Os Budas e Bodhisattvas pela Ven. Mestre Miao Yen

Dia 3 de Novembro, a Ven. Mestre Miao Yen deu uma palestra ao grupo de estudo da BLIA Lisboa sobre os Budas e Bodhisattvas, mostrando também o caminho para a compaixão e a compreensão dos diversos níveis da prática. Mais que ler e escrever, devemos praticar e é por isso mesmo que é chamado Budismo Humanista na Fo Guang Shan.

Os bodhisattvas que estivemos a estudar foram:

  • Guānyīn Púsà
  • Dìzàng Púsà
  • Wén Shū Púsà
  • Pǔxián Púsà

Além do Buda Histórico e do Buda Maitreya.

blia budas

Banco Alimentar Recolhe 2270 Toneladas de Alimentos

Os membros da BLIA em Lisboa auxiliaram na recolha e organização dos alimentos angariados pelo Banco Alimentar.

Géneros alimentares angariados vão ser distribuídos por mais de 425 mil pessoas

Banco Alimentar recolhe 2270 toneladas de alimentos

© D. R.

O Banco Alimentar Contra a Fome recolheu 2270 toneladas de alimentos durante a campanha realizada durante o fim-de-semana de 28 e 29 de Novembro.

Os alimentos angariados têm como objectivo ser distribuídos por um total de 2600 instituições de solidariedade social, abrangendo mais de 425 mil pessoas “com carências alimentares comprovadas”, indicou a instituição através de um comunicado.

No total, foram 42 mil os voluntários que de norte a sul do país estiveram à porta de mais de 2 mil superfícies comerciais a recolherem alimentos para quem mais precisa.

A campanha nacional, cujo lema foi “A sua ajuda é enorme por mais pequena que seja a sua contribuição” coincidiu com operações idênticas de recolha de géneros alimentares organizadas pelos 264 Bancos Alimentares Contra a Fome existentes por toda a Europa.

A presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, Isabel Jonet, salientou a importância da participação os voluntários e a adesão do público à iniciativa. “Tivemos muitos voluntários. Tivemos uma grande adesão, sobretudo no sábado. Tivemos muitos grupos de jovens, agrupamentos de escolas, escuteiros, guias, muitos colaboradores de empresas que levaram os filhos e muitas pessoas que a título individual marcaram presença. Estes voluntários são muito importantes”, destacou.

Fonte: PTMM

Como meditar

O Templo Zu Lai, no Brasil, da Fo Guang Shan, indica as instruções do Ven. Mestre Hsing Yun sobre a meditação.

Como meditar

Controle do Corpo

Os sete aspectos do Buda Vairochana sentado formam o alicerce da meditação budista. Segue-se uma discussão a esse respeito

11. A postura de lótus

De maneira geral, a postura de lótus é comprovadamente a melhor para a meditação sentada. O lótus completo é uma postura de pernas cruzadas em que os pés ficam sobre as coxas, logo acima dos joelhos. O meio-lótus é uma postura de pernas cruzadas em que apenas um pé é colocado sobre a coxa, enquanto o outro permanece sob a outra coxa.

Considera-se a postura de lótus completo a melhor para meditação, porque ela é muito eficaz para estabilizar o corpo. Caso seja incômoda, adota-se o meio-lótus e, se tampouco esta se mostrar confortável, pode-se sentar em uma cadeira ou banquinho de meditação. Independentemente da postura escolhida, a coisa mais importante é que a coluna esteja ereta e não apoiada em nada.

Fontes chinesas geralmente reconhecem dois tipos de posição de lótus completo. Em uma delas, o pé esquerdo é colocado sobre a coxa direita e depois o pé direito sobre a coxa oposta, na chamada “postura auspiciosa”, utilizada para alcançar bênçãos. Quando a ordem de colocação dos pés é invertida, a posição é utilizada para dominar Mara (Demônio da morte) e chamada de “postura de dominação de Mara”.

2. Posição das mãos

Depois de se colocar na postura sentada, o praticante deve repousar as mãos confortavelmente no colo, com o dorso de uma sobre a palma da outra. A ponta dos polegares deve se tocar levemente. Esse gesto é ótimo para a circulação de energias do organismo e é chamado Darmadhatu mudra.

3. Posição da coluna

A coluna é o principal centro nervoso do corpo, onde as energias das extremidades se reúnem, e, portanto, é importante que ela fique ereta durante a meditação. Quem tem costas fracas ou não está habituado a sentar-se sem apoio talvez necessite de algum tempo para se acostumar. Para a maioria das pessoas, não haverá maiores dificuldades para sentar corretamente sem necessidade de muita prática. A coluna deve ficar ereta durante a meditação, mas não rígida, tesa ou artificialmente ereta. Acima de tudo, a postura de meditação deve suscitar uma sensação de relaxamento e comodidade. Não leva muito tempo para se aprender a gostar do ato físico de se sentar para meditar.

4. Posição dos ombros e do peito

Os ombros devem ficar confortavelmente abertos, em posição tal que permita o relaxamento do peito e deixe a respiração fluir suavemente.

5. Posição do pescoço e da cabeça

Manter a cabeça e o pescoço eretos. Se a cabeça ficar demasiadamente inclinada para a frente, a circulação no pescoço será prejudicada. Em uma visão lateral, as orelhas devem estar alinhadas diretamente sobre os ombros. Dessa forma, a inspiração poderá fluir suavemente pelo nariz em seu caminho para os pulmões e a circulação por todo o abdome e pela cavidade torácica será excelente. Atenção aos músculos da nuca: se estiverem relaxados e bem alinhados, eles levarão as costas à posição correta com a maior facilidade.

6. Boca

Os maxilares e os lábios devem ficar levemente cerrados. A ponta da língua será mantida suavemente atrás dos dentes superiores.

7. Olhos

Em regra, é melhor que os iniciantes em meditação deixem os olhos ligeiramente abertos e fixem o olhar em um ponto imaginário à sua frente numa distância de no máximo um metro. Assim, evita-se a sonolência.

Essas são as sete posturas básicas para a prática da meditação. A seguir, darei outros oito detalhes que também se mostram importantes para o conforto e a eficácia da postura de meditação.

1. Paz

Arranjar o assento e a sala onde se medita de forma a promover sensação de paz e conforto.

2. Vestimentas

Roupas justas, cintos, relógio, óculos, joias ou qualquer vestimenta que restrinja a circulação devem ser desapertados ou retirados antes da meditação.

3. O assento

Utilizar uma almofada ou colchonete confortável, que não escorregue nem se deforme facilmente, ao se sentar em lótus ou meio-lótus. A boa almofada é larga o suficiente para apoiar pernas e joelhos e tem espessura de cerca de quatro dedos.

