sofrimento”, ou “desgastante” ou ainda “insatisfatória”. Porém, o Buda também usou o termo para significar “impermanente” e “condicionada”. Estar condicionado é estar dependente de ou afetado por alguma coisa.
As componentes dos Skandhas operam de forma tão coordenada que criam uma sensação de um “eu”. E essa é a génese do que no budismo é designado por Ignorância (Avidyā). A crença num ou a identificação com uma individualidade separada de tudo o resto. Isto é, a crença de que existe um “Eu” independente de tudo o resto. Fundamentados nessa crença pensamos, “Eu sou um e único. Tudo o resto não é eu. É algo diferente de mim.” Desta noção ilusa da realidade surge a visão dualista, pois se existe um “Eu”, existe também “outros”. Até aqui sou “eu”. Daqui para fora são os “outros”. Uma vez feita esta divisão, surgem duas formas de reação: ” Isto é agradável e eu quero!” e “Isto é desagradável e eu não quero!”. A esta reação dá-se o nome de Apego.
Para haver apego são necessários dois fatores: aquele que se apega e o objeto, pessoa ou fenómeno ao qual este se apega. Por outras palavras, “apego” requer auto-referência, e requer percepcionar o objeto de apego como algo separado do observador. O Buda ensinou que vermo-nos e a tudo o resto desta forma é ilusório (ignorância). Pior, é esta ilusão que constitui a causa mais profunda de infelicidade “dukkha”. É precisamente por nos vermos separados de tudo o resto que nos apegamos.
As pessoas em geral têm o preconceito de que para ser ‘budista’ temos de nos livrar de todos os apegos, amigos, família, etc. Enfim, que temos de nos separar dos objetos de apego para enveredar pela via budista. Isso é uma visão errada. Do ponto de vista budista, desapego é precisamente o oposto de separação. Vejamos: vimos atrás que para haver apego são necessárias duas coisas, aquele que se apega e o objeto de apego. No desapego, por outro lado existe unidade porque, na verdade não há nada a que nos apegarmos. Se nos unificámos com o universo como um todo, não existe nada fora de nós. A noção de apego torna-se absurda. Quem se apega a quê?
Por acreditarmos que temos existência intrínseca sob a nossa pele, e que tudo o que está fora dela é tudo o resto, percorremos o interminável ciclo de nascimento e morte (Samsāra) a perseguir uma coisa após a outra para nos sentirmos seguros, ou felizes. E só conseguimos acumular infelicidade e causas de mais infelicidade (karma).
“Contrariamente ao que algumas pessoas pensam, não há nada de errado em desfrutar de prazeres e divertimentos. O que está errado é a forma ilusa com que nos apegamos a esses prazeres, tornando-os numa fonte de sofrimento, dor e insatisfação.”
Lama Yeshe
A contemplação da impermanência de todos os fenómenos é uma excelente forma desenvolver o desapego. O Buda disse que a vida é como observar uma gota de orvalho numa folha. Quando o sol nasce desvanece-se como se nunca lá tivesse estado. Tal é a verdadeira essência de todos os fenómenos. Surgem quando as causas e condições se conjugam, permanecem enquanto as mesmas os suportam e cessam quando deixam de ser suportados por elas.
Se observarmos com atenção plena a forma como tudo se desenrola à nossa volta, incluindo nós mesmos, percebemos que a única permanência no universo é a impermanência de tudo.
Todo o universo é fluído, em constante mudança. Portanto, quando tomamos consciência de que nos apegamos a alguma coisa, devemos contemplar a sua impermanência. Apego-me a quê? Mesmo que não tenhamos presente a visão da vacuidade da nossa existência e nos vejamos como alguém, independente de tudo o resto – a tal visão dualista do “eu” e “tudo o resto” – podemos começar por contemplar que nada é permanente e que, mais cedo ou mais tarde, cessará. Então, contemplemos porque nos apegamos. Apegamo-nos porque algo ou alguém ou uma sensação nos é agradável e nos faz sentir bem, certo? E queremos repetir indeterminadamente essa experiência agradável porque nos faz sentir felizes. Reparemos, então, que até essa sensação de felicidade é efémera. Porque é desagradável perdê-la sentimos receio e queremos repetir novamente, e outra vez e ainda outra, perpetuando a nossa infelicidade. Não é de loucos? Basta parar e observar com atenção plena. Se nos habituarmos a fazer este exercício, a nossa visão do mundo e de nós mesmos vai subtilmente mudando, vamo-nos libertando das correntes da escravidão do apego e apreciando os eventos no momento, aqui e agora, enquanto permanecem, deixando-os ir quando se desvanecem e se tornam uma simples memória.
Mas, e relativamente ao que nos é desagradável? O apego manifesta-se na dualidade. Apegamo-nos ao que nos desagrada da mesma forma como nos apegamos ao que nos dá prazer. Quando temos uma experiência que nos causa desagrado ou sofrimento, tudo fazemos para não a repetir. Naturalmente, o resultado é o oposto, perpetuando o nosso sofrimento. A angústia de tanto não querer algo é sofrimento puro, tanto quanto o de querer. De facto, quando falamos de apego devemos abordá-lo na sua integridade. Já vimos que do apego surgem dois tipos de reação: atração e repulsa. Isto é apego.
Tal como o que nos dá prazer é efémero, também o que nos traz insatisfação o é. Logo, da mesma forma, devemos contemplar a sua impermanência e deixar que os eventos fluam até se dissiparem.
Não significa que nos devemos simplesmente colocar no papel de observador. Os acontecimentos têm frequentemente repercussões nas nossas vidas e devemos aprender com eles, mas não devemos deixar-nos arrastar por eles e viver no passado ou projetá-los num hipotético futuro. Até porque a própria existência, como tudo o resto, é impermanente. O futuro é apenas uma projeção mental, não existe e não sabemos como se manifestará ou se virá a acontecer. Só temos um ciclo de respiração. Quando expiramos não existem certezas de que voltamos a inspirar. É quão precária e impermanente a vida é!
Como devemos reagir a esta verdade? Bom, temos duas possibilidades: ou a abordamos de forma fatalista e niilista, entendendo que o futuro não existe, para quê viver ou, por outro lado, podemos agarrar o momento e vivê-lo com consciência plena da sua impermanência e perceber porque se desvanece, quando isso sucede.
Consciência da impermanência e apreço pelo nosso potencial humano dá-nos uma noção de emergência de que devemos usar cada precioso momento.
Dalai Lama
Todos os momentos são únicos e preciosos. Nada dura, nada se repete, tudo e fluido. Deixemo-nos fluir com o universo.
Prazer e dor são faces da mesma moeda. Não existem um sem o outro. Abraçar um e repudiar outro é dualismo. Ao abraçar ambos, perceberemos, finalmente, que nem um nem outro existem na realidade. São, como tudo o resto, manifestações temporárias e interdependentes.
O desapego conduz ao abandono dos oito dharmas mundanos:
O prazer e a dor,
O sucesso e o insucesso;
A riqueza e a pobreza
A fama e a infâmia.
Abordaremos este tema no próximo artigo.
Ngawang Ananda
Por estes méritos possa eu atingir a omnisciência
E vencer os três venenos
Possam todos os seres presos pelas ondas do nascimento, velhice, doença e morte
还有我们的金毅督导、庄演彩督导、
Caros supervisores da associação Sr. Jin Yi e Sra. Zhuang Yin Cai
还有吴国华会长、
Caro Presidente da Associação Sr. Wu Guo Hua,
我们在座的所有的教授、各位老师、各位同学、
A todos os doutores, professores e alunos aqui presentes hoje
各位佛光员大家晚安、吉祥。
A todos os membros da BLIA International, um bem-haja a todos.
非常高兴今天又再一次的来到贵校跟大家结这个法缘。
Estou muito feliz por poder estar hoje aqui convosco mais uma vez na universidade para falar de budismo.
金毅督导跟我说应该是第三次来到这里。
Como o Sr. Jin Yin me disse, já é a terceira vez que venho cá.
我发觉葡萄牙语系的这些朋友们很喜欢佛教。
Apercebi-me que há muitas pessoas cá em Portugal que gostam muito do Budismo.
我今天要跟大家讲解的就是从佛教的波若心经里头来谈人间佛教的实践。
Hoje o meu tema da conferência vai ser a sabedoria do Sutra do Coração na prática do budismo humanista.
要跟大家说明的就是, 佛教它已经是两千六百年,已经是一个宗教,是佛教是没有错。
O que vos quero transmitir é o facto que há mais de dois mil e seiscentos anos que temos o Budismo como uma religião.
如果把佛教呢说是彻底的人生哲学,生命的哲学,那应该是更正确一点。
No entanto, no meu ponto de vista é mais correto chamar ao Budismo uma filosofia, uma filosofia da vida humana, da vida.
为什么说佛教是生命的哲学呢?
Porque é que eu digo que o Budismo é uma filosofia de vida?
因为释迦摩尼佛本来是悉達多太子。他是一位太子,可以登基做国王的。
Porque o Buda Sakyamuni era o príncipe Sidarta. Tinha o direito a subir ao trono.
但是他看见到这个世界上,很多的痛苦不是用权益可以彻底解决的。
Mas ele percebeu quando viu o mundo que o sofrimento não era resolvível através de nenhum tipo de poder.
很多的痛苦,就是哪怕是当今这时代,教育这么进步,科学这么进步,高科技这么进步,人类还是很多的痛苦。
Ainda hoje na nossa sociedade altamente desenvolvida a nível do ensino, da ciência, da tecnologia, ainda hoje como então, o sofrimento está presente na vida das pessoas.
所以释迦摩尼佛他不愿意做国王,享受荣华富贵是因为他要出家去寻求,追求一个能够解决人类痛苦的真谛。
Por isso quando o Buda resolveu abandonar o palácio real e todas as suas riquezas e conforto, foi justamente para tentar perceber como de acabar com esse sofrimento da humanidade.
他出家以后,证得真理的过程,也是思考人类生命的过程而发现真谛的。
Depois de ele entrar na senda monástica, no caminho da Verdade, foi através da análise do funcionamento da vida humana que conseguiu atingir a completa compreensão da verdade.
他证悟以后呢,曾经有一次跟他的弟子们,学生们说,“我记得我即将证悟宇宙证明的时候,我这样子在想,人为什么会有老啊,病啊,死等等痛苦?’’
Depois do Buda Sakyamuni atingir a iluminação, houve um dia nas conversas com os seus discípulos em que ele lhes contou que no momento anterior à sua iluminação sobre a verdade do universo, ele se questionou porque é que as pessoas envelheciam? Porque adoeciam? Porque morriam? E todos esses sofrimentos.
为什么会有悲伤啊,担心啊,忧愁啊,寡爱啊,害怕呀等等的痛苦呢?
Qual era a razão da existência da dor, da preocupação, da tristeza, do medo e outros sofrimentos?
他这样在想,想这个问题,他原来是,他发现了原来人就是由出生来到世间才会有老啊,病啊,死啊。
Então ele “realized” ele “apercebeu-se” que o motivo da existência da velhice, doença e morte da vida das pessoas é justamente por haver nascimento e por assim virmos ter a este mundo.
因为我想呢,我们每一个人,要出生来到世间呢,大概就知道世间呢有很多苦,包括我们呢奋斗,为自己的事业或者感情,财富等等,会有很多的艰难困苦。
Eu penso que, cada pessoa, que nasce neste mundo, sabe perfeitamente de que sofrimento falamos, incluindo a luta, a competitividade profissional, a questão amorosa, o dinheiro, tudo isso inclui muitos sofrimentos.
所以小孩子一出生出来就哇,就没有说哈哈,小孩子没有哈哈出来的。
Por isso também quando uma criança vem ao mundo, faz uéeeee, uéeee (barulho de choro).Nenhuma faz hahahaha (barulho de riso).
那么呢,人生呢一出生,不管有没有苦,他必然要走向死亡,这个大家也会明白吧。
Então, a vida, assim que nascemos, não interessa se é logo em sofrimento ou não, mas todos caminhamos inevitavelmente em direção à morte. Isso creio que todos vocês sabem não é?
在美国,普通的公路都很宽。
Nos Estados Unidos de América, as estradas comuns são muito largas.
有一位,老太婆要走过斑马线。一个年轻人看到老太婆要经过斑马线,车子就停下来,有礼貌的要让她先走过去。
Houve uma vez, uma senhora de idade que queria passar a rua na passadeira. Um rapaz que conduzia viu que ela queria passar então parou o carro, com educação, para a senhora passar.
老太婆呢,走路,一步,一步慢慢走,走得很慢。
A senhora como já era de idade, passou a passadeira muito devagarinho, passinho a passinho.
年轻人呢,不耐烦,打开窗户跟老太太说,“老太太请你走快一点好吗’’
Então nesse momento, o jovem com a sua impaciência natural dos jovens, abriu a janela do carro e disse:
– A senhora desculpe, não se importa de caminhar um bocadinho mais rápido?
老太太呢,没有走斑马线,走到他的车子窗户边,跟他说,“年轻人,依我们家乡的长辈说,’人一出生开始就要走向死亡’。年轻的朋友,你走那么快做什么?’’
Então a senhora, em vez de atravessar a rua, dirigiu-se perto da sua janela e disse:
– Os meus avós já me tinham dito isso: porque é que os jovens têm de estar sempre com tanta pressa? Quando nós, à nossa frente, só temos a morte à nossa espera? Qual é a pressa?