Se essa posição não for confortável, recorrer a um banquinho próprio para meditação, ou à borda de uma cadeira ou cama dura. A posição é muito importante na meditação. O corpo e os hábitos das pessoas são tão diferentes que é impossível definir apenas uma ou duas regras para o sentar-se.

Repetindo: conforto e coluna ereta sem apoio são os elementos fundamentais da boa postura para a meditação.

4. Cobrir os joelhos

A circulação se desacelera durante a meditação; portanto, é fundamental manter os joelhos aquecidos. Se o clima estiver frio, os joelhos devem ser cobertos com uma manta ou toalha.

5. Purificar a respiração

Repita o seguinte exercício três vezes: inspire pelo nariz e expire pela boca. Ao expirar, imagine que está eliminando toxinas e impurezas de seu organismo. Tanto a inspiração como a expiração devem ser lentas e conscientes.

Quem ainda não se sentir relaxado após o exercício deve repeti-lo.

6. Achar a posição confortável

Faça algumas torções da coluna para ambos os lados e depois fique imóvel. Caso a postura ainda não esteja confortável, torça novamente e observe. É muito importante manter a imobilidade durante a meditação. Movimentos eventuais são tolerados, mas o meditador precisa se esforçar para ficar totalmente imóvel por longos períodos de tempo.

7. Rosto

Assim como todas as outras partes do corpo, o rosto deve ficar relaxado. Um sorriso muito sutil, desde que natural, é uma boa expressão facial para a meditação. O rosto não deve ficar rígido ou severo.

8. As costas não devem se apoiar em nada

Durante a meditação, as energias do organismo naturalmente começam a se canalizar na coluna e subir por seu interior. Se as costas estiverem apoiadas, esse fluxo natural será bloqueado.

Os três elementos mais fundamentais da postura de meditação são conforto, imobilidade e coluna ereta sem apoio. A meditação deve ser uma experiência agradável; assim, o conforto precisará ser o maior possível. A imobilidade durante a meditação ajuda a canalizar e elevar todas as energias do organismo. A coluna ereta que não se apoia em nada cria um canal para essas energias subirem a centros mais elevados.

O samádi é como a água pura e limpa, pois lava todas as impurezas.

Tratado sobre a Perfeição da Grande Sabedoria

Controle da respiração

A principal finalidade do controle da respiração é tornar mais calmo e refinado um ritmo irregular ou pesado. Quando o corpo estiver imóvel e a respiração controlada, a mente naturalmente se acalmará.

Falamos de “controle” da respiração, mas é importante lembrar que isso se consegue por meio da observação. Querer forçar a respiração a se tranquilizar só trará problemas. A simples observação da respiração é a melhor forma de desacelerar e acalmar seu ritmo.

As fontes chinesas geralmente reconhecem quatro tipos de respiração.

  1. Respiração com vento: o tipo que produz som nas narinas.
  2. Respiração irregular: é silenciosa mas irregular, com interrupções.
  3. Respiração não refinada: é silenciosa e regular, mas não é refinada. Não é tão confortável quanto a do quarto tipo.
  4. Respiração correta: é silenciosa, regular e refinada, além de ser tranquila e agradável. Esse tipo de respiração infunde grande paz na mente e no coração.

A forma mais rápida de conseguir o quarto tipo de respiração é simplesmente pela observação. Se você tentar forçar determinado tipo de respiração, é quase certo que irá fracassar. A paz criada ao redor do praticante durante a meditação crescerá continuamente com a prática. Com o tempo, será possível alcançar paz e serenidade com facilidade. Quando a respiração e o corpo estão tranquilos, a mente tem, por assim dizer, um lugar de onde pode efetivamente contemplar e compreender a si própria. Quando a respiração e o corpo estão em paz, a mente pode entrar em samádi.

A importância da respiração é evidenciada no seguinte trecho de Seis Maravilhosos Ensinamentos, um prestigiado livro sobre meditação que registra uma palestra proferida pelo grande monge Zhiyi (538-597) no Templo Wa-Guan, localizado onde hoje é a Província Jiangsu. Desconhece-se a data precisa da palestra.

A “maravilhosa porta do acompanhamento” abre caminho para dezesseis darmas (fenômenos) excepcionais. O primeiro deles é observar a inspiração. O segundo é observar a expiração. O terceiro é observar a extensão das inspirações e expirações. O quarto é observar o ar inspirado preencher inteiramente o corpo. O quinto é eliminar todos os movimentos corporais. O sexto é absorver felicidade na mente. O sétimo é absorver alegria na mente. O oitavo é absorver todas as atividades mentais na mente. O nono é criar felicidade na mente. O décimo é unir todas essas atividades na mente. O décimo primeiro é descobrir libertação na mente. O décimo segundo é contemplar a impermanência. O décimo terceiro é contemplar a dispersão de todas as coisas. O décimo quarto é contemplar a ausência de desejo. O décimo quinto é contemplar a extinção. O décimo sexto é contemplar o perfeito desapego.

Controle da mente

A mente sem treino tem vontade própria. Meditadores costumam compará-la a um macaco embriagado que cambaleia a esmo pela floresta, sem compreensão e sem o mínimo autocontrole. Nossa mente parece nos pertencer, mas basta sentar com o objetivo de examinar seu funcionamento mais de perto para percebermos que ela simplesmente não nos obedece.

O Shastra Yogacharabhumi descreve nove diferentes níveis de equilíbrio meditativo, ou “permanência mental”. Podemos começar a aprender a controlar a mente estudando esses estágios de equilíbrio e comparando-os com nossa própria meditação.

1. Permanência interiorizada

Esse é o primeiro estágio, em que a atenção é retirada do exterior e completamente interiorizada.

2. Permanência nivelada

No início desse estágio, a mente está interiorizada, mas a atenção caracteriza-se por ser descontinuada e errática. Ora há um tipo de percepção, ora outro e ainda outro.

A forma de trabalhar com esse estado mental é simplesmente deixar que os pensamentos fluam. Acompanhe-os de momento a momento sem se apegar a nenhum deles. Com a prática, esse tipo de consciência descontínua se transformará gradualmente em um estado de tranquila uniformidade, no qual a percepção se apresenta clara e contínua.

3. Permanência serena

Calma e paz maravilhosas são suas características. A chegada desse estágio assemelha-se à chegada do outono em climas temperados: a estação não vem de uma vez só. À medida que vai se acabando o verão e o outono e o inverno se aproximam, a Terra se esfria gradualmente. Um ou dois dias de temperaturas mais baixas serão seguidos por séries de três ou quatro dias de temperatura ainda mais baixa. Mais adiante, haverá frentes frias prolongadas. Enfim, quando o inverno se instalou, os dias quentes terão se transformado em saudade.