所以,人生呢,是有很多苦。不过呢,你 have a car, driving license, 什么忘记拿,你就紧张起来了。
Por exemplo, na nossa vida temos inúmeras preocupações. Temos um carro, vamos a guiar e esquecemo-nos da carta de condução em casa, começamos logo a ficar nervosos pelo esquecimento.
你如果坐地下铁,坐火车,那个手机忘在车子,跑下来,你一摸摸口袋紧张的要冲上去,车子快要开了,你着急不着急呀?
Quando vamos de metro ou comboio, e nos esquecemos do telemóvel dentro do comboio, quando levamos a mão ao bolso para pegar no telemóvel, e o comboio começa a ir embora, não nos deixa logo muito ansiosos?
坐飞机,跟人家约十一点要开会,飞机 delay 一个半小时,你在那里蹬脚也没有用。
Se estivermos no avião, e combinámos ter uma reunião às 11 horas, o avião atrasa-se meia hora, estamos no avião a bater o pé de ansiedade sem poder fazer nada.
所以, 就是人由生到世间,什么样的苦都有。
As pessoas ao virem para este mundo passam por todo o tipo de sofrimentos.
这释迦摩尼佛呢,他想,人为什么会出生到世间来呢?
Então o Buda pensou:
– Mas porque é que as pessoas nascem, porque é que as pessoas vêm para este mundo?
哦,他明白了,他了解了。原来我们每个人有记忆体,我们这个记忆体是一种 energy、能量的状态。
E então o Buda:
– Ah! Compreendi! É porque todos nós trazemos connosco uma memória, uma memória que é um tipo de “energy”, de energia.
释迦摩尼佛,他说:我们的memory,我们的memory呢,记忆体呀,是存在,但是看不见。
所以释迦摩尼佛把真相说成有 existing、存在的意思。
Então o Buda percebeu que esse nosso armazenamento de memória, ela existe mas não se vê. E então o Buda chamou a essa real essência dos fenómenos de “existência”, ou o “devir”.
我们这个记忆体呢,它像这个录影机,录影机呢从头到尾全部录下来。
A nossa memória funciona como uma câmara de filmar, que vai filmado tudo desde o início até ao fim das nossas vidas.
把所有的人, 整个场面都录下来。
Vai filmar para cada pessoa, todas as cenas da sua vida.
尤其是宿卫数位的, digital 的。那么大的场面,世界杯足球比赛,把那个录影像下来,缩起来,能压的压缩,好像 compression, 压缩一点。
E é uma câmara “digital”. Faz uma compressão de todas as cenas que vai filmando, por exemplo imaginem a taça do mundo, vai filmar todos os jogos e depois vai resumir, vai fazer uma compressão.
就是把物质的质量的转换成能量的。
Vai transformar a matéria constituinte de todas as coisas em energia.
The material becomes energy.
这个质量的变成能量的,然后发射到人造卫星,人造卫星呢再发射下来。全世界有几亿人在看世界杯足球比赛。
“The material becomes energy”. Esta matéria transforma-se em energia, depois è emitido até aos satélites, os satélites da informação mais uma vez enviam a informação para cá. Tal como quando biliões de pessoas estão a ver a Taça do mundo de futebol.
这就是质量转化成能量,能量又转化成质量。
Isto é o processo da transformação da matéria em energia, e da energia, por sua vez, a transformar-se em matéria.
一百年前伟大的科学家爱因斯坦,爱因斯坦他说,“能量跟质量是一样的。质量可以变能量,能量也可以再变回质量’’。
Há cem anos atrás já o conhecido cientista famoso Einstein, dizia exatamente a mesma coisa: que a energia é matéria e que essa matéria se pode igualmente transformar em energia.
在座可能也有专门在设计的,设计呢,在纸上画图,深入在电脑画图。这个画完图,拍照片,然后传给这个 construction 这个邮件厂商,他们再也印出来,又成为图案了。所以质量,能量,质量就 是这样变化。
É como vocês que estão hoje aqui presentes, podem estar a desenhar, a fazer um desenho numa folha papel, ou no computador. Quando acabam de desenhar, tiram uma fotografia, esta “construction”depois de enviada pelo email, depois é impressa, e formou uma imagem. Assim funciona a matéria, a energia e a sua transformação.
由于这样子,所以呢,小孩子生下来他的肉体的部分, the body, the physical, 这个部分是爸爸妈妈基因DNA,胚胎干细胞给小孩的,所以长相跟爸爸妈妈会很像。
Quando nasce uma criança, um bebe, nós sabemos que o seu corpo físico, o seu “physical body”, é formado pelos seus pais, tem os genes, tem o ADN dos seus pais, por isso é que quando nasce, é parecido com os pais.
可是,小孩子姐妹呀,兄弟呀,个性不一样,这是因为他的个性是他前辈子记忆起传承下来的。
No entanto, sabemos que os irmãos, filhos dos mesmos pais, verificamos que todos eles têm um caráter diferente, tem uma forma de ser completamente diferente, e isso explica-se justamente por essa tal memória que trazem das suas vidas passadas.
那么释迦摩尼佛,在想那为什么会有记忆体呢?
Então o Buda perguntou-se:
– Mas porque é que nós temos esta memória?
就是,他就思考以后,就是因为我们有行为,我们有动作,我们有身体的行为,语言的行为,心里的念头的行为。
E então ele percebeu, depois de muito analisar:
– Isso é porque nós temos atitudes, comportamentos. Temos ações físicas, temos acções de palavra e temos acções de pensamentos.
这些行为呢,都是在追求物质方面的,金钱方面的,比较多,因为基本上是要维持我们有生活生存的基本条件,物质生活。
Esses nossos comportamentos são na sua grande maioria virados para tudo que tem a ver com o material, com o financeiro, porque esses elementos permitem a nossa existência, a nossa sobrevivência.
所以我们为今天的事业,不管是教书做工,做生意,总是呢每天都不断的惊醒做事的这个行为一直在发展。
Por isso não interessa de que área nós somos, sejam professores, empregados, homens de negócios, as nossas atitudes, as nossas escolhas, estão sempre a desenvolver qualquer coisa.
除了物质生活的追求之外,还会对人生观,对哲学,对思想会在追求。
Para além da nossa busca pelas coisas materiais, também há a nossa visão da vida, a busca pelo conhecimento, pelo pensamento.
所以这就有不同的宗教,不同的信仰,不同的政治思想,不同的政治的主义。
Por isso surgem todo o tipo de religiões, de filosofias, de ideias políticas e de governação.
这些不管是对人有利益的,对人有伤害的,所有的行为通通变成我们的记忆体,成为从质量变成能量储存下来。
Todos esses nossos comportamentos, não interessa se são bons para toda a gente ou se vão prejudicar alguém, todos eles se transformam na nossa memória. Mais uma vez é a matéria a transformar-se na nossa memória.
这个记忆体,memory, 事实上就是我们的科学实验室。我们的心意室心意识呢,它可以accumulate 可以储存所有我们的行为,把它储存下来。
Esta memória “memory” de que eu falo, na verdade é o nosso laboratório, A nossa consciência pode “accumulate”acumular todas as nossas atitudes e gravá-las.
为什么会有这些善的行为,恶的行为,道德的行为,不道德的行为呢?
Porque é que existem comportamentos que são positivos e negativos? Porque é que existem comportamentos que são morais e outros imorais?
因为我们有爱,这个爱呢, 可以说是一种 desire ,我们有一种潜爱情爱。
Porque nós temos o apego do “amor”, este amor é o que chamamos em budismo de desejo, é o “desire”.
爱呢,当然有亲近的爱,也有杂烂的爱。
Há vários tipos de amor, há o amor da família, e há o apego pelas coisas.
像爸爸妈妈爱儿子,爱女儿。这当然是一种爱。
Por exemplo, o amor entre pais e filhos. Isto é um tipo de amor, claro.
但是呢,有些人爱狗爱猫比爱爸爸妈妈更爱。
Mas há algumas pessoas que gostam mais do seu cão ou do seu gato do que dos pais.
女儿常常买好吃的东西给小狗狗吃。
Por exemplo, quando a filha vai comprar comida para o seu cão.
妈妈就说, “哎,你常常买好东西给狗狗吃,都不买一些好东西给妈妈吃。’’
E a mãe pergunta:
– Então foste comprar coisas para o cão comer, e não compras coisas para a mãe?
女儿说,“妈妈,小狗狗不会去 “Seven Eleven’’
– Mãe, diz a filha, é que o cãozinho não sabe ir ao “Seven Eleven” (que é uma loja de conveniência muito comum na China).
哦,狗生病了,她就会很伤心,很难过,爸爸妈妈生病了她也不伤心也不难过,你看。
Diz a mãe, Quando o cão fica doente, ela fica muito magoada e triste, quando eu ou o pai ficamos doentes, nem se preocupa, já viram?
回来小狗狗死了,她也哭得天昏地暗呐,哭的死去活来啊,“请师父诵经超度吧!’’
Um dia, quando o cãozinho morreu, chorava desesperadamente, mais morta que viva: pediu ao mestre para fazer a recitação dos sutras pela sua alma.
哭了好几天还在哭啊。
Chorou durante uma data de dias e continuava a chorar.
妈妈说,“哎,以后我死了,你会不会像这样哭啊?’’
E então a mãe perguntou:
– Quando eu morrer, também vais chorar assim?
女儿说,“你财产早点登记给我,我会考虑的。’’
A filha respondeu:
– Primeiro faz o testamento e dá-me para ver, vou pensar nisso!
这个爱呀,这个爱呢, 它会喜欢的东西会 attach,attach 会粘住。
Este tipo de desejo cria um apego, um “attach”, ao qual ficamos presos.
有一对老夫妻,去美术馆去参观图像展览。
Houve um casal que foi a um museu de arte para apreciar uma exposição de pinturas.
在欧洲,比较开放呀,那个人像呢,有的几乎都没有穿衣服。
Como na Europa as coisas são mais abertas, num dos quadros as figuras estavam praticamente nuas.
有一张,这个女人的像,只有身体的下面呢, 挂了一片树叶子。
Por exemplo, havia um quadro duma rapariga que estava desnuda, e só na parte de baixo tinha uma pequena folhinha a tapar.
这个老先生呢,老先生就只看从头看到脚,从脚看到头都不移动的。
E então o marido estava a olhar para a figura, de cima a baixo, dos pés para a cabeça e continuava a olhar sem parar.
老太太生气了, “你要看到什么时候?”
A mulher chateou-se e disse:
– Até quando é que vais ficar a olhar?
“你是不是要看到秋天来了,秋风把树叶吹掉,你才甘愿走吗?”
Estás à espera que chegue ao Outono e que o vento sopre a folha, para tu te decidires a ir embora, é?
所以爱,这个情爱是一种desire,是欲望。欲望呢,深潜就延缀到要得到。
Por isso, este tipo de apego é um “desire”, é desejo, esta ambição de querer obter algo.
那么因此呢,我们每天看到什么,听到什么,嗅到什么,尝到什么合心意的欢喜,和喜欢,就很想要,很想得到。
Por isso nós ,todos os dias , quando vemos coisas que gostamos, ouvimos sons que nos agradam, sentimos cheiros que gostamos de cheirar, experimentamos coisas que gostamos de fazer, queremos logo obter essas coisas.
当那个你得不到的时候,心里就有一点紧张,有一点的害怕,怕得不到。
Todos estes nossos desejos, quando nós não conseguimos obtê-los, é motivo de frustração para nós, ficamos nervoso, com medo de não os termos.
你们买股票,如果股票跌了,心里会不会很难过呀?
Vocês se têm ações na bolsa, quando caiem as ações, não ficam nervosos?
看到哪个股票升的很高,涨停板,你没有买到,是不是也很难过?
Ou então se não tem ações daquela empresa cujas acções subiram de repente, não ficam descontentes e chateados?
你很贵重,保存很久的东西,如果一旦丢掉,是不是会很难过呀?
Ou se por exemplo vocês tiverem algo que guardam há anos, uma coisa que tem muito valor para vós , muita estima para vocês, e ficarem sem essa coisa, não vão ficar muitos tristes?
大家想一想,爱是很好的事情,可是很多痛苦都是因为爱而引发的。
Vocês oiçam com atenção! O amor é uma coisa muito boa, mas muitos problemas que temos nas nossas vidas são justamente originados por esse sentimento de amor- desejo.
因为这个爱,所以呢会有应许情绪上的不平稳。
Este desejo de ter, gera emoções que fazem com que nós fiquemos instáveis a nível emocional.
有一对夫妻,本来感情很好。
Havia um casal que se dava muito bem,
本来感情很好
davam-se mesmo muito bem
突然太太要跟丈夫离婚,太太要跟丈夫离婚。
E então houve um dia em que a esposa resolveu divorciar-se do marido.
为什么?
Porquê?
因为丈夫买了一部新车,很爱那部车子。
Porque o marido tinha comprado um carro novo que ele gostava muito, muito, muito.
太太有一次开着这个新车出去,跟人家碰撞,擦坏一道痕,回来被丈夫骂得半死。
E então houve um dia em que a esposa resolveu sair com o carro do marido, e bateu contra um outro carro, estragou-lhe o seu tesouro, fez uma mossa no carro. Quando voltou a casa, o marido ralhou com ela até ela não aguentar mais.
所以太太说, “你爱车子比爱我更爱,所以我要跟你离婚。”
E então a esposa disse-lhe:
– Tu gostas mais do teu carro do que de mim! Quero-me divorciar de ti!
那么因此呢,我们呢,人类有爱是为得到幸福的,但是呢,人类有爱常常会因为这样,悲伤痛苦难过。
Por isso, esse nosso sentimento de desejo de alcançar a felicidade também nos traz muitas amarguras.