Nessa metáfora, o surgir da permanência serena é como a chegada do outono e do inverno. Inicialmente, a pessoa percebe uma leve mudança; depois habitua-se a ela. Quando reconhecer o aparecimento da permanência serena em sua meditação, perceba suas qualidades e valorize seu aprofundamento.

4. Quase permanência

Nesse estágio de sua prática, o meditador vivencia períodos em que nenhum pensamento ilusório é gerado. É o momento em que ele aprende a perceber quando os pensamentos ilusórios estão prestes a surgir, antes mesmo que apareçam. Essa capacidade lhe possibilita proteger sua meditação contra distrações externas e internas.

5. Controle

Nesse estágio, existe uma compreensão profunda dos méritos do samádi e o pleno entendimento de que os Dez Aspectos são as causas de toda ilusão. Os Dez Aspectos são forma, som, cheiro, paladar, toque, ganância, raiva, ignorância, masculinidade e feminilidade. Quem chega a esse ponto conquistou a própria mente e não mais será presa de sua excitabilidade.

6. Grande paz

Esse estágio caracteriza-se por uma calma profunda gerada pela compreensão plena de que a ganância, a raiva e a ignorância constituem a fonte de toda ilusão.

7. Paz suprema

Nesse estágio, pensamentos ilusórios não têm a menor possibilidade de surgir. A mente fica em estado de completa naturalidade e liberdade. O que quer que entre ou saia dela simplesmente entra ou sai, não deixando nenhum resíduo.

8. Concentração

Estágio em que a mente se concentra em um único ponto, descansando em si mesma e completa em si mesma. Nada falta e nenhuma interrupção da consciência pode ocorrer. Algum esforço é necessário para se alcançar este estágio.

9. Equanimidade

Esse estágio só chega depois de longa prática. Nenhum esforço é necessário para alcançá-lo. Nele, a mente entra na plenitude do samádi. A virtude é mantida sem esforço e o mal fica à distância, sem tentar entrar.

Enquanto você observa esses nove estágios, é sempre bom procurar descobrir onde está sua mente. A mente búdica não ocupa um lugar — está além de qualquer localização; portanto, uma vez que as profundezas da sua própria mente são a mente búdica, deduz-se que sua mente, em termos fundamentais, também está além da localização.

Nosso apego ao pensamento ilusório é o que nos prende ao samsara. E é esse mesmo apego que nos impede de alcançar estados profundos de samádi na meditação. A ilusão mais fundamental da mente é sua obstinada necessidade de se aferrar às coisas – ideias, conceitos, desejos, formas, emoções, pessoas etc. A mente é como uma grande mão que sempre quer agarrar tudo o que se aproxima. Os budistas chineses aproveitam essa necessidade da mente para fazê-la se apegar a algo que seja uma ferramenta para sua libertação.

A Explicação Graduada sobre a Perfeição na Meditação ensina cinco métodos que utilizam a própria tendência de se aferrar às coisas como ferramenta para nos libertar dela. Esses métodos agem como uma armadilha para o habitual apego da mente, fazendo-a se fixar em algo que a libertará da ilusão.

A palavra chinesa usada para a ideia de apego é zhi, que significa “prender”, “acoplar”, “afivelar”. É o mesmo termo utilizado nas situações em que se pretende denotar o estado de quem está preso ao samsara ou ao próprio carma. No contexto desses cinco métodos, zhi pode ser traduzido como “concentrar”; infelizmente, uma distinção importante seria perdida. Nestes exercícios, tira-se proveito da tendência de fixar-se, que é própria da mente, e que é também a mesma tendência utilizada para formar desejos, medos ou quaisquer outros apegos que nos prendam a este mundo.

1. Fixe a mente na coroa da cabeça

A Explicação Graduada sobre a Perfeição da Meditação aconselha-nos a “fixar a mente na coroa da cabeça” como meio de superar a sonolência e o torpor. A mente pode ser preguiçosa em seus apegos. O sono, a confusão e as tumultuadas emoções de tateante ignorância são geralmente tão atraentes para ela quanto as resplandecentes formas e cores dos desejos percebidos com clareza. Elevando os apegos inferiores à coroa da cabeça, avançamos muito rumo à superação daquilo que nos prende à ilusão. Esse mesmo texto adverte que, em alguns casos, o abuso dessa técnica pode causar sensações físicas descritas como “vento no corpo” ou relacionadas à impressão de flutuar. Caso isso aconteça, convém interromper o uso da técnica.

2. Fixe a mente nos pontos onde os cabelos se prendem ao couro cabeludo

Esses são excelentes pontos para a concentração, pois é fácil senti-los. A maioria das pessoas tem bons resultados ao tentar essa técnica. É uma prática que pode levar à compreensão quase visual do esqueleto humano e à percepção do quanto o corpo é efêmero. O abuso dessa técnica pode, em alguns casos, levar os olhos a virar para cima e a se ver nuvens de cores brilhantes ou mosaicos abstratos coloridos. Essas formas podem levar a mente a ver imagens ainda mais confusas e até mesmo provocar desmaios. Por isso, é importante não se exceder na prática desse tipo de meditação.

3. Fixe a mente no interior das narinas

As narinas são portais que permitem a passagem do ar para dentro e para fora do corpo. Se a atenção focalizar seu interior, logo a mente se perde no movimento de entrada e saída do ar. Em pouco tempo, os pensamentos param de surgir. Essa técnica é ótima para ajudar a perceber a impermanência do corpo e de todas as coisas. É também uma das melhores para acalmar a mente e levá-la ao samádi.

4. Fixe a mente no umbigo

O umbigo é o “oceano da respiração”, constituindo uma fonte central de energia vital no corpo humano. Dada sua importância, esse ponto é também chamado de “palácio central” em chinês. Ao fixar a mente no umbigo durante a meditação, fazemos com que sangue e linfa fluam para o centro do corpo. Esse fluxo tem muitas propriedades medicinais e pode curar muitas doenças. Ao utilizar tal técnica, é também possível ter a visão das 36 principais partes do corpo reconhecidas no budismo. As mulheres devem ser cautelosas, evitando recorrer a essa técnica com demasiada frequência, porque ela pode causar excessivo sangramento menstrual.

5. Fixe a mente no solo

Concentrando a mente na área sob a almofada de meditação promovemos grande estabilidade em nossa meditação.

Desses cinco métodos, fixar a mente no interior das narinas, no umbigo e no solo são os que trazem mais estabilidade e, normalmente, os que se mostram mais eficazes. Ao meditar, um princípio geral a ser sempre seguido é: se o praticante sentir que seu corpo ficou extremamente leve e tiver a sensação de estar flutuando, deve baixar o foco de atenção. Caso a sensação seja de estar com o corpo muito pesado, como se estivesse afundando, ele deve elevar o foco da atenção.

Desembaraçar-se do desejo e dos caminhos nocivos exige tanto visão quanto sabedoria.
Desembaraçar-se do mundo e descobrir alegria interior é o início da meditação.

Tratado sobre a Perfeição da Grande Sabedoria

 Concluindo a meditação

Tão importante quanto o processo de preparação para a meditação é o processo de saída dela. Se simplesmente pularmos do assento e já começarmos a fazer tudo apressadamente, sem uma transição adequada, podemos perder tudo o que foi ganho durante a meditação e até mesmo vir a adoecer.

Quando entramos em meditação, afastamo-nos do que é grosseiro e agressivo e nos aproximamos do que é refinado e suave. Ao terminar a prática, fazemos o movimento oposto – o calmo e tranquilo mundo da luminosa mente interior precisa gradualmente abrir espaço para as necessidades de movimento físico, para a fala e para os pensamentos que nos acompanham ao longo do dia.

Se nos levantarmos abruptamente após a meditação e nos lançarmos de volta ao ritmo do mundo, poderemos sentir dor de cabeça, desenvolver rigidez nas articulações ou algum outro problema físico. Transições descuidadas da meditação para a consciência comum também chegam a provocar estresse emocional ou irritabilidade. Por isso, ao sair do estado meditativo, é importante atentar para os cinco pontos descritos a seguir:

1. Mude seu foco, trazendo-o para as novas condições

Quando decidir que é o momento de encerrar a meditação, desloque seu foco de atenção do mundo interior para o exterior. À medida que a mente vai voltando a perceber as sensações externas, concentre-se no processo de conclusão da meditação.

2. Expire pela boca algumas vezes

Ao fazer isso, imagine que os últimos venenos presentes no organismo estão sendo expelidos. Sinta que o corpo inteiro participa do ato de respirar.

3. Movimente a parte superior do corpo

Ainda sentado, comece por movimentar delicadamente o tronco para a frente e para trás algumas vezes. Depois, faça torções e movimentos com outras partes do corpo, mas sem forçar. Por fim, massageie suavemente seus ombros, braços, mãos, pescoço e cabeça.

4. Movimente as pernas

Terminada a etapa anterior, comece a movimentar e esticar as pernas devagar, de modo a sentir que elas voltam gradativamente a se mostrar flexíveis e firmes. Atenção: se você fizer a movimentação de modo brusco ou repentino, a sensação será de rigidez e desconforto.

5. Massageie a pele

Massageie suavemente a pele até sentir um agradável formigamento.

6. Massageie os olhos

Quando sentir que o corpo e as mãos já estiverem começando a ficar estimulados de novo, massageie delicadamente os olhos até sentir quer a circulação se normalizou. Quando perceber que os olhos estão confortáveis e prontos, abra-os.

7. Elimine calor

A meditação costuma elevar a temperatura corporal. Tanto assim que há quem transpire durante a prática. Portanto, ao sair da meditação, é importante eliminar o calor ou permitir que ele se estabilize. O corpo pode estar bastante sensível após a meditação. Sensações diferentes devem ser respeitadas e é preciso permitir que o organismo recupere naturalmente sua homeostase.

Ao concluir a prática, é bom refletir sobre a razão pela qual meditamos. A meditação é uma técnica destinada a acalmar nossos pensamentos ilusórios para que a verdadeira sabedoria possa finalmente florescer. À medida que, gradativamente, conseguimos perceber as ilusões da mente, também vai aumentando nossa compreensão da iluminação. Conforme cresce nosso entendimento, intensifica-se nosso desejo pela iluminação. Esse não é um desejo de poder ou de habilidades psíquicas, como os desejos típicos do samsara; mas de aperfeiçoamento da sabedoria e da compaixão. É desejo de levar mais e maiores benefícios para os outros seres sencientes; desejo de se tornar tão benevolente quanto um Buda.

A sabedoria que se desenvolve em nós como resultado da meditação deve ser aplicada à vida no mundo real. Certamente carece de rumo a meditação que não gere uma sabedoria prática e socialmente útil. Huineng, sexto patriarca do Budismo Chan, disse:

O que é a meditação que praticamos sentados? Ela consiste em nos afastar de todas as distrações externas e acalmar a mente. A isso damos o nome de “sentar”. Observar a natureza interior em perfeita calma é o que chamamos de “meditação”.

Huineng também disse:

Afastar-se de todas as formas exteriores é chamado “meditação” (dhyana). Estar perfeitamente interiorizado e sereno é chamado “samádi”.

A meditação não nos leva a um outro mundo, mas revela as mais profundas e assombrosas dimensões do mundo em que já vivemos. Contemplar calmamente tais dimensões, colocando-as a serviço da compaixão e da bondade, constitui a forma correta de rapidamente auferir ganhos na meditação, assim como na vida.

Na meditação, abandonamos os fogos da impureza pelo frescor do claro samádi.
A sensação é a da alegria de cair em água fresca e clara após nos termos queimado ao calor do sol.

Tratado sobre a Perfeição da Grande Sabedoria

Do livro Purificando a Mente – A meditação no Budismo Chinês,
Venerável Mestre Hsing Yün, Editora de Cultura, São Paulo, maio de 2004.

Bodhisattva e voluntário

Este foi um discurso proferido pelo Venerável Mestre Hsing Yun na 12ª Conferência Geral BLIA Fo Guang Shan, em Taiwan, Outubro 4-8 de 2008.

Vice-presidentes, Supervisores, Administração, Supervisores de secção, Presidentes, Distintos Convidados, Membros BLIA, cumprimentos a todos vocês!

A BLIA é uma organização global cujos membros em todos os cinco continentes trabalham localmente para promover a associação. Como membros, reúnem-se na 12ª Conferência Geral da BLIA desde a sua criação há dezessete anos. Eu gostaria de aproveitar esta oportunidade para dizer “Obrigado pelo vosso trabalho árduo!”

O século 21 é uma época de avanço tecnológico. As tecnologias da informação, medicina, bioquímica e de aviação têm empurrado pessoas para a frente em um ritmo tremendo. No entanto, um feito ainda maior da humanidade é os voluntários encontrados em todo o globo. Eles dedicam-se a ajudar as pessoas e beneficiam a sociedade em diferentes cantos do mundo. Eles trazem o calor, bondade e beleza à sociedade e adicionam uma variedade de luz e esperança para este mundo. Para mostrar o lado bom da natureza humana é de fato a maior conquista de todas.