释迦摩尼佛在想,为什么会有爱呢?
Então o Buda também se questionou:
– Mas porque é que nós temos este sentimento de desejo?
哦,因为我们有感受,我们有feeling , 有感受。
Ah, já sei, é porque nós temos sensações, “feelings”.
我们眼睛看到,耳朵听到,鼻子嗅到,舌头尝到,啊,身体接触到,和心意的那种感觉,那就叫做喜欢的感受,快乐的感受。
Porque quando nós vemos algo que é agradável aos olhos, algo a cheirar que é agradável, algo que é agradável à nossa língua por exemplo uma comida boa, ou uma ideia que nos agrada, então nós temos algo que nos faz sentir bem, faz-nos sentir felizes.
看到老朋友,像我看到庄老先生在鼓掌,我很欢喜,这就是喜受乐受。
Como eu por exemplo, eu agora estou todo contente porque tenho aqui o velho ancião o Sr. Zhuang, uma pessoa que eu conheço há muito tempo, a bater palmas para mim.
如果你当跟一个好朋友谈的有说有笑,转身过来看到一个你最讨厌的人来,你怎么谂,你来做什么?
Imaginem que vocês estão a falar daqui deste lado com o vosso melhor amigo, muito contentes, a fazer piadas e a sorrir. Depois viram-se para a esquerda e:
– Ei! veem a pessoa que mais detestam e perguntam: o que fazes aqui?
是这个感受,一下的感受很快乐,一下的感受就变脸了,就很生气
Por isso os nossos sentimentos também podem ir de um estado em que estamos muito contentes, muito satisfeitos para um estado de desaprovação total.
为什么会有感受呢?就是因为我们有视觉神经,听觉神经,嗅觉神经,味觉神经,触觉神经。我们有这么多的这些senses ,很多senses 接触到外界才会有这个 feeling感受。
Porque é que nós temos emoções? Porque nós temos várias consciências. Temos as chamadas “seis consciências”: a consciência visual, a consciência olfativa, a consciência auditiva, a consciência gustativa da língua, a do tato. Tantas sensações “senses” diferentes, que podemos experienciar no mundo exterior.
释迦摩尼在想,为什么会有这么多的senses,他在想,哦,因为有妈妈怀孕给我们这个肉球,给我们这个身体,能成长出眼睛,耳朵,鼻子,舌头。
E então o Buda pensou mais uma vez, porque é que nós temos estes sentidos? Ah, porque nós somos formados fisicamente dentro do corpo das nossas mães, onde recebemos um corpo físico, com os olhos, nariz, ouvidos, boca, pele.
可是妈妈肚子的这个肉球,这个胎儿,他只有脑神经细胞,感觉神经细胞,他要有 consciousness 才可以是真正有心意的生命体呀,所以呢,就妈妈的这个肉体,前面就是我们的这个 consciousness 我们的心意识投入妈妈的肚子里。
No entanto, para haver a formação desse corpo físico dentro do corpo da mãe, o que a gente chama o embrião. Esse embrião para viver não lhe basta essa formação física, não lhe basta os nervos dos órgãos dos sentidos. Ele tem de ter já uma consciência, essa é a tal consciência que nós já trazemos connosco e que entra para dentro do corpo da mãe, para o ventre das nossas mães.
那么投入妈妈的那个 consciousness,那个意识呢, 就是我们的前生前世, our previous life,这个所有的行为的痕迹,所有记忆体。
Esta “consciousness” que nós introduzimos dentro do corpo das nossas mães, esta consciência, não é nada mais nada menos do que a consciência das nossas vidas passadas, todas as marcas das nossas atitudes, gravadas na nossa memória.
我们身体的行为,语言的行为,心意的行为,这些呢,留下来的痕迹,记忆体就是我们今生进入妈妈的新意识。
Tudo aquilo que nós pensámos, dizemos, sentimos, as marcas que ficam disso, juntam-se dentro do corpo da mãe com a parte a física e formam parte da nossa consciência atual.
因为这个conciousness是前辈子我们行为痕迹 accumulate, 积聚下来的,所以它的 quality,它的内容会影响小孩长得漂亮不漂亮。
Porque esta consciência, ou seja toda a acumulação de pensamentos, atos, ideias que vêm de outras vidas, tudo reunido, a sua “quality” qualidade, vão decidir o nosso aspeto físico, se o bebé é bonito, se não é bonito.
如果生下来的小孩子,他前生前世很爱护别人,很爱护动物,保护动物,所以他今生的身体就比较健康。
Esse bebé, quando nasce, se ele noutras vidas passadas, foi uma pessoa amiga dos outros, que por exemplo protegia os animais, cuidava dos outros, então ele vai nascer com uma saúde muito forte.
他前辈子很喜欢去帮助别人,去做volunteering,或者去当义工,所以呢,人人看到都喜欢他,因此他的consciousness里面的质量很好,这个小孩生下来就很可爱,很有人缘。
Ou seja, se essa criança nas suas vidas passadas foi uma pessoa que se preocupou em ajudar aos outros, fez muito “volunteering”, voluntariado, a forma como os outros ficavam felizes na sua presença, vai definir que a qualidade dessa consciência é alta, e vai definir se quando nasce é um bebé muito querido, se não é, se é muito fofinho, se é popular.
所以我们长得健康漂亮要感谢爸爸妈妈。
Por isso se nós nascemos com um ar bonito e saudável, temos que agradecer aos nossos pais.
长得不健康不漂亮要怪自己,前辈子没有好好做人。
Se tivermos um aspecto feio e doente, temos de culpar a nós próprios, porque significa que nas nossas vidas passadas fizemos coisas menos positivas.
这个世界是公平的。
O mundo é justo.
不能怪上帝,不能怪父母,
Não culpem a Deus, não culpem os vossos pais.
因为我们都是每生每世的记忆体,memory。
Por que nós somos o resultado da acumulação das memórias das nossas várias vidas.
简单地说我们的命运是我们自己创造的。
Dito de forma simples, o nosso destino, somos nós que o fazemos.
释迦摩尼在想,我们为什么每天要做那么多行为,那么多事情,讲那么多话?
O Buda depois pensou:
– Então porque é que temos de todos os dias de ter tantas atitudes? de fazer tantas coisas? de falar tantas coisas?
因为我们思想上跟现实的世界不一样。
Porque aquilo que nós pensamos e sentimos não é a verdadeira realidade.
我们呢,知道,人有生,就有老,病,死,可是我们常常就想:最好不要老,最好不要死。
Nós todos sabemos que o processo natural da vida é nascer, envelhecer ,adoecer e depois morrer. Mas todos nós queremos evitar ao máximo envelhecer, evitar ao máximo morrer.
有些人,不愿意写遗嘱,不愿意交代说财产要交代给谁,他有留下来的房子,土地,遗纳财产要交给谁,他以为他不会死。
Há algumas pessoas que até se negam a escrever o seu próprio testamento, não querem pensar a quem deixar os seus bens, as casas, as terras, porque têm querença profunda que não vai morrer.
事实上我们都知道会死,可是潜意识希望不要老,希望永远健康,希望永远不死,潜意识是这样想
Na verdade, todos nós sabemos que não podemos viver eternamente. No entanto, no nosso inconsciente desejamos nunca envelhecer, sermos sempre saudáveis, e nunca morrer.
有些人呢,他收藏很多古董,或是很多名画,他都不出来给人家欣赏,都留给自己,他以为他不死,他永远可以拥有这些。
Por exemplo, há pessoas que compram muitas antiguidades, ou compram muitas pinturas famosas e guardam tudo só para si e para mais ninguém, não acreditam que um dia, vão morrer, e acreditam que para sempre terão aquelas coisas.
我们现在大家都有很高的知识,很高的学问,大概呢,这些世间呢,变化,都很明白,很清楚。
Neste momento, todos nós já estamos num nível de compreensão superior, de conhecimento elevado, já percebemos qual é o funcionamento verdadeiro dos fenómenos do mundo.
但是潜意识,那个潜意识,深深的一种想法,希望财产永远是他的想法,希望不死,希望我的东西不会变化,都有潜意识有这些想法,这个是 ignorance,就污蔑,不正确的想法。
Mas o nosso inconsciente diz-nos o contrário, lá bem bem no fundo, ele deseja que os nossos bens sejam nossos para sempre, deseja nunca morrer, deseja que não haja mudanças, estes pensamentos do inconsciente, esta “ignorance” ignorância, polui o nosso pensamento, é um pensamento incorrecto.
所以,就这样子,想法的偏差,所以就不断的一直追求,一直追求,不管是正确还是黯然的总是盲目的一直追求,一直追求。这样子,已经构成我们投胎转世的原料。
E assim,desta forma, com este desvio ao nível do conhecimento, continuamos sem parar a procurar, a procurar, sendo coisas boas ou más, sempre a perseguir de forma cega, e desta forma criamos o material para a nossa próxima reencarnação.
释迦摩尼佛就是在这样思考生命的过程的时候,发现世间一切,都是呢因果关系,有不同的关系,条件,过程造成不同的结果。
O Buda Sakyamuni estava então a analisar desta forma o funcionamento da vida, apercebeu-se de que todos os fenómenos tinham uma relação causal. Ou seja que causas e condições diferentes combinadas entre si, geram resultados diferentes.
有什么材料这样子组合后,变成什么样的机器,或是变成一个什么样的一个东西。
É como diferentes materiais que combinados entre si permitem montar uma máquina, e que combinados de outra maneira dão origem a outra coisa diferente.
由面粉,经过你的喜欢,你需要用水,需要用烤箱,或是需要用蒸笼,把它呢,做成不同的面食,面包,包子,等等。
Assim como farinha, depois de amassada com água, vai para o forno, ou para as panelas de vapor, para nós fazermos bolos, para nós fazermos de todo o tipo de pão e de massas.
释迦摩尼佛是从这样子的反方向的去想:人为什么有老死?因为有生。为什么有生?因为有记忆。为什么记忆体? 因为有追取行为。
E então foi este a linha de pensamento do Buda enquanto tentava perceber a forma de funcionar das nossas vidas. Porque é que existe a morte? Existe a morte porque existe a vida. Então porque é que existe a vida? Porque existe essa memória trazida de trás. E porque é que existe essa memória? Porque existiram apegos que levaram a acções.
所以为什么有一杯咖啡可以喝?因为有咖啡粉。
Por exemplo, porque é que nós temos um copo de café para beber? Porque nós temos o pó de café para o fazer.
为什么有咖啡粉?因为有咖啡豆。
Porque é que temos o pó de café? Porque temos o grão de café.
为什么有咖啡豆? 因为有咖啡树。
Porque é que existe o grão de café? Porque existe uma árvore de café donde vêm esse grãos.
为什么有咖啡树?因为有种咖啡的农人去种这个咖啡树。
E donde é que vieram essas árvores do café? Porque algum agricultor as plantou.
虽然这样子有一个结果就有一个因缘,有结果就有因缘。
Tudo isto nos mostra que um resultado vem de causas e condições diferentes. Quando há um resultado há uma causa.
一杯咖啡需要有咖啡杯,需要有茶壶,需要有水,需要有燃料,需要有人工,这些都叫做关系条件,conditions, relationships, 然后很多,many conditions
Quando nós bebemos um café, precisamos de um copo para o beber, de uma cafeteira, de água, de fogo, precisamos de alguém que nos sirva esse café. Tudo isto chama se a relação condicionada entre os fenómenos-“conditions relationship”.
为什么会有咖啡粉?因为呢,有分粉的机器,有人工,有研磨咖啡豆成咖啡粉的这些工具。
Porque é que nós temos o pó de café? Porque existe um mecanismo que permite moer o grão de café até se transformar em pó. E esses mecanismos de moagem, existem porque algum trabalhador as montou.
So many conditions and relationships make some consequences, make some results.
某些关系条件构成某些结果。
Todas essas condições, todas essas causas quando combinadas entre si, originam então um resultado.
之所以我们现在懂什么样的因缘构成的结果,好像是一种 common sense,好像一个很简单的常识,但是释迦摩尼佛是从思考生命的流转过程来发现因果,因果,因果。
Nós quando falamos destas causas e efeitos, parece tudo senso comum, tudo muito simples. No entanto, aquilo que o Buda fez foi isso, partindo da análise dos ciclos da nossa vida, percebeu as causas e condições que originam os fenómenos.
真的因果呢,有几种对我们应该有很大的帮助的地方。
Estas causas e condições são altamente benéficas para nós a vários níveis.
第一种呢,我们每一个人都有可以改变自己的机会。
A primeira vantagem é: todos nós temos oportunidade de se mudar a si próprio.
我们如果财富没有别人多,但是我们努力来做布施,虽然几块钱甚至几毛钱,慢慢布施,我们慢慢就会富裕起来。
Por exemplo, se um dia tivermos um problema financeiro, podemos atravez das lações, para muito pequenas que sejam, acumulando elas vão ajudar a resolver problemas econômicos.
Se não tivermos muito dinheiro, mas se formos fazendo doações, mesmo que seja só de uns euros, ou de uns cêntimos, pouco a pouco, vamos trazendo a prosperidade para as nossas vidas.
我们要积很多的缘,many conditions, many relationships,我们可以去结很多很多的好因好缘。
Todos nós podemos criar as nossas boa causas e condições, caso como desejamos o que somos ou o que vamos ser.
Nós todos reunimos muitas condições, “many conditions”, “many relationships”, podemos ir em busca de boas causas e condições.
另外呢,就是让我们知道既然有这个因,缘,果,如果因断了,果就断了。
E também sabemos que nesse processo de causas e condições e os seus efeitos e resultados, basta que uma dessas causas desapareça para o resultado deixar de existir.
我们知道有一杯咖啡,肯定有咖啡粉,大家这样相信吗?
Nós todos sabemos que com o pó de café podemos fazer café, certo?
但是有咖啡粉不一定有一杯咖啡可以喝,你们相信吗?
Mas eu também vos posso dizer que se tiverem pó de café, pode não necessariamente ter um copo de café para beber, certo?
你们没有茶壶。
Porque podem não ter uma cafeteira.
没有人烧热水。
Ou então pode não haver ninguém para aquecer o café.
所以有咖啡粉也没有一杯咖啡可以喝。
Por isso podemos ter pó de café e não termos café para beber.
那可以改变的,就像我们金毅督导说,你如果去咖啡店,就要一杯expresso,你是自讨苦吃,很苦。
Também podemos mudar isso, nós podemos fazer como diz o Supervisor da Associação o Sr. Jin Yin, ir ao café e ir pedir um expresso e bebê-lo com aquele sabor amargo típico do café.
如果觉得很苦,再放一点水或是泡一点牛奶,就改变了,人是会改变的。
Mas se achamos que está demasiado amargo, podemos adicionar um pouco de água, um pouco de leite,e já fica diferente. As pessoas podem sempre mudar.
所以佛教生命哲学,改变是靠自己的。
Por isso no ponto visto filosófico de Budismo: a mudança é algo que vem de nós mesmos.
而且是充满了希望,充满了机会的。
E como veem, é uma filosofia de vida cheia de esperança e cheia de oportunidades.
基本上,我们把它想,这个世界的一切都要靠关系条件合符才能成立的。
Todas as coisas existentes no nosso universo só existem graças à combinação, à interdependência das causas e das condições.
我记得,前美国总统,亞伯拉罕·林肯,the former president of the United States,他说呢 the World is interdependent,这个世界是共存,共融,共赢,共享的。
Lembrei-me duma frase que o presidente dos Estados Unidos Abraham Lincoln disse “The World is interdependent”: que o mundo é interdependente, todos dependemos um dos outros:tudo é colectivo, win-win, partilha.
So the conditions and the effects,这个关系条件呢,是要让我们知道 we the people should pay respect to each other. 我们因为知道一切都是关系互相因缘的,所以我们一定要互相尊重,互相包容。
Este princípio das” conditions and the effects” condições e resultados, esta relação causal, deve levar-nos a “pay respect to each other”. Por sabermos que tudo está interrelacionado, devíamo-nos respeitar sempre uns aos outros, tolerar uns aos outros.
我听金毅督导说,葡萄牙人最有包容别人的心量。
O Supervisor da Associação em Portugal, o Sr. JinYin, disse-me que os portugueses têm uma grande capacidade de tolerar os outros.
香港曾经有一个电子业的很有钱,后来他把整个集团,整个公司卖给别人。
Uma história que se passou em Hong Kong, de um empresário muito rico que tinha uma empresa muito grande de eletrónica e que um dia resolveu vender tudo a outras pessoas.
他得的两亿啊,两亿美金。
Vendeu por duzentos milhões de dólares americanos.
他自己拿了七千万美金,
Pegou em 70 milhões de dólares para si.
剩下的一亿三千万呢,都分给他的总经理,经理,干部,员工。最少的,也拿了三十几万美金。
Os restantes 130 milhões distribui-os por todos os funcionários da sua empresa, desde os CEOs, os diretores, os chefes de departamento, até aos funcionários e restantes empregados. Cada um ficou com cerca de 300 mil dólares.
人家说,你怎么这么傻瓜呢?
E as pessoas perguntaram-lhe: É mesmo tolo o senhor, não é?
他说我怎么傻瓜,我事业成就,我会赚这么多钱,都是靠我的总经理,我的各部门经理,我的这些干部,员工,帮我赚钱的呀,我现在自己拿七千多,自己就不好意思, 嫌自己拿的太多啦。
Eu tolo? Respondeu o empresário, então todo o meu sucesso, todo o dinheiro que eu ganhei foi graças aos meus directores- gerais, dos vice-diretores, dos chefes de departamento, dos funcionários. Eu agora ficando com 70 milhões, até tenho vergonha, acho que nem merecia tanto.
所以我现在讲的就是说,我们的缘分,我们的因缘就是尽量要给,give others. 给人才是有办法的。
Por isso o que estamos a falar agora, aquilo que mais nos pode beneficiar é dar” give others”, dar, dar, dar, dar aos outros, é a única coisa a fazer.
星云大师说: “要给人欢喜,给人信心,给人希望,给人方便。’’
O grande mestre Xin Yun costuma dizer que devemos dar aos outros: “confiança, alegria, esperança,e facilitar a vida das pessoas.” (as “4 dádivas”)
释迦摩尼佛的时候,他会做一种消灭贫穷的这个宣道,宣传。
O Buda na sua altura fazia pregação de acabar com a pobreza.
他叫穷人:你们要消除贫穷。 你们要能够买富贵。
Ele disse às pessoas pobres: vocês têm de acabar com a pobreza e assim comprar a riqueza.
怎么样子卖平穷,买富贵呢?
Mas como é que se vende pobreza e se compra riqueza?
穷人说:我穷到连饭都没得吃了,你叫我怎么布施啊?
Os pobres diziam-lhe:
– Então eu que não tenho nada para comer, o que é que tu queres que eu vá dar aos outros?
他说:你拿一杯水给我喝,你做的到吗?
他说:可以
就这样子就很难得了,就是布施。
E então o Buda disse: Será tu capaz de me dar um copo de água? E ele disse:
– Sim
Pronto, é mesmo isso. Isto é uma doação.
我进到你的屋子,你拿一张椅子给我坐一下子,你做的到吗?
做到的。
这就是布施。
– E se eu for a tua casa, tu não me vais buscar uma cadeira para eu me sentar?
E o discípulo disse:
– Sim, vou.
É tão simples quanto isso, isso é uma doação.
我刚才讲的这些,是释迦摩尼佛发现因果的法则,因果的道理。现在在讲一些更深的佛学人生哲学。
Tudo o que acabei de dizer, foi a forma como o Buda descobriu as causas e condições. Agora vamos falar de filosofia budista mais profunda.
现在我们知道,我们每一个人的肉体,我们的身体,一方面是身理的,一方面的心理的。
Todos nós sabemos que o nosso corpo tem uma parte que é física, e tem uma parte que é mental/espiritual.
心理,这个 spiritual,这个 spirit,这个一定要卖的 consciousness, 一定要依靠 body,physical, 这个身体。
Esta nossa existência espiritual,”spirit”, essa obrigatória “consciência” precisa também do corpo físico para existir.
这个身体,这个 body(身体), 这个physical, 也要依靠这个心意识,这个 consciousness.
Da mesma forma, o nosso corpo físico também não tem vida sem essa tal consciência, sem esse espírito.
So both the spirit and the physical are dependent on each other.
我们的心意识跟我们的肉体,两个是互相依靠的,互相这样子平衡下来。
“So both the spirit and the physical are dependent on each other.”
Portanto tanto o espiritual como o físico precisam um do outro para existir, Eles são interdependentes, não podem existir um sem o outro, são a causa do outro.
我们为什么知道这个花有白色的,有红色的,有绿色的叶子?
Por exemplo, olhando aqui para as flores. Porque é que nós podemos dizer que está flor é branca, esta vermelha, e que têm as folhas verdes.
因为我们生理的视觉神经。
Porque nós temos um sistema nervoso do sentido visual.
那个物理的花
Quando vemos a flor física
我们的心意识,我们的 consciousness,appear, 出现了。
A nossa consciência, “consciousness”,”appear”,aparece.
我们的心意识出现了,appear, 才会 recognise, 才会分析,明白:哦,这是白色,这是红色。
E só no momento em que surge “appear” a nossa consciência é que nós podemos “recognise”, podemos analisar, ah já entendi, está é branca, aquela é vermelha.
你们想想。我们眼睛看马上:唉,这是花,这是白色,这是红色,这是绿色叶子。我们马上明白,对不对?
Vocês pensem. Mal olhamos para a as flores e percebemos logo: ah, esta é a flor, é branca, esta é vermelha, aquelas folhas são verdes, nós vemos logo isso, certo?
但是如果把眼睛遮起来,你有看到花吗?
Então mas e se taparem os olhos, ainda conseguem ver as flores?
所以我们的视觉神经,感观神经,接触到物质的时候,我们的心意识,consciousness 才出现了。
Por isso só quando o nosso nervo óptico, só quando ele vê o objecto material, é nesse momento que surge a nossa consciência.
When the flower appears, we will feel this very good feeling.
我们的心,就开始感受到这是很好。 这个想, think:“这是什么花?’’
然后再想:“这个花谁插的? 插的这么漂亮。我要跟它学习。’’
Por exemplo, nós podemos de imediato olhar para a flor e dizer:
– Ah, mas que bonito, que agradável.
E depois vamos pensar:
– Qual é esta flor? Depois pensamos quem é que fez este arranjo,que está tão bonito. Eu quero aprender com essa pessoa.
生理对物理产生这个心理,然后才感受,想象,决定它的过程是怎么样的。
A nossa parte psicológica cria um pensamento sobre esta matéria,depois vem a sensação, a imaginação, é esse o processo.
这样子大家知道从一看到花到决定要跟这个插花老师学习,这样的心意识,认识,决定的过程,是不是有很短很短的时间限?
Por isso vejam que desde o momento de olhar para a flor até decidirmos que queremos aprender com quem fez o arranjo, todo este processo se passa num curtíssimo espaço de tempo.
这种状况就告诉我们,世间没有固定的。
Este tipo de estado diz-nnos que no mundo,nada é permanente.
没有任何东西是固定的。
Todas as coisas no mundo são impermanentes.
Because everything is dependent on each other.
Porque todas as coisas dependem umas das outras.
世间我们所看到的, 都是互相依靠的。就像刚才我说,有人种咖啡树才有咖啡豆,有咖啡豆才有咖啡粉。 有人种花才会有开花的时间。
Todas as coisas que nós vemos, todas elas são interdepentes. Tal como dissemos à pouco, a tal árvore de café que dá grãos de café. E a pessoa que planta as flores para que possa haver flores.
所以一样东西在很多的关系条件,其中一个关系,一个条件,消失了,变化了,会牵动到整个变化一直到消失。
Por isso uma mesma coisa tem tantas relações causais, basta que falte uma dessas causas, uma dessas condições, para que tudo se altere, vai afectar e o resultado final desaparecer.
所以每一个东西出现,它有一股势力,这股力量会维持它多求, 好像呢射箭,射箭射到天空, 等力量没有了,才会垂直下来。
Por isso todas as coisas quando surgem, têm uma força, essa força desmorece, tal como uma flecha, se disparada para o céu,quando perde a força volta a cair.
所以人心理跟生理
所以虽然心意跟身体结合到有一段时间维持七十年,八十年,一百年,会分散掉,还是消失掉。
Por isso também o nosso corpo, também o corpo humano, na parte física e espiritual, seja aos setenta, aos oitenta, seja aos cem anos, vai-se dispersam-do, até desaarecer.
现在大家知道,人生下来是不是靠很多关系条件呢?
Agora toda a gente já sabe, as pessoas quando nascem, não é também devido a uma enorme quantidade de condições que se combinam entre si?
这叫:没有自己生的,没有自己有的,没有自己存在的。
A isto chamamos: o não surgimento por si só, a não existência por si só, a não permanência por si só de todas as coisas.
出现,有,存在,都是关系,条件,因缘。具体的说,才出现,存在,出现有。
O surgimento, a existência, a permanência, é tudo causas e condições. Só assim há verdadeiramente qualquer coisa que pode existir, que pode permanecer.
如果没有关系、条件,会有这些东西出现吗?所以现在要讲到世间一切都是 emptiness, 都是空现空相的。
Por isso se não houver essa relação, essas condições ainda surgem essas mesma coisas? Por isso é que dizemos que neste mundo tudo é “emptiness” vazio. Todos os fenómenos são de natureza vazia.
我们的身体有身理跟生理,这两个互相组合,如果失去一个,另外一个就变化(\一直)到消失。
O nosso corpo tem a parte física, e a parte mental e espiritual, eles formam um todo dependente, mal um dos dois se ausente, o outro também acaba por ter que se ausentar.
所以般若心经说:照見「五蘊皆空」。我们这五蘊,色身,reform, 受、想、行、识,feeling, thinking, ruling acting and conciousness.
Por isso o Sutro do Coração nos diz que todos os cincos agregados são de natureza vazia, tal como sensações, as precepções, as ações e toda a consciência e também o são.
我们肉眼看的是:这是某一个人,这是某一个人,这是某一个人。 肉眼看的是这样,但是我们用意识来思考,他如果没有因缘,这个人就不存在了。
O nosso olho físico diz: aqui está a pesssoa X, ali está a pessoa y, assim vê o olho, mas sem a consciência para o pensar, se não houver esta conbinação de condições, é como se aquela pessoa não estivesse ali.
我们会难过,会痛苦,就是很强烈的, very strongly attached to our body, attached to our feelings, our thinking, our ruling and consciousness. Attatched. Very strongly attatched.
Nós ficamos tristes, sofremos, é muito forte” very strongly attached to our body, attached to our feelings, our thinking,our actions and consciousness”. Estamos apegados, fortemente apegados a ele.