Falando de voluntários, o Buda foi de fato o primeiro voluntário. Depois de atingir a iluminação, ele viajou ao redor da Índia e ensinou o Dharma por cinquenta anos para ajudar a trazer a mente humana a um estado mais elevado de ser. Ele também fez remédios e coseu roupa para os seus discípulos; assim, serviu como voluntário para os seres sencientes. O Buda serviu os seres sencientes por sua própria iniciativa e sem qualquer remuneração. Ele não exigiu aos outros para o seguirem, e até mesmo inspirou muitos bodhisattvas e monges eminentes a também voluntariarem-se para as pessoas. Assim como o Buda disse: “Eu aro o campo de mérito com a minha compaixão e sabedoria, e semeio as sementes da sabedoria Bodhi neste campo.” O Buda era um voluntário para os seres sencientes, e ele permitiu-lhes a colheita deste campo de mérito. Em virtude de Buda, dos esforços diligentes desses bodhisattvas em espalhar as sementes do Dharma e servir os seres sencientes como voluntários, o mundo teve assim as suas trevas dissipadas e ficou cheio de brilho.

Como o tempo passa, as mentes humanas e civilização também continuam a avançar, tornou-se uma tendência para os membros da sociedade oferecerem-se a si mesmos. O trabalho de um voluntário é diferente de um trabalho pago, que trará dinheiro e recompensa. O trabalho voluntário, por outro lado, concentra-se em felicidade, alegria e estabelecimento de boas conexões, o que é bastante diferente da primeira.

A palavra “voluntário” em Taiwan é interpretada com dois caracteres diferentes, yi e zhi, cujos significados são realmente muito distantes um do outro. Yi significa voluntariado-se com sentimento e justiça, uma mente que serve os outros com benevolência e justiça. Zhi, por outro lado, significa fazer algo que você gosta de fora da sua própria vontade, ainda o que esteja a fazer possae não ser necessariamente uma coisa boa. Pode “desejar-se” algo que pode ser bom ou ruim. Um eminente pode querer algo bom, mas um bandido pode também desejar algo que prejudica a sociedade. Wan Jing-wei uma vez tinha dito que alguém pode querer deixar um bom nome para uma centena de gerações ou deixar uma má reputação que será sempre lembrado. Isso mostra, “desejo” para deixar um bom nome para centenas de gerações ou uma má reputação que será lembrado por muito tempo!

A diferença entre yi e zhi pode ser explicada com a diferente entre a sabedoria prajna e conhecimento mundano como explicado nos sutras. Conhecimento pode ser bom ou mau, enquanto inteligência também pode se obstruir a si mesma às vezes. A ciência, por exemplo, é uma forma de conhecimento que tem as suas vantagens e desvantagens. Sabedoria, por outro lado, é bem puro; é perfeição, melhoria, virtuosa, pura e não contaminada. Portanto, quando dás força a ti mesmo para fazer algo, isso pode não ser sempre algo de bom ou ao servir os outros com justiça certamente irá resultar em algo bom e gentil. Sem justiça, o valor da vida deixará de existir. Portanto, enquanto zhi é uma coisa boa, yi dá um significado ainda mais legítimo ao trabalho voluntário.

Recentemente, tem havido um grande número de pessoas que trabalham em lares de crianças, lares de idosos e hospitais como voluntários. Embora a sua contribuição para fornecer roupas, alimentos e assistência material é de fato uma maneira maravilhosa de dar, a melhor maneira de ser um voluntário é de respeitar as quatro instruções do Buda havia ensinado aos seus discípulos sobre esmolas:
1) não há distinção entre ricos e pobres;
2) não escolher entre alimentos grosseiros ou alimentos delicados;
3) não importa se limpa ou suja;
4) não importa com a quantidade de alimento fornecido. Se um voluntário pode basear-se nestas quatro instruções para servir os seres sencientes com igualdade e ajudá-los a resolver os seus problemas, pode-se, então, ser chamado o voluntário mais sábio.

Apesar de tudo isso, alguns ainda têm atitudes incorretas em relação ao trabalho voluntário, e têm causado apenas mais obstáculos para o estabelecimento de boas causas e condições. Tome budistas, por exemplo, alguns vão para ajudar nos templos mas quando chega a hora da refeição, eles recusam-se a ficar para comer, porque eles sentem que eles estão a tirar proveito do templo, o que fará com que os seus méritos diminuam. No entanto, o budismo defende a igualdade entre o doador e o receptor. Se alguém faz uma oferenda de comida, ele ou ela está ainda obrigado a pagar o respeito àqueles que aceitam a oferta, porque o doador também precisa ser gratos aos receptores para darem-lhe uma chance de semear as sementes de mérito. Assim, cada pedaço da sua dedicação merece uma parte das ofertas feitas pelos devotos.

Além disso, alguns também acreditam que é errado obter um emprego pago nos templos budistas ou na organização, porque uma vez que eles aceitam dinheiro do templo, os seus méritos também desaparecerão. Devido a essa idéia, muitas pessoas têm sido incapazes de contribuir para o budismo. Mesmo bodhisattvas precisam aceitar as ofertas das pessoas. Até bois e cavalos precisam que seja dada água e comida para puxar as carroças. Portanto, mesmo se alguém está a fazer trabalho remunerado para o budismo, eles ainda são considerados voluntários. Desde que não se preocupe com a recompensa de pagamento, mas sim servir e ajudar as pessoas, os seus méritos não serão esquecidos.

Eu também ouvi muitos budistas bem-sucedidos dizer, “Eu irei ao templo para ser voluntário depois de me aposentar.” No entanto, se está realmente disposto a servir os outros, não precisa esperar até à reforma. Ele já pode fazer um desejo de ser um bodhisattva que nunca recua ou pára neste exato momento. É muito difícil renascer como um ser humano e mesmo se já tem a chance de ser um ser humano novamente tal pode ser ainda mais escasso. A vida não seria mais significativa se pudessemos agarrar todo presente minuto e segundo para estabelecer boas ligações de amplas e longas? Portanto, não precisamos esperar para sermos voluntários no futuro; a prática de bodhisattva pode ser realizada no aqui e agora através do nosso espírito de voluntário. Nós já podemos beneficiar e trazer alegria para os seres sencientes através das nossas práticas das Quatro Virtudes e Seis Paramitas.

Durante muito tempo, os membros da Blia envolveram-se em esforços mundanos com idéias que transcendem o mundo. Eles têm demonstrado cuidado altruísta para com as outras pessoas, para a sociedade e para a Terra com amor incondicional e compaixão imparcial. Eles têm até mesmo jurado propagar o budismo e tornar o mundano numa Terra Pura humanista. Assim, eles realmente merecem ser chamados de “voluntários dos voluntários.” Um verdadeiro voluntário segue o espírito dos bodhisattvas que são compassivos para com todos os seres e beneficiá-los com imparcialidade. Por esta razão, não só os seres sencientes em dificuldades no mundo Saha precisam de bodhisattvas para libertá-los do sofrimento, eles também estão na extrema necessidade dos voluntários que trazem à luz o espírito do caminho do bodhisattva através de suas ações.

Por tudo dito acima, eu gostaria de partilhar os seguintes pontos no discurso deste ano, “Bodhisattva e Voluntariado”: Um Bodhisattva é um voluntário para os seres sencientes, enquanto um voluntário é um Bodhisattva para o mundo como se disse num sutra “Se deseja se tornar um dragão ou elefante do budismo, deve primeiro aprender a servir os seres sencientes como o cavalo e o boi.” Esta é uma demonstração de bom coração de um bodhisattva e os votos de compaixão. Portanto, chama-se bodhisattva àquele que está disposto a beneficiar os seres sencientes e aspira a iniciar a bodhicitta que promete “chegar para cima para o estado de Buda, e recuar para entregar os seres sencientes”, como resultado de tornar-se desperto para as verdades do sofrimento, o vazio e a impermanência. Se monásticos ou leigos, nobres ou pobres, qualquer um que se encaixa nos critérios acima e pode ser chamado de bodhisattva. Por outro lado, uma vez que uma pessoa se comprometeu a desenvolver o bodhicitta e está disposto a praticar o caminho do bodhisattva, ele ou ela será, certamente, disposto a servir os outros e a ser um voluntário para todos os seres sencientes.

Os Quatro Grandes Bodhisattvas do budismo serviram como voluntários a todos os seres sencientes. Por exemplo, Avalokitesvara Bodhisattva escutou os sons dos gritos, aliviando os aflitos, ajudando-os a tornarem-se destemidos; Assim, ele foi o voluntário mais compassivo de todos. Manjusri Bodhisattva inspirou as mentes dos seres sencientes com sabedoria; assim, ele era o mais sábio de todos os voluntários. Ksitigarbha Bodhisattva prometeu “nunca atingir o estado de Buda até que todos os seres sejam libertados do inferno” e “para atrasar a realização da sua iluminação até que todos os seres sencientes sejam libertos;” assim, ele era o voluntário com a maior aspiração. Samantabadhra Bodhisattva percebeu os seus dez votos com base em seres sencientes, como uma prática de cultivo para todos; Assim, ele foi o voluntário com a maior prática ascética. Outros mestres budistas, elevados, também dedicaram as suas vidas à manutenção da sabedoria e da propagação do Dharma de Buda. Por exemplo, Nagarjuna escreveu vários sastras e comentários para propagar o Budismo Mahayana; Aryadeva refutou opiniões falsas e revelou o Dharma justo; Asanga mudou o seu irmão que, como ele, passou do veículo pequeno para o maior veículo; Vasubandhu conquistou os hereges com seus escritos em lugar de uma espada; e Asvagosha expressou a verdade com os seus poemas e canções. A sua devoção abnegada ao voluntariado para libertar os seres sencientes também trouxe um raio de esperança para este mundo, e dissipou a sua escuridão.

Os discípulos de Buda, como Shariputra, Maudgalyayana e Purna ofereceram a sua sabedoria, poder sobrenatural e eloquência para ajudar o Buda expor os seus ensinamentos. Aniruddha não tinha medo das condições atmosféricas adversas e viajou para lugares para resolver disputas e arbitrar monásticos. Bhiksu Tuo-piao recebeu e atendeu monásticos por décadas, e recebeu um dedo iluminado como resultado de seus trabalhos voluntários.

Se alguém olhar para os textos budistas, vai achar que muitos Mestres Ch’an tinham prometido dedicar todas as suas vidas para servir os seres sencientes. Por exemplo, o Mestre Ch’an Wei-shan Ling-yu prometeu para renascer como um touro para que ele possa ajudar as pessoas a puxar os seus carros; Chao-chou prometeu renascer no inferno para que possa salvar os seres sencientes a partir dele. Alguns também dedicaram toda a sua vida ao trabalho e prática ascética, sem qualquer arrependimento. Mestre Ch’an Xue Feng serviu como chefe a cozinhar arroz sob o seu mestre Dong-shan; Mestre Ch’an Xiao-cong serviu como chefe de luzes e velas sob o seu mestre Yun-ju; Mestre Ch’an Ji-shan serviu como chefe de lenha sob o seu mestre Tou-zi; Mestre Ch’an Yi-huai serviu como chefe de limpeza de latrinas sob o seu mestre Cui-feng; Mestre Dao-yuan serviu na cozinha no templo Tian Tong sessenta anos, e até mesmo dispôs cogumelos sob o sol escaldante para secá-los. Tais espíritos desejando apenas a libertação dos seres sencientes, não para o seu conforto e felicidade é uma demonstração perfeita de um voluntário bodhisattva.

Ao longo de muitas gerações de budistas, muitos monges amplamente praticam ações benevolentes e fazem grandes contribuições para o bem-estar social. Seja construindo pontes e pavimentação de estradas, o plantio de árvores e arborização, cavando poços, criando pavilhões que servirem chá, protegerem e libertarem a vida, fornecendo tratamento médico para os pobres, ajudas de emergência, construção de templos e oferecendo abrigos, estabelecendo orfanatos e lares de idosos, criação de hospitais, dando caridade, criação de escolas livres, ou ensinar a fé correta e verdadeira, eles têm feito inúmeras boas ações em benefício da sua comunidade. Eles tinham uma crença inabalável no fato de que no trabalho se alargam os horizontes, servir as pessoas, e até mesmo trazer o valor da vida a um plano mais alto. Portanto, o que mais pode ser melhor do que um voluntário oferecer o seu trabalho e dedicação? Não foram só os bodhisattvas e monges felizes em ser voluntários para os seres sencientes, muitos governadores e reis também o fizeram mesmo durante todo o curso da história budista.

Magadha Asoka III configurou armazenamentos médicos em todas as quatro portas da cidade para o seu povo e monges. Todos os dias, ele iria fazer oferendas de mil unidades de dinheiro para a construção de stupas e estátuas, de mil para bhiksus séniores, dez mil à comunidade monástica, e dez mil para a compra de medicamentos. Ele também plantou árvores nas laterais das estradas e escavou poços para que os viajantes tivessem um lugar para se recuperar do tempo quente. Como governante de uma nação, o rei Asoka serviu o seu povo como um voluntário e permitiu-lhes uma vida estável e pacífica, permitindo também a sua nação a prosperar.