我们因为很强烈的执着我们的色、受、想、行、识、所以才会感到痛苦。
Então podemos dizer que a origem do todos os nossos sofrimentos, não é nada mais nem nada menos do que justamente o apego que nós temos ao nosso corpo, à nossa mente, às nossas ideias, ao nosso corpo físico, às sensações, percepções, ações.
因为很强烈的满足自我,所以才会跟别人对立起来。这是我的,这是你的。
Porque queremos satisfazer a todo custo o nosso ego, criamos a diferenciação:
– Não, isto é meu, e isto é teu.
欧洲共同体有一点点透露出自我的概念,那样子。
A união Europeia pode exemplificar o conceito de que vos falei.
对不起,我没听明白。师傅能不能再说一遍吗?
Desculpe, Mestre, não entendi, poderia repetir por favor.Obrigada.(voz da intérprete)
这个 Europe, many countries, Europe, 它没有一个最强的,它说:我是我自己。
A Europa é constituida por muitos países: Não é para haver um que é mais forte que os outros, não é para haver um “eu sou eu sozinho”.
所以现在大家可以合作成为一个共同体。
Por isso devem trabalhar todos para ser uma comunidade.
这样子呢,就是互相来往,互相进出,都非常自由自在。这样子很解脱了。
Conseguirá alcançar este estado de harmonia entre todos,isso sim é maravilhoso. É uma libertação.
所以佛教的哲学就是认识自我,了解自我以后才能破处自我的意识概念, 来去帮助别人。
Por isso o primeiro passo na compreensão da filosofia Budista é conhecer-se a si mesmo , depois destruí-lo e assim ir ao encontro do outro.
后面这些比较深奥,要需要思考。而且满谦法师刚刚有讲: 一堂课四十五分钟太长了,大家要专心听这个深奥的道理很困难。我超过那么多钟头了。
Estes aspectos são misteriosos e profundos, precisam que pensemos sobre eles. A mestra Man Chien já me disse também que já ouvir 45 minutos desta aula já é cansativo, é difícil para todos estarem com atenção tanto tempo a estes assuntos. Eu já passei da hora.
听说,联合国做翻译的,二十分钟就要换一个人,要不然他专注不下去。 今天 Joana 帮我翻译一个半钟头,不容易,非常感谢。
Ouvi dizer que nas Nações Unidas, em cada 20 minutos mudam de intérprete porque se não o cérebro do intérprete já não se consegue concentrar, mas aqui hoje a Joana teve mais de uma hora. Não é fácil.Muito obrigada.
The translation quality today is very good, so Joana, I appreciate it very much. You are very appreciating. Thank you very much.
Muito Obrigado.
Obrigado.
Têm algum questão? Agora é o momento para poderem colocar as vossas questões.
这里有麦克。
Its very warm, very hot.
Boa tarde.
下午好。
A minha pergunta é se considera que é a religião é também uma filosofia?
我的问题是:“宗教是不是可以直接跟这个哲学是同一个概念?’’
我刚才一开始有说过。佛教啊,说是一个宗教,因为它以前是形成了是一个宗教。但是佛教的整个教义是讲生命的哲学,所以佛教是生命的哲学。至于其他的宗教,这方面我不便来批评或是解说,因为我不是很了解其它的宗教,但是佛教是彻底的思念哲学。
Muito bem, então em relação à sua questão, já tínhamos falado sobre isso logo ao princípio. No entanto, posso lhe dizer então mais uma vez que o Budismo, sim, tem uma estrutura de funcionamento como uma religião. Portanto dizer que tem alguns elementos estruturais duma religião, mas que é sobretudo uma filosofia de vida. Portanto, o seu objeto direto é resolver os problemas da vida das pessoas. Em relação às outras religiões, eu não vou discutir, não vou opinar. Não é esse o meu objetivo hoje aqui falar sobre as outras religiões. No entanto no caso do Budismo, podemos dizer tens dois componentes.
我刚才讲了很多时间,释迦摩尼佛想:“人为什么会有老啊,病啊, 死啊? 因为有生。 为什么会有生? 因为有气体。’’ 这个都是谈生命的问题, 都是生命的哲学。
Todas essas questões, todos este discurso que eu tive aqui convosco hoje é justamente todas as preocupações que o Buda teve. No fundo, porque é que há vida? Porque há morte. Mas porque é que há morte? Porque é que há sofrimento? No fundo, isto é a vida, a vida das pessoas.
所以我这样子讲,不知道您满意吗?
Não se está satisfeito?
Thank you. Obrigado.
还有要问问题吗?
Mais alguma questão?
Sim por favor.
心定和尚吉祥。我在心云大师的一篇文章里看到,他说心经里所说:色即是空,空即是色。这就是中道。我们应该怎么样来理解这句话呢?
Esta senhora perguntou então ao Mestre Xin Ding sobre a frase do Sutra do Coração, especificamente que forma e vacuidade são a mesma coisa, forma e vazio é a mesma coisa, vazio e forma é a mesma coisa. Será que a mestre nos podia falar um pouco sobre isso?
The middle way, 这个中道呢, form our physical, form 我们的生,它是 emptiness. Form is emptiness, emptiness is form. Those two are different. Just like Einstein said: material is equal to energy. Sometimes material becomes energy, and sometimes energy will become material. So, 我们说的这个空,他的体性是因为我们的色身只有气体,液体,固体,温度。 这四种分别的一无所有,它是空,但是这四种合物起来他又是有一个色身。所以,色不异空,但是空的色,这个气体,液体,固体,温度,四中种组合又成为一个身体。 所以这两个看起来有实在的东西,可是他的体性是空的。 这就是讲缘起中道义。
Então em resposta a esta questão de forma e do vazio serem exatamente a mesma coisa, tem justamente a ver com o fato que aquilo que, como nós falámos há pouco, o vazio, portanto a mente, a consciência pode dar forma, gere a forma, e essa mesma forma pode gerar também a chamar o vazio, portanto tudo que pode caber nesse vazio: a consciência, etc. No fundo, todos os objetos, todos os corpos que existem no nosso mundo, o que eles têm é um processo, o que não é mais do que, passam de um estado gasoso para um estado líquido, para um estado sólido, e desse estado sólido, eles precisam do calor, e no fundo qualquer corpo biológico que exista no nosso mundo, não é mais do que este processo, este conjunto de causas e condições. Assim sem nada mais, este é um processo vazio, é um processo em que só há causas que se combinam entre si e nada mais do que isso.
Some conditions result in some consequences appearing, so in Buddism we don’t say that there is nothing, because some conditions surely make something appear.
因为佛教不讲‘无’,因为在某一种因缘的时候,它会重现某一个东西,所以佛教不说‘无’。
Muito bem, falando destas condições que se ligam entre si para formar os tais resultados, os tais objetos existentes, elas estão interligadas. Portanto não pode haver formas sem vazio nem vice-versa, por isso o Budismo não fala nesta questão da existência de algo para além disso.
虽然有开花,可是它有一天会干掉,枯萎掉。所以,佛教不说有,不说无,不说有。但是明明眼睛看到,所以这是因缘生起的。它都是假象,在看到这个假象的时候,就是看出它的空性,所以这个空性就是中道义。
Falamos deste conceito que é tão importante e central no budismo. Como por exemplo, vamos observar aqui estas flores, se elas estiverem murchas, isto não é uma realidade, isto é um fenómeno que está vazio. São causas combinadas numa determinada maneira que geram um determinado resultado, portanto isto é chamada a vacuidade de todas as coisas.
这个大概是佛教哲学里头最深奥的地方,你们有个概念大概就可以了。
Este é um conceito mais profundo da filosofia Budista portanto podem tentar trabalhá-lo, compreendê-lo.
佛祖保佑大家天天快乐,天天健康,天天发财,天天平安,天天幸福。
Desejo-vos a todos muita alegria, muita saúde, prosperidade, paz e felicidade.
Joana Dias é professora de chinês e também tradutora. Esteve em Guimarães, no dia 26 de Setembro para nos partilhar os ensinamentos da Mestra Juerong sobre o tema «A Compaixão na vida prática». Agradecemos muito a sua dedicação e bondade, num trabalho tão árduo mas que tem impacto em tanta gente. Nesta breve entrevista, Joana Dias partilha connosco alguns dos seus pensamentos e experiências sobre este trabalho de tradução e sobre a compaixão.
Como é que te preparas para estas traduções tão exigentes?
A preparação tem sido contínua nos últimos anos. A Presidente da associação a Sra. Elisa Chuang teve a amabilidade de passar mais de um mês a dar-me formação em temas budistas, aquando da primeira tradução para o templo em 2010. A Elisa, sendo uma empresária de renome muito ocupada, conseguia sempre combinar comigo duas ou três vezes por semana, em que partindo de um discurso modelo do mestre budista da altura, que aliás os chineses fazem sempre questão de fornecer aos intérpretes, fazíamos a tradução, palavra a palavra, conceito a conceito. Agradeço imenso a ajuda e dedicação dela. Foi assim que comecei a conhecer o budismo. Através da necessidade de compreensão dos conceitos, para transmissão através da língua. Antes disso, era uma visão muito abstrata e distante que tinha.
Como consegues adaptar a realidade do budismo chinês para a nossa realidade ocidental e não te «perderes na tradução»?
Hehe, essa é a parte mais difícil, porque as imagens usadas pelos chineses podem ter um eco diferente no entendimento dos portugueses- e até a forma argumentativa usada no discurso, que é, muitas vezes, a de expor dois lados/conceitos opostos e de apresentar uma conclusão que muitas vezes é ambígua ou que inclui ambas as visões no final de cada assunto. Já para não falar nas piadas, ou dramatização das histórias, que quando vertidas para Português têm de ganhar uma forma bastante diferente, pois o humor chinês é bastante diferente do nosso.
No entanto, a mestra Juerong foi a oradora budista que até hoje se adaptou mais ao intérprete, talvez por estar sediada em França, mas também por ser uma pessoa muito humana e perspicaz. Ela sabia exatamente o que queria transmitir e disse-me, no dia da palestra, à hora do pequeno-almoço, qual a linha de pensamento que ia seguir, à medida que ia percorrendo os tópicos que já me tinha feito chegar uma semana antes.
Ela tinha a preocupação de “fazer chegar a compaixão à vida das pessoas”, e que elas “entendessem o que era, por palavras simples e com exercícios práticos”. Foi muito engraçada, disse-me: “Não te preocupes que não vou fazer citações dos sutras, podes ficar descansada!”- Ahaha, ou seja, não ia usar Chinês Antigo (a língua dos Clássicos budistas) para explicar a compaixão. Ela estava preocupada que eu compreendesse a mensagem, para que ao transmiti-la ela pudesse chegar o mais objetivamente possível à audiência.
Tens alguma frase ou ensinamento da Mestra que te tenha tocado mais?
Sim. Quando ela explicou que o caminho para a compaixão é o da compreensão do ódio. Normalmente no Ocidente dividimos muito as coisas: há o que é bom e há o que é mau. E são opostos eternos e imutáveis. No oriente não. Por exemplo, nos sutras budistas mais antigos que foram traduzidos para Chinês Antigo (e são a maior fonte de textos antigos budistas preservados, a par com os textos em Pali, segundo sei), não existe uma divisão, nem um bom nem mau a nível de expressão de uma ideia.
Nos sutras budistas, os opostos são apresentados para desfazer o nó entre eles; a compaixão desfaz o ódio e só o cessar do ódio pode levar à verdadeira compaixão. Assim como a sabedoria permite ultrapassar o sofrimento e o sofrimento nada é mais do que uma compreensão errada da forma de funcionamento do universo ou seja, é uma falta de sabedoria.
Então, quando a mestra Juerong explica que o caminho para a compaixão é também o caminho do ódio, mas que um aumenta quando o outro diminui, sendo duas faces da mesma moeda, é algo surpreendente, pois já está a transformar a nossa forma “fixa” de pensar, que muitas vezes nos afasta do caminho da mudança. Só ao anular as causas do ódio podemos caminhar em direção à verdadeira compaixão.
Como foi, para ti, esta palestra em Guimarães?
O tempo estava lindo, a sala da palestra era muito confortável, fresca e pacífica, com a janela enorme de vidro que dava para o jardim. Eu por acaso tive um problema de saúde e só adormeci às 5 da manhã da véspera, ahahah. Estava a ver que não tinha forças para falar. Mas “hora a hora, Deus melhora” e consegui.
A mestra Juerong é muito amigável, estava cansada, chegara na véspera de Paris. Pois anda sempre em viagem, dentro de França e pelo mundo, para participar nas atividades da BLIA Internacional, mas nunca perde a paciência e a dedicação à causa. As mestras da BLIA são mais ocupadas que os CEOs das grandes empresas europeias, é uma associação com muitos membros a nível internacional e muitos eventos. Gostei de ver a sala cheia e de sentir o feedback positivo das pessoas. Houve uma senhora que me emocionou, quando falou da filha, achei uma partilha muito profunda, e uma coragem de exposição, uma verdadeira vontade de mudar as causas e condições.
Joana Dias, tradutora e professora de Chinês
Quais foram os conselhos que a Mestra deu para praticarmos a compaixão?
A mestra apresentou um exercício muito simples de “contemplação compassiva”, por níveis, para podermos praticar a compaixão no nosso dia-a-dia. Devemos começar por sentir alegria pelas pessoas que gostamos mais, e no fim do exercício, devemos conseguir fazê-lo pelas pessoas de que não gostamos ou com as quais estamos em conflito. Se nós compreendermos que a infelicidade do outro é o que provoca a sua insatisfação em relação a nós ou a sua necessidade de conflito connosco, somos capazes de nos colocar no seu lugar e pensar “ o que estará esta pessoa a sentir para reagir assim? O que é que lhe aconteceu? O que é que ainda não compreendeu?” e tentar alterar essa situação, trazendo alegria e compreensão, e assim desfazer o seu sofrimento. Devemos ser capazes de pensar: “o que é que eu posso fazer para o ajudar? O que é que lhe posso ensinar? O que é que eu posso fazer para lhe aliviar a sua dor?-“Com+paixão”: sofrer com o outro, ou entender o sofrimento do outro. Nós ocidentais, também temos esse conceito.
Mestra Juerong
Qual a maior lição que a compaixão nos pode dar?
Temos de ter compaixão por nós mesmos, no nosso processo de aperfeiçoamento. Pois temos muitas falhas, temos de as aceitar e compreender, para podermos avançar no caminho da virtude.
Dia 26 de Setembro às 14h30 no Hotel de Guimarães, a Mestra Chueh Rong partilhará connosco uma palestra com o tema «A Compaixão na Vida Prática».
A palestra terá tradução simultânea em português por Joana Dias. Descobre o que é a compaixão, como a desenvolver e aplicar no teu dia-a-dia. Palestra.
ENTRADA LIVRE
Rua Eduardo Manuel de Almeida
4810-440 Guimarães
Inscrições: cenifguimaraes@gmail.com
De 17 de Setembro a 8 de Outubro, todas as quintas-feiras às 19h00, iremos trabalhar sobre os pilares do estudo do dharma. Seguindo a filosofia do Budismo Humanista, reflectiremos para aplicarmos na vida diária. Após cada tema, iremos praticar meditação Ch’an, para desenvolver a consciência, compaixão e paz duradoura.
Este curso é aberto a todos, mesmo que não tenham qualquer conhecimento sobre o budismo. Podem ter como apoio, o livro do Mestre Hsing Yun Budismo – Significados profundos.
Os pilares do estudo do dharma – temas
Apoie-se no dharma, não nas pessoas – Apoie-se na sabedoria, não na acumulação de conhecimento
Apoie-se no significado das palavras, não nas palavras – apoie-se no significado total, não no parcial
Estados mentais para o estudo do dharma – utilize a fé para estudar o dharma – utilize a dúvida para estudar o dharma
utilize a mente desperta para estudar o dharma – utilize a não mente para estudar o dharma
Início: 17 de Outubro, fim:8 de Outubro – todas as quintas-feiras.
Horário: 19h00 às 20h00
As aulas são gratuitas. Todos os que possam podem doar um donativo para manutenção do templo.
Os livros da BLIA podem ser adquiridos no templo pelo valor simbólico de €10
1 – Se, quando alcançar o estado de Buda, existir na minha terra de Buda um inferno, um reino de espíritos esfomeados ou um reino de animais, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
2 – Se, quando alcançar o estado de Buda, os seres humanos e devas na minha terra de Buda caírem de novo, após a morte, nos três reinos malignos, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
3 – Se, quando alcançar o estado de Buda, os seres humanos e devas na minha terra de Buda, não tiverem todos a cor do ouro puro, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
4 – Se, quando alcançar o estado de Buda, os seres humanos e devas, na minha terra de Buda, não tiverem todos a mesma aparência e existir alguma diferenciação em termos de beleza, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
5 – Se, quando alcançar o estado de Buda, os seres humanos e devas na minha terra de Buda não forem capazes de recordar todos os seus renascimentos passados e de conhecer eventos ocorridos mesmo que há centenas de kotis de nayutas de kalpas, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
6 – Se, quando alcançar o estado de Buda, os seres humanos e devas na minha terra de Buda não possuírem o olho divino, capaz de ver até centenas de milhares de kotis de nayutas de terras de Buda, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
7 – Se, quando alcançar o estado de Buda, os seres humanos e devas na minha terra de Buda não possuírem o ouvido divino, capaz de escutar os ensinamentos de pelo menos uma centena de milhares de kotis de nayutas de Budas e não se recordarem de todos eles, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
8 – Se, quando alcançar o estado de Buda, os seres humanos e devas na minha terra de Buda não possuírem a faculdade de conhecer os pensamentos dos outros, pelo menos de todos os seres existentes numa centena de milhar de kotis de nayutas de terras de Buda, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
9 – Se, quando alcançar o estado de Buda, os seres humanos e devas na minha terra de Buda não possuírem o poder sobrenatural de viajar para qualquer lugar num instante, mesmo que para lá de cem mil kotis de nayutas de terras de Buda, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
10 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os seres humanos e devas na minha terra de Buda derem origem a pensamentos de apego a si próprios, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
11 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os seres humanos e devas na minha terra de Buda não se encontrarem firmemente estabelecidos na verdade absoluta, até atingirem o nirvana, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
12 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, a minha luz for limitada e incapaz de iluminar pelo menos cem mil kotis de nayutas de terras de Buda, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
13 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, a duração da minha vida for limitada, mesmo que tenha a duração de cem mil kotis de nayutas de kalpas, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
14 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, o número de shravakas na minha terra de Buda for conhecido, mesmo que todos os seres e pratyekabudas existentes neste universo de milhares de milhões de mundos os contem durante cem mil kalpas, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
15 – Se, quando alcançar o estado de Buda, os seres humanos e devas na minha terra de Buda tiverem uma duração de vida limitada, excepto quando desejem encurtá-la de acordo com os seus votos originais, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
16 – Se, quando alcançar o estado de Buda, os seres humanos e devas na minha terra de Buda sequer ouvirem falar de qualquer má acção, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
17 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, inumeráveis Budas nas terras das dez direcções não louvarem e glorificarem o meu Nome, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
18 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os seres sencientes das terras das dez direcções que sincera e alegremente se confiarem a mim, desejarem nascer na minha terra de Buda, e invocarem o meu Nome, ainda que dez vezes, não nascerem nela, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
19 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os seres sencientes nas terras das dez direcções, que despertem a aspiração à Iluminação, pratiquem vários actos meritórios e sinceramente desejem nascer na minha terra de Buda, aquando da sua morte, não me virem aparecer perante si rodeado por uma multidão de sábios, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
20 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os seres sencientes nas terras das dez direcções que, tendo ouvido o meu Nome, concentrem os seus pensamentos na minha terra de Buda, plantem raízes de virtude e transfiram os seus méritos para a minha terra, com o desejo de nascerem lá, possam eventualmente não realizar a sua aspiração, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
21 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os seres humanos e devas na minha terra de Buda não forem todos dotados com as trinta e duas características físicas de um Grande Homem, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
22 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os bodhisattvas nas terras de Buda das outras direcções que visitem a minha terra não alcançarem infalível e definitivamente o Estágio de se Tornarem Buda Após um Único Renascimento, que eu não alcance a perfeita Iluminação. Estão excluídos aqueles que desejem ensinar e guiar os seres sencientes de acordo com os seus votos originais. Pois eles usam a armadura dos Grandes Votos, acumulam méritos, libertam todos os seres do nascimento e da morte, visitam as terras de Buda para levarem a cabo as práticas dos bodhisattvas, fazem oferendas aos Budas, Tathagatas, através das dez direcções, iluminam incontáveis seres sencientes, numerosos como as areias do rio Ganges estabelecendo-os na mais alta e perfeita Iluminação. Tais bodhisattvas transcendem o curso da prática dos bodhisattvas normais, manifestam as práticas de todos os estágios do bodhisattva e cultivam as virtudes de Samantabhadra.
23 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os bodhisattvas na minha terra de Buda, de modo a fazerem oferendas aos Budas mediante o meu poder transcendental, não sejam capazes de alcançar imensuráveis e inumeráveis kotis de nayutas de terras de Buda num espaço de tempo tão curto como o de comer uma refeição, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
24 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os bodhisattvas na minha terra de Buda não forem capazes, quando o desejarem, de efectuar actos meritórios de adoração aos Budas com oferendas à sua escolha, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
25 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os bodhisattvas na minha terra de Buda não forem capazes de expor o Dharma com omnisciente sabedoria, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
26 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, existir na minha terra de Buda algum bodhisattva que não seja dotado com o corpo do deus Vajra Narayana, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
27 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os seres sencientes forem capazes, mesmo com o olho divino, de nomear ou calcular o número das miríades de manifestações prodigalizadas para os seres humanos e devas na minha terra de Buda, que são gloriosas e resplandecentes e têm detalhes refinados para lá de qualquer descrição, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
28 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os bodhisattvas na minha terra de Buda, mesmo aqueles com pequeno acúmulo de méritos, não forem capazes de ver a árvore Bodhi que tem incontáveis cores e quatro milhões de li de altura, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
29 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os bodhisattvas na minha terra não adquirirem a eloquência e sabedoria na recitação e exposição dos sutras , que eu não alcance a perfeita Iluminação.
30 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, a sabedoria e eloquência dos bodhisattvas na minha terra de Buda for limitada, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
31 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, a minha terra de Buda não for resplandecente, revelando na sua luz todas as imensuráveis, inumeráveis e inconcebíveis terras de Buda, como imagens reflectidas num espelho limpo, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
32 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, todas as miríades de manifestações na minha terra de Buda, do chão ao céu, tais como palácios, pavilhões, lagos, riachos e árvores, não forem compostos de incontáveis tesouros, que ultrapassem em suprema excelência tudo quanto existe no mundo de humanos e devas, e de cem mil variedades de madeira aromática, cuja fragrância abranja todos os mundos das dez direcções, fazendo com que todos os bodhisattvas que a sintam levem a cabo práticas Budistas, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
33 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os seres sencientes nas imensuráveis e inconcebíveis terras de Buda das dez direcções que tenham sido tocados pela minha luz, não sintam paz e alegria em seus corpos e mentes superior à de humanos e devas, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
34 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os seres sencientes em imensuráveis e inconcebíveis terras de Buda nas dez direcções, que ouvirem o meu Nome, não obtiverem a percepção do bodhisattva relativa ao não-surgimento de todos os dharmas e não adquirirem vários profundos dharanis, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
35 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, as mulheres de incontáveis e inconcebíveis terras de Buda nas dez direcções, que tendo ouvido o meu Nome, rejubilem com fé, despertem a aspiração à Iluminação e desejem renunciar à sua condição de mulheres, renasçam como tal novamente após a morte, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
36 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os bodhisattvas em incontáveis e inconcebíveis terras de Buda nas dez direcções, que tenham ouvido o meu Nome, após a sua morte, não levem a cabo práticas sagradas até alcançarem o Estado de Buda, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
37 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os seres humanos e devas em incontáveis e inconcebíveis terras de Buda nas dez direcções, que tendo ouvido o meu Nome, se prosternem no chão para me reverenciar e adorar, rejubilem com fé, e realizem as práticas do bodhisattva, não sejam respeitados por todos os humanos e devas do mundo, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
38 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os seres humanos e devas na minha terra de Buda não obtiverem roupa assim que tal desejo apareça em suas mentes, e se os mantos finos prescritos e louvados pelos Budas não lhes forem imediatamente fornecidos para seu uso, e se essas roupas precisarem de ser cosidas, descoloradas, tingidas ou lavadas, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
39 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os seres humanos e devas na minha terra de Buda não gozarem de alegria e prazer comparáveis aos de um monge que tenha extinguido todas as paixões, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
40 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os bodhisattvas na minha terra de Buda que desejem ver as imensuráveis e gloriosas terras de Buda das dez direcções, não forem capazes de as ver reflectidas nas árvores de jóias, tal como se vê o próprio rosto reflectido num espelho, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
41 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os bodhisattvas nas terras de Buda das outras direcções que ouçam o meu Nome, em qualquer momento antes de se tornarem Budas, tenham órgãos dos sentidos inferiores ou incompletos, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
42 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os bodhisattvas nas terras de Buda das outras direcções que ouçam o meu Nome, não alcancem o samadhi chamado “Pura Emancipação” e, enquanto aí se encontrarem, sem perda de concentração, não sejam capazes de fazer num instante oferendas ? a imensuráveis e inconcebíveis Budas, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
43 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os bodhisattvas nas terras de Buda das outras direcções que ouçam o meu Nome, não renascerem após a sua morte em famílias nobres, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
44 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os bodhisattvas nas terras de Buda das outras direcções que ouçam o meu Nome, não rejubilarem a ponto de dançarem e realizarem as práticas dos bodhisattvas e se não adquirirem repositórios de mérito, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
45 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os bodhisattvas nas terras de Buda das outras direcções que ouçam o meu Nome não alcançarem o samadhi chamado “Equanimidade Universal” e, enquanto aí se encontrarem, não sejam sempre capazes de ver todos os imensuráveis e inconcebíveis Tathagatas até que esses bodhisattvas se tornem também Budas, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
46 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os bodhisattvas na minha terra de Buda não forem capazes de ouvir espontaneamente qualquer ensinamento que desejem , que eu não alcance a perfeita Iluminação.
47 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os bodhisattvas nas terras de Buda das outras direcções que ouçam o meu Nome, não alcancem instantaneamente o Estágio de Não-regressão, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
48 – Se, quando alcançar o Estado de Buda, os bodhisattvas nas terras de Buda das outras direcções que ouçam o meu Nome, não obtiverem instantaneamente a primeira, segunda e terceira percepções da natureza dos dharmas e se não se fixarem firmemente nas verdades percebidas pelos Budas, que eu não alcance a perfeita Iluminação.
Versos que Confirmam o os Votos
O Buda disse a Ananda, “O Bhiksu Dharmakara, tendo proclamado estes votos, disse os seguintes versos:
Fiz votos sem igual em todo o mundo;
Irei certamente alcançar a Via insuperável.