O Pai do budismo japonês, o príncipe Shotoku incentivou o seu povo a ter fé na Jóia Tríplice. Em Shitennoji, Osaka, construído por ele, ele incluiu tribunais, como o Hiden-in, Kyoden-in, Ryobyo-in, e Seyaku-in para fornecer gratuitamente consulta médica, abrigo e alívio de doença para os pobres e necessitados.

Imperador Liang da dinastia Sul e do Norte chinês era um budista devoto. Ele não só estudar o budismo e intensamente observado o Bodhisattva Preceitos, ele mesmo servido no Tong Tai Temple em três ocasiões separadas, apesar de sua posição nobre como um imperador. Assim, ele foi dado o título, “um imperador bodhisattva.” A partir disso, podemos ver que apenas contanto que alguém possui o espírito bodhisattva e está disposto a servir os outros, pode ser nomeado um rei bodhisattva, ou até mesmo um ministro bodhisattva, médico bodhisattva, ou professor bodhisattva. Bombeiros voluntários e policiais também são manifestações do bodhisattva.

Eu costumava insistir que “todos devem ser um polícia”, para que eles possam ajudar a polícia a manter a ordem numa sociedade que transborda com caos e problemas. A melhor maneira para uma nação ou sociedade melhorar é que todos possam ser um policia. A polícia é como um guardião que também mostra o espírito bodhisattva. Portanto, não são apenas necessárias a compaixão e a iniciativa para a prática do caminho do bodhisattva, também é preciso fazê-lo com atuação efetiva e bravura.

O BLIA é uma organização que se esforça para perceber o caminho do bodhisattva e praticar o caminho do Buda. Desde a sua criação, não só os nossos membros ofereceram os seus serviços nos templos, ajudando na cozinha, atendendo chamadas telefónicas, recebendo convidados, orientando o trânsito, varrer e limpar, fazer a papelada, edição no computador, design cartaz, e publicidade e contactos, eles também oferecem-se em serviço social em diferentes estratos sociais.

Recentemente, as boas ações da BLIA foram relatados regularmente pelos meios de comunicação; por exemplo, os “Mums Loving” que ajudam crianças em idade escolar atravessar a estrada foram muito apreciados pelos pais; os voluntários em hospitais que ajudam pacientes a registar-se têm assistido inúmeras pessoas idosas; a “Equipa Amizade e Serviço do amor” foi para áreas remotas para fornecer consulta médica gratuita e poupou muitas famílias de pressões de ter de pagar o tratamento médico; e o Humanist budist Reading Association espalhou a fragrância de leitura para muitas famílias.

Outras atividades, como plantio de árvores, A Campanha Sete Advertências, Carnaval para Estudantes especial, as atividades de reciclagem de papel, e visitas a prisões e centros de reabilitação de drogas têm sido activamente promovidas por membros Blia e voluntários. Em particular, o comportamento, forma, fala, sacrifício e contribuição demonstrada por membros Blia durante suas atividades voluntárias ganharam muito reconhecimento. Por exemplo, os membros da BLIA, Los Angeles recebeu um pedido especial para dirigirem o tráfego numa reunião das Nações Unidas, realizada em Los Angeles; muitas organizações governamentais também fizeram pedidos para BLIA, Chunghwa para recomendar membros do sexo feminino para ajudar nos seus eventos como voluntários.

Na minha opinião, independentemente do tipo e importância do evento, apenas contando que ele é um benefício para o público, a BLIA tem a obrigação de oferecer-se a si mesma. Também é missão dos membros da Blia serem voluntários que atuam como um fio que liga todos os tipos de boas causas e condições em conjunto e oferecem a sua parte no estabelecimento de uma Terra Pura Humanista. Em geral, ser um voluntário significa a dedicação de toda uma vida; é a oferta de força, tempo e boa vontade. Portanto, um voluntário é um praticante bodhisattva que integra tanto a compreensão e a prática do Dharma. Quando confrontado com uma vida de sofrimento, o vazio e a impermanência, as pessoas normalmente oram a budas e bodhisattvas para abençoá-los em tempos de dificuldades e desesperança. A verdade é que os voluntários do budismo são como o Bodhisattva com mil olhos e mil mãos que servem em nome dos budas e bodhisattvas. Portanto, certamente não há palavras que correspondem plenamente ao elogio de um bodhisattva para dizer “um bodhisattva é um voluntário para os seres sencientes, enquanto um voluntário é um Bodhisattva para o mundo.”

Grupo de estudo budista em Novembro – as Quatro Nobres Verdades

Dia 5 de Novembro às 19h00 iremos iniciar um novo grupo de estudo budista com o tema As Quatro Nobres Verdades, seguindo os ensinamentos do Ven. Mestre Hsing Yun.

Através deste trabalho, partilha do grupo de estudo, vamos ver o que é o sofrimento, a sua causa e a secessão do mesmo.

Na primeira aula, a Mestre Miao Yen irá mostrar-nos como funciona o Templo e algumas das particularidades como a saudação ao Buda.

As aulas são gratuitas e seguidas de um período de meditação no Templo. Quem pode deixar um donativo para o Templo. As aulas estão abertas a todos, não precisam de ter conhecimento prévio sobre o budismo ou serem budistas.

 

Início das aulas de Tai Chi – 7 de Novembro

A partir do dia 7 de Novembro, todos os sábados às 9h30, teremos aulas de Tai Chi no Templo Fo Guang Shan, em Lisboa, com a professora Lili.

O Tai Chi, contribui para o nosso equilíbrio e promove a harmonia entre a mente e o corpo. Auxilia numa maior flexibilidade, força de braços e equilíbrio mental, físico e psicológico, contribuindo para uma vida mais sã e duradoura. É uma prática ideal para quem sofre de ansiedade ou mesmo depressão e procure encontrar harmonia em si.

tai chi

Informações

Horário: 9h30 (duração de 1h)
Valor: Donativo de €5 para o templo
Inscrições: geralg2@ibps.pt

Impermanência e desapego

Ao mestre raiz e a todos os mestres de linhagem

Agradeço o Dharma e as transmissões do Dharma

Possam todos os seres beneficiar da sua luz

Possa eu ser um portador dessa luz.

 

Reconhece todas as coisas como sendo assim:

Uma miragem, uma nuvem castelo

Um sonho, uma aparição,

Sem essência, mas com qualidades tangíveis.

 

Reconhece todas as coisas como sendo assim:

Como a lua num céu brilhante

Refletida num qualquer lago límpido,

Embora para esse lago a lua nunca se tenha movido.

 

Reconhece todas as coisas como sendo assim:

Como um eco que provém

De música, sons e choro,

Embora nesse eco não exista melodia.

 

Reconhece todas as coisas como sendo assim:

Tal como o mágico faz ilusionismo

Com cavalos, bois, gatos e outras coisas,

Nada é o que aparenta ser.