Se estes votos não forem consumados,
Que eu não alcance a perfeita Iluminação.
Se não me tornar um grande benfeitor
em vidas futuras por imensuráveis kalpas
para salvar os pobres e aflitos em toda a parte,
que eu não alcance a perfeita Iluminação.
Quando alcançar a Iluminação
O meu Nome será ouvido nas dez direcções;
Se houver algum lugar onde isso não aconteça,
Que eu não alcance a perfeita Iluminação.
Livre da ganância e com profunda e perfeita consciência
E pura sabedoria, levarei a cabo as sagradas práticas;
Procurarei alcançar a Via insuperável
E tornar-me mestre de devas e humanos.
Com o meu poder divino irradiarei grande luz,
Iluminando os mundos sem limite,
E dissiparei as trevas das três imperfeições;
Assim libertarei todos os seres da miséria.
Tendo obtido o olho da sabedoria,
Removerei as trevas da ignorância;
Obstruirei todos os maus caminhos
E abrirei o portão dos planos venturosos.
Quando forem aperfeiçoados os méritos e virtudes,
A minha luz majestosa irradiará nas dez direcções,
Ofuscando o sol e a lua
E superando o brilho dos paraísos.
Abrirei o repositório do Dharma para as multidões
Dotando a todos com tesouros de mérito.
Estando sempre entre as multidões,
Proclamarei o Dharma com o rugido do leão.
Farei oferendas a todos os Budas,
Adquirindo assim raízes de virtude.
Quando os meus votos forem realizados e a minha sabedoria aperfeiçoada,
Serei soberano dos três mundos.
Tal como a tua sabedoria sem obstrução, Buda,
A minha alcançará toda a parte, iluminando tudo;
Possa a minha suprema sabedoria
Ser com a vossa, Excelência Mais Honrada.
Se estes votos estiverem destinados a cumprir-se,
Que este universo de milhares de milhões de mundos trema em resposta
E que todos os devas do paraíso
Façam chover raras e maravilhosas flores.”
SUTRA DAS OITO PERCEPÇÕES
DOS GRANDES SERES
Para todos os discípulos do Buda:
manhã e noite,
contemplem as Oito Percepções
dos Grandes Seres
e recitem-nas com frequência.
Primeira: Percebam que este mundo é impermanente, que as nações são inseguras e instáveis, os quatro elementos causam sofrimento e são vazios e não há essência no âmbito dos cinco skandhas; que tudo o que surge necessariamente muda e degenera e tudo é falsa aparência, sem nenhuma essência duradoura; que a mente é a raiz do mal e a forma é a conjunção de acções maléficas. Contemplando estas verdades, libertarse-ão gradualmente do ciclo de nascimento e morte.
Segunda: Percebam que o desejo excessivo causa sofrimento. A fadiga e os problemas do ciclo de nascimento e morte são gerados pela cobiça e pelo desejo. Nutram poucos desejos, sejam receptivos e serão contentes em corpo e mente.
Terceira: Percebam que a mente é insaciável e luta constantemente por mais, agravando assim as suas transgressões e erros. A mente do bodhisattva, por sua vez, reflecte sempre sobre a sua satisfação com o que possui, é tranquila na pobreza e celebra o Dharma. A sabedoria é o único interesse.
Quarta: Percebam que a indolência leva à ruína. Sejam diligentes e libertem-se do domínio de obsessões nocivas. Derrotem os quatro demónios e escapem da prisão das trevas deste mundo.
Quinta: Percebam que a ignorância engendra o ciclo de nascimento e morte. O bodhisattva estuda com afinco, ouve com atenção e reflecte com frequência, almejando desenvolver a sua sabedoria e aperfeiçoar a oratória, preparando-se, assim, para ensinar e transformar as pessoas e mostrar-lhes o maior dos júbilos.
Sexta: Percebam que o ressentimento com a pobreza e com o sofrimento apenas os faz aumentar. O bodhisattva é generoso e equânime tanto com os amigos quanto com o inimigo. Não se prende aos erros do passado e tão-pouco faz novos inimigos.
Sétima: Percebam que os cinco desejos apenas acarretam infortúnios.
Apesar de vivermos neste mundo, não nos maculamos com os prazeres terrenos. Em vez disso, contemplamos sempre o traje do monge, a sua tigela e os seus instrumentos de canto. Com a mente na vida monástica, façamo-nos ao caminho e purifiquemo-nos. A nossa integridade
tudo abarca, a nossa compaixão a todos envolve.
Oitava: Percebam que a vida e a morte são chamas bruxuleantes e que o sofrimento é infindável. Façam o Voto do Mahāyāna de beneficiar todos os seres. Tomem o voto de assumir o ilimitado sofrimento dos seres sencientes e levá-los todos à bem-aventurança suprema.
Todos os budas e bodhisattvas conhecem estas oito verdades. Com determinação, trilham o caminho; com compaixão, aguçam a sua sabedoria.
Embarcam no navio do corpo do Dharma e navegam para a margem do nirvāna. Então, retornam ao ciclo de nascimento e morte para ajudar os outros a atravessar e lá chegar. As oito verdades podem orientar-nos em todos os aspectos da vida e mostrar aos seres sencientes como compreender os sofrimentos do nascimento e da morte. Podem ajudar a desembaraçar-nos dos cinco desejos e a focar a mente no caminho sagrado. Ao recitar estes oito pontos, o discípulo do Buda erradica, pensamento por pensamento, os seus infindáveis débitos kármicos, aproxima-se do estado desperto, ilumina-se, libertando-se do ciclo de nascimento e morte, permanecendo em júbilo eterno.
Em Agosto iremos partilhar 4 textos do Mestre Hsin Yun para a tua reflexão sobre «O que é o Budismo Humanista»; «Como te tornares budista»; «A melhor escolha de vida»; «As quatro nobres verdades». A escolha destes textos recaiu sobre a Mestra Miao Yen, do Templo Fo Guan Shan, em Lisboa.
Podes subscrever neste formulário simples, para que possas receber o email, gratuitamente, todas as quartas-feiras, em Agosto.
Temas de Budismo para o Verão
5 de Agosto – «O que é o Budismo Humanista»
12 de Agosto – «Como te tornares budista»
19 de Agosto – «A melhor escolha de vida»
26 de Agosto – «As quatro nobres verdades»
Miao Yen é a Mestre do Templo Fo Guang Shan de Lisboa.
O Templo Fo Guang Shan de Lisboa
BLIA – Associação Internacional Buddha´s Light de Lisboa
Rua Centieira, nº 35
1800-056 Lisboa Portugal
Ao iluminar-se, o Buda Shakyamuni viu que o universo dos fenómenos funciona de acordo com a verdade da Génese Condicionada. Quando decidiu ensinar o que tinha visto, o Buda percebeu que a Génese Condicionada seria de difícil compreensão e poderia até gerar medo se fosse explicada de pronto. Por isso, em vez de começar pela Génese Condicionada, o Buda ensinou primeiro as Quatro Nobres Verdades. O primeiro período dos ensinamentos do Buda é chamado “Primeiro Giro da Roda do Darma”.
As Quatro Nobres Verdades não diferem da verdade da Génese Condicionada e, por certo, não a contradizem. Elas simplesmente dirigem o foco da Génese Condicionada para a vida humana, fazendo com que esta pareça mais relevante para as pessoas e fique mais fácil de entender.
As Quatro Nobres Verdades são:
verdade do sofrimento;
verdade da origem do sofrimento;
verdade da cessação do sofrimento;
verdade do caminho que leva à cessação do sofrimento.
A palavra “sofrimento” nesse contexto é a tradução consagrada do sânscrito dukkha, cujo significado mais aproximado seria o de “insatisfação”.
Significado Profundo das Quatro Nobres Verdades
O uso da palavra “verdade” nas “Quatro Nobres Verdades” é explicada da seguinte maneira no Shastra Yogachara-bhumi (Tratado sobre os Estágios da Prática da Ioga): “Da verdade do sofrimento à verdade do caminho que leva à cessação do sofrimento, não há nada que seja falso ou enganoso e, portanto, tudo isso é considerado ‘verdadeiro’”.
O mesmo livro explica a palavra “nobre”, nas “Quatro Nobres Verdades” deste modo: “Somente os nobres conseguem compreender essas verdades e contemplá-las. Os ignorantes não conseguem compreendê-las ou contemplá-las. Portanto, essas verdades são chamadas ‘Nobres’ Verdades”.
O Comentário sobre o Tratado da Visão do Meio diz: “As Quatro Nobres Verdades são o ponto de passagem entre a ilusão e a iluminação. Quando elas não são compreendidas, persiste o apego aos Seis Reinos. Se compreendidas, alcança-se a santidade”.
De acordo com o Sutra dos Ensinamentos Legados pelo Buda: “A Lua pode se aquecer e o Sol arrefecer, mas as Quatro Nobres Verdades nunca mudarão”.
As Quatro Nobres Verdades estão no cerne da vida. Explicam todos os estados de consciência existentes no universo e ensinam como se libertar de todas as formas de ilusão.
É necessário sabedoria para compreender as Quatro Nobres Verdades. A primeira verdade diz que a vida é cheia de sofrimento. A segunda, que o sofrimento é causado por nosso apego à ilusão. A terceira verdade diz que a iluminação, ou a total libertação do sofrimento, é possível. A última diz como alcançar a iluminação.
As duas primeiras Nobres Verdades têm relação de causa e efeito entre si. A primeira é o efeito; a segunda é a causa. Igual relação existe entre a terceira e a quarta, sendo a terceira o efeito causado pela quarta.
À primeira vista, cabe perguntar por que o Buda colocou as Quatro Nobres Verdades nessa ordem. Não pareceria mais lógico que a segunda e a quarta verdades, ambas causas, viessem antes da primeira e da terceira, que são os efeitos? Ainda que em ordem diferente, as Quatro Nobres Verdades continuariam sendo compreensíveis. Contudo, a sequência escolhida pelo Buda permite que as verdades sejam ensinadas da forma mais eficaz possível.
Para a maioria das pessoas, é mais fácil entender primeiro o efeito, – depois sua causa. Por isso, o Buda apresentou primeiro a verdade do sofrimento e depois explicou a causa do sofrimento. Assim que se compreendem as duas primeiras Nobres Verdades, é natural querer se libertar delas. Para ajudar-nos a entender como alcançar essa libertação, o Buda ensinou a Terceira Nobre Verdade, que é a cessação do sofrimento, e por fim a Quarta Nobre Verdade, que é o caminho para a cessação do sofrimento.
O Buda começou por descrever o problema, depois explicou sua causa. Em seguida, contou a solução do problema e ensinou como chegar à solução. Um elemento fundamental dos ensinamentos do Buda é a imensa compaixão que transparece na elaboração de explicações, feitas de modo a serem compreendidas por qualquer pessoa que realmente se empenhe. A Génese Condicionada e as Quatro Nobres Verdades são verdades muito profundas. Aquele que as estudar longamente vai perceber quão inteligente e quão compassivo foi o Buda, ao conseguir explicá-las de forma tão clara.
A Primeira Nobre Verdade
A Primeira Nobre Verdade é a verdade do sofrimento. O Buda viu com perfeita clareza algo que as pessoas vislumbram ocasionalmente: não é possível ao ser humano conquistar total satisfação neste mundo. O sofrimento é descrito de muitas formas diferentes nos sutras budistas. As três fundamentais serão abordadas nos parágrafos a seguir, devendo-se observar que as classificações de sofrimento apresentadas não são qualitativamente diferentes, mas apenas formas diferentes de abordar um mesmo problema.
Os dois sofrimentos
Os “dois sofrimentos” são o interno e o externo, sendo esta a classificação mais elementar encontrada nos sutras budistas. Essa é a maneira mais básica de compreender o sofrimento. Sofrimentos internos são aqueles que geralmente consideramos parte de nós, como dor física, ansiedade, medo, ciúme, suspeita, raiva e assim por diante. Sofrimentos externos são aqueles que parecem vir de fora, incluindo vento, chuva, frio, calor, seca, animais selvagens, catástrofes naturais, guerras, crimes e assim por diante. Não é possível evitar – nenhum dos dois tipos.
Os três sofrimentos
Esta é uma classificação baseada mais na qualidade do sofrimento do que em sua origem ou tipo. O primeiro dos três sofrimentos é o inerente, aquele a que estamos sujeitos pelo simples fato de estarmos vivos. O segundo é o sofrimento latente, aquele que está presente mesmo nos momentos mais felizes: coisas se quebram, pessoas morrem, tudo envelhece e se deteriora, até os melhores momentos chegam ao fim. O terceiro sofrimento é o ativo, causado por estarmos presos em um mundo de ilusão constantemente mutável. No mundo da ilusão, temos pouco ou nenhum controle sobre nossa vida. Sentimos ansiedade, medo e impotência à medida que vemos tudo se transformando de um dia para o outro.
Os oito sofrimentos
Os oito sofrimentos descrevem de modo mais detalhado o sofrimento a que estão sujeitos todos os seres sencientes e são classificados com base naquilo que os define. São eles:
Nascimento. Após vários meses de perigo dentro do ventre da mãe, finalmente, sentimos a dor e o medo do nascimento. Depois disso, tudo pode acontecer. Somos como prisioneiros do corpo e do mundo onde nascemos.
Envelhecimento. Se formos, suficientemente, afortunados para não sermos mortos na juventude, teremos de enfrentar o processo de envelhecimento, sofrer a deterioração do corpo e da mente enquanto assistimos o desaparecimento de nossos amigos, um por um.
Doença. A saúde é um prazer por ser tão contrastante com a doença. Todos, em algum momento, sofrem a dor e a humilhação da doença.
Morte. Mesmo que a vida seja considerada perfeita, a morte é inevitável. A morte, quando não é repentina e aterradora, é geralmente lenta e dolorosa. Somos como folhas ao vento. Ninguém sabe o dia de amanhã.
Perda de um amor. Às vezes, perdemos alguém que amamos; outras vezes, nosso amor não é retribuído. Não existe quem não sofra por não poder estar sempre com aqueles que ama.
Ser odiado. Ninguém quer inimigos; no entanto, é difícil evitá-los neste mundo.
Desejo não realizado. Os nossos anseios e desejos determinam em grande medida quem somos. Limitam nossa capacidade de entender o Darma, além de nos causar infindáveis problemas. E, o que é pior, a maioria deles – jamais chega a ser satisfeita, causando-nos duas vezes mais problemas.
Os Cinco Skandhas. Estes são: forma, sensação, perceção, atividade e consciência. Eles constituem os “tijolos” da existência consciente e o meio para a manifestação do sofrimento. Os Cinco Skandhas são como uma fonte ilimitada de combustível a gerar dor e sofrimento, vida após vida.
Causas fundamentais do sofrimento
Nos parágrafos anteriores, mostramos como os budistas veem a vida humana atolada no sofrimento. Nos seguintes, o tópico sofrimento será analisado com mais profundidade, pelo delineamento de algumas de suas causas fundamentais:
O Eu não está em perfeita harmonia com o mundo material. É necessário esforço constante para encontrarmos conforto neste mundo. O clima é sempre quente demais ou frio demais, nossas posses exigem cuidado constante, nossa casa é muito velha ou muito pequena, as ruas são muito barulhentas, os sapatos se gastam e assim por diante. O mundo material raramente se apresenta da forma como gostaríamos que fosse.
O Eu não está em perfeita harmonia com as outras pessoas. Na maioria das vezes, não podemos estar na companhia daqueles com quem gostaríamos de estar, mas somos obrigados a suportar a presença de pessoas com as quais temos dificuldade de relacionamento. Não raro somos até mesmo forçados a conviver com pessoas que abertamente não gostam de nós.
O Eu não está em perfeita harmonia com o corpo. O corpo nasce, envelhece, adoece e morre. O “eu” tem pouco ou nenhum controle sobre esse processo.
O Eu não está em perfeita harmonia com a mente. Nossa mente está frequentemente além do nosso controle, disparando de uma ideia para outra como um cavalo selvagem ao vento. A atividade mental iludida é a fonte de todo o nosso sofrimento.
O Eu não está em perfeita harmonia com os seus desejos. O “eu” pode compreender que os desejos geram carma e sofrimento, mas isso não significa que seja capaz de controlá-los com facilidade. O autocontrole é difícil justamente porque o que queremos com mais intensidade nem sempre é o que sabemos ser o melhor para nós. Se nem mesmo tentarmos controlar nossos desejos e deixarmos que eles tomem conta de nós, o “eu” sofrerá ainda mais.
O Eu não está em perfeita harmonia com as suas opiniões. Basicamente, isso significa que nossas opiniões são erradas. Quando nossas crenças não estão alinhadas com a verdade, causamos a nós próprios infindáveis problemas, pois teremos a tendência de repetir os mesmos erros muitas vezes.
O Eu não está em perfeita harmonia com a natureza. Chuva, enchentes, secas, tempestades, maremotos e todas as outras forças da natureza não estão sob nosso controle e podem, frequentemente, nos fazer sofrer.
O Buda ensinou a verdade do sofrimento não para nos fazer desesperar, mas para nos ajudar a reconhecer com clareza as realidades da vida. Compreendendo o alcance do sofrimento e a impossibilidade de evitá-lo, devemos nos sentir inspirados a superá-lo. Reconhecer a Primeira Nobre Verdade é o primeiro passo de um processo que deve nos levar a querer compreender a Segunda Nobre Verdade.
A Segunda Nobre Verdade
A Segunda Nobre Verdade é a verdade da origem do sofrimento, que está na cobiça, na raiva e na ignorância. Os seres sencientes acorrentam-se ao penoso e ilusivo mundo dos fenômenos, por causa de seu forte apego a essas fontes de ilusão, também conhecidas como os Três Venenos.
A Terceira Nobre Verdade
A Terceira Nobre Verdade é a verdade da cessação do sofrimento. “Cessação do sofrimento” é o mesmo que nirvana, um estado que não pode ser descrito por meio de palavras. É algo que está além de cobiça, raiva, ignorância e sofrimento; além da dualidade e das distinções entre certo e errado, você e os outros, bem e mal, vida e morte.
A Quarta Nobre Verdade
A Quarta Nobre Verdade é a verdade do caminho que leva à cessação do sofrimento, aquele que nos mostra como superar as causas do sofrimento. É o caminho rumo ao nirvana. A forma mais simples de superar as causas do sofrimento é seguir o Nobre Caminho Óctuplo, que analisaremos em detalhe em outro Capítulo.
A Importância das Quatro Nobres Verdade
As Quatro Nobres Verdades foram os primeiros e também os últimos ensinamentos do Buda. Ao aproximar-se do momento de sua morte, o Buda disse aos discípulos que, se tivessem alguma dúvida quanto à validade das Quatro Nobres Verdades, deveriam se pronunciar, pois assim poderiam obter as respostas antes que fosse tarde demais. A atenção que o Buda devotou às Quatro Nobres Verdades nos 45 anos em que se dedicou a ensinar assinala a importância que atribuía a elas.
Para facilitar a plena compreensão da mensagem do Buda, seus anos de ensino são geralmente classificados em três períodos, também denominados “Três Giros da Roda” ou “Três Giros da Roda do Darma”. Essa divisão nos ajuda a compreender os ensinamentos do Buda, porque nos dá três diferentes ângulos, ou perspetivas, sob os quais ver as mesmas verdades.
O Giro Explicativo da Roda do Darma
O primeiro período do ensinamento do Buda é chamado de “Primeiro giro da Roda do Darma” ou “Giro explicativo da Roda”. Foi nessa época que o Buda expôs as verdades básicas em que se fundamenta sua iluminação.
A respeito das Quatro Nobres Verdades, disse ele no Sutra Dharma-chakra (Sutra sobre os Giros da Roda do Darma): “Isto é o sofrimento; tem a natureza ‘opressiva’. Esta é a causa do sofrimento; tem a natureza de ‘apego’, ‘aferro’ ou ‘acúmulo’. Isto é a cessação do sofrimento; tem a natureza de ‘compreensão’ ou ‘despertar’. Este é o caminho para a cessação do sofrimento; tem a natureza de ‘cultivo’”.
O Giro Persuasivo da Roda do Darma
O segundo giro da Roda do Darma é também conhecido como “Giro persuasivo da Roda” porque se refere ao período em que o Buda convenceu seus discípulos a extinguir o sofrimento através da compreensão total das Quatro Nobres Verdades. Nessa época, ele abordou essas verdades da seguinte maneira, no Sutra Dharma-chakra (Sutra sobre os Giros da Roda do Darma): “Isto é sofrimento, vocês devem compreendê-lo. Esta é a causa do sofrimento, vocês devem eliminá-la. Esta é a cessação do sofrimento, vocês devem despertar para ela. Este é o caminho para a cessação do sofrimento, vocês devem praticá-lo”.
O Giro Comprovado da Roda do Darma
O terceiro giro da Roda do Darma também é chamado de “Giro Comprovado da Roda”, porque nesse período o Buda se colocou como exemplo de alguém que havia alcançado a completa iluminação, dizendo que, se ele conseguira, todos poderiam conseguir também. Nessa época, ele falou da seguinte forma sobre as Quatro Nobres Verdades, no Sutra Dharma-chakra (Sutra sobre os Giros da Roda do Darma): “Isto é sofrimento, eu o conheço. Esta é a causa do sofrimento, eu já a eliminei. Esta é a cessação do sofrimento, já despertei para ela. Este é o caminho que leva à cessação do sofrimento, já o pratiquei”.
O Buda é algumas vezes chamado de “O grande médico”, uma vez que os seus ensinamentos podem nos curar do nosso apego doentio à ilusão. A melhor forma de acabar com o sofrimento é compreender bem as Quatro Nobres Verdades, porque, depois disso, será muito mais fácil entender os outros ensinamentos do Buda.
A compreensão e a prática dos ensinamentos do Buda levam infalivelmente à libertação da dor e do sofrimento. O Buda é o médico e tem o remédio; só precisamos tomá-lo. As Quatro Nobres Verdades do Buda constituem a cura para o sofrimento humano.
O grande bodisatva Manjushri (…) disse à assembleia de bodisatvas:
“Discípulos do Buda deste mundo Saha, a Nobre Verdade do Sofrimento tem vários significados, como retribuição, opressão, mudança constante, apego às condições, agrupamento de condições, dor dilacerante, dependência dos sentidos, loucura, doença e estupidez.
Discípulos do Buda deste mundo Saha, a Nobre Verdade da Origem do Sofrimento tem muitos significados, como apego, destruição, amor obstinado, pensamento iludido, sedução do desejo, determinação errônea, teia de condições, discurso vazio, passividade e aferro a fontes degradadas.
Discípulos do Buda deste mundo Saha, a Nobre Verdade da Cessação do Sofrimento tem vários significados, como não argumentação, deixar a poeira para trás, paz perfeita, não ter percepção ilusória, estar além da deterioração, não ter natureza de seu próprio ser, não ter obstáculos, extinção, saber a verdade e habitar na natureza de seu próprio ser.
Discípulos do Buda deste mundo Saha, a Nobre Verdade do Caminho da Cessação do Sofrimento tem muitos significados, como o Veículo Único, desejo de tranquilidade, o guia, plenitude sem distinções, equanimidade, renúncia, não ter anseios, seguir os passos dos santos, o caminho dos sábios e os dez tesouros.
Discípulos do Buda deste mundo Saha, as Quatro Nobres Verdades têm quatro quatrilhões de nomes e significados, que são compreendidos pelos seres sencientes conforme as suas tendências. Essa pluralidade de significados mostra aos seres sencientes como conquistar o controle sobre a mente”.
Sutra Avatamsaka (Sutra da Guirlanda de Flores)
Capítulo 2 do livro Budismo Significados Profundos, Venerável Mestre Hsing Yün,
Ao longo de mais de uma hora na palestra sobre estudos budistas, baseado no Sutra do Coração, dada pelo Mestre Hsin Ting, Joana Dias traduziu de forma brilhante e viva a mensagem que era passada, de coração. Entrevistamos a Joana Dias, para termos uma outra perspectiva sobre os ensinamentos do Mestre Hsin Ting e conhecermos a sua experiência neste trabalho de tradução.
Como foi para ti conhecer o Mestre Hsin Ting?
Foi muito emocionante. É uma pessoa muito educada, evoluída. Isso nota-se na simples forma como lida com as pessoas à sua volta, dando-lhes toda a sua atenção. Também pela forma como resolve os problemas que vão surgindo, sem ralhar sem negativismo, sempre de forma objectiva e amável. O seu cansaço era notório, mas sempre que lhe fazemos uma pergunta ele abdica do seu repouso tão necessário, para tentar informar, ajudar, dar uma parte de si ao outro . é fantástico. É a terceira vez que faço a tradução de um mestre budista. Das duas vezes anteriores foi a mestra Man Chien, graças à qual me iniciei neste estudo do budismo, para poder preparar as traduções. Senti-me muito contente por ela também estar presente cá desta vez.
Da tua experiência, esta foi uma tradução fácil ou complexa?
Esta foi uma tradução complexa, como alias foram as outras duas. Eu tenho alguma facilidade em entender os conceitos abstractos da filosofia budista, pois tenho me debruçado nos últimos anos a ler estudar e tentar praticar, os ensinamentos das três grandes escolas de pensamento chines: o budismo o confucionismo e o taoismo. Se não tivesse esse gosto pessoal, seria impossível traduzir. De resto, as dificuldades da tradução ligam-se também muito ao facto de o conteúdo ser criado no momento. As histórias que o mestre escolhe contar são tão novas para mim que preparei os conteúdos das obras do mestre como para os restantes ouvintes. E o tempo, pois não há momentos de pausa de descanso. O cérebro a certo ponto quer se desligar, quer relaxar, começa a ter dificuldades em se focar.
De toda a palestra, qual o ensinamento que mais apreciaste?
O ensinamento que me marcou mais da palestra foi a objectividade com que o mestre abordou a morte, a destruição do corpo . Não nos veio dar coisas “bonitas”, coisas confortáveis, coisas ilusórias. Ele veio ajudar-nos a mudar as nossas vidas. A transmutar o sofrimento. Conseguir fazer isso com objectividade e simplicidade é algo fantástico…
Que importância teve, para ti, esta palestra?
Bem, eu aprendo sempre tanto com a preparação destas palestras que me sinto uma privilegiada… São experiências de importância vital no meu próprio desenvolvimento pessoal. E por isso o mínimo que posso fazer é tentar dar o meu melhor para que a mensagem possa chegar às outras pessoas. Esta palestra surgiu numa altura em que estava a precisar de perceber como lidar com certos problemas da minha própria vida. Aquilo que aprendi com a mensagem do sutra do coração foi que qualquer problema que nos surge somos nós próprios que o criamos e que só podemos resolver com objectividade e compaixão.