Samadhi Raja Sutra

Buddha

 

Nada é o que aparenta ser…no entanto tudo tem qualidades tangíveis. No que aparenta ser uma tremenda contradição está uma das grandes verdades fundamentais do Dharma: a vacuidade (Śūnyatā). Se não for devidamente estudado e não se fizer uma profunda reflexão e permear tudo com meditação, é grande o risco, mesmo para budistas, de cair no niilismo ou no eternalismo.

Os fenómenos não têm existência intrínseca porque não existem por si só. Se assim fosse, todas as coisas seriam eternas e, logo, permanentes, imutáveis. Segundo esta mesma linha de pensamento nada surgiria dos fenómenos permanentes, pois algo que não muda não pode dar origem a alguma coisa, pois isso seria uma mudança. Também não são inexistentes uma vez que se manifestam. Se se manifestam é porque existem. Se nada fossem, nada deles poderia surgir.

Todo o universo está em permanente mudança. Mudança que se manifesta no microcosmos de forma subliminar para os nossos órgãos dos sentidos e no macrocosmos como as mudanças aparentes que podemos percecionar. Continuamente.

Certo dia, nos meus trintas, num episódio fortuito, umas miúdas, certamente universitárias, trataram-me por senhor. Nesse momento percebi que havia uma grande distância entre a idade com que me sentia e a minha verdadeira idade biológica. Percebi que me havia cristalizado na idade em que os ideais surgem e me sentia mais vivo. Desde então uma década, e parte de outra, tinham decorrido sem que o tivesse divisado. Seria impensável que essa mudança, drástica, se tivesse dado naquele momento. Fisicamente, a cada momento que passou, morreram células e nasceram outras, a minha fisionomia foi mudando imperceptivelmente e o espelho lá em casa não serviu para nada, pois não ajudou! Mentalmente, a cada momento, a perspetiva que tinha das coisas, do mundo e de mim mesmo, foi mudando de forma imperceptível. De repente, porque uma jovem me trata por senhor, tudo me cai em cima!

A todos nós esta constatação acontece de alguma forma, mas nem sempre lhe damos a devida atenção e continuamos alegremente a mudar, a caminhar para a velhice e a morte sem nos darmos conta e a afirmar: “eu sou assim, sempre fui assim” firmemente convictos da nossa permanência. Até ao dia em que a realidade nos cai inevitavelmente em cima porque a doença finalmente nos tocou. Nesse momento sentimos que até nós teremos um fim e um sentimento de insatisfação se instala no nosso íntimo.

Tal como o mágico faz ilusionismo…nada é o que aparenta ser…

No século passado a ciência constatou o que o Buda afirmou há mais de 2 500 anos: todos os fenómenos são manifestações momentâneas de causas e condições e estão em permanente mudança pois as causas e condições que os suportam são, também elas, manifestações momentâneas de outras causas e condições, numa intrincada e interminável cadeia de interdependência.

Uma miragem, uma nuvem castelo

Um sonho, uma aparição,

Sem essência, mas com qualidades tangíveis.

As coisas manifestam-se, algumas são tangíveis, mas não tem essência própria, dependem das causas e condições que as suportam.

Os seres sencientes, nós, por exemplo, por muito que nos custe admitir, não passamos de manifestações transitórias totalmente interdependentes de tudo o que nos rodeia. Somos matéria (rūpa) e consciência (vijñāna). Posto de outra forma – ainda assim, resumida -, somos um agregado de 5 Skandhas, forma (rūpa), sensação (Vedanā), discriminação (Samjñā), volição (Samskara) e proliferação mental (Vijñāna).

O Buda Shakyamuni falou muito sobre os cinco Skandhas. Também se referiu a eles como os cinco agregados ou os cinco amontoados. Os Skandhas podem ser abordados, de uma forma muito geral, como os componentes que se combinam para constituir uma individualidade. Tudo o que possamos pensar enquanto ‘Eu’ é uma função dos Skandhas. Dito de outra forma, poderíamos conceber um indivíduo como um processo de Skandhas.

Quando o Buda ensinou as Quatro Nobres Verdades, começou com a primeira verdade, vida é “dukkha.” Esta expressão é frequentemente traduzida como “vida é sofrimento”, ou “desgastante” ou ainda “insatisfatória”. Porém, o Buda também usou o termo para significar “impermanente” e “condicionada”. Estar condicionado é estar dependente de ou afetado por alguma coisa.

As componentes dos Skandhas operam de forma tão coordenada que criam uma sensação de um “eu”. E essa é a génese do que no budismo é designado por Ignorância (Avidyā). A crença num ou a identificação com uma individualidade separada de tudo o resto. Isto é, a crença de que existe um “Eu” independente de tudo o resto. Fundamentados nessa crença pensamos, “Eu sou um e único. Tudo o resto não é eu. É algo diferente de mim.” Desta noção ilusa da realidade surge a visão dualista, pois se existe um “Eu”, existe também “outros”. Até aqui sou “eu”. Daqui para fora são os “outros”. Uma vez feita esta divisão, surgem duas formas de reação: ” Isto é agradável e eu quero!” e “Isto é desagradável e eu não quero!”. A esta reação dá-se o nome de Apego.

Para haver apego são necessários dois fatores: aquele que se apega e o objeto, pessoa ou fenómeno ao qual este se apega. Por outras palavras, “apego” requer auto-referência, e requer percepcionar o objeto de apego como algo separado do observador. O Buda ensinou que vermo-nos e a tudo o resto desta forma é ilusório (ignorância). Pior, é esta ilusão que constitui a causa mais profunda de infelicidade “dukkha”. É precisamente por nos vermos separados de tudo o resto que nos apegamos.

As pessoas em geral têm o preconceito de que para ser ‘budista’ temos de nos livrar de todos os apegos, amigos, família, etc. Enfim, que temos de nos separar dos objetos de apego para enveredar pela via budista. Isso é uma visão errada. Do ponto de vista budista, desapego é precisamente o oposto de separação. Vejamos: vimos atrás que para haver apego são necessárias duas coisas, aquele que se apega e o objeto de apego. No desapego, por outro lado existe unidade porque, na verdade não há nada a que nos apegarmos. Se nos unificámos com o universo como um todo, não existe nada fora de nós. A noção de apego torna-se absurda. Quem se apega a quê?

Por acreditarmos que temos existência intrínseca sob a nossa pele, e que tudo o que está fora dela é tudo o resto, percorremos o interminável ciclo de nascimento e morte (Samsāra) a perseguir uma coisa após a outra para nos sentirmos seguros, ou felizes. E só conseguimos acumular infelicidade e causas de mais infelicidade (karma).

 

“Contrariamente ao que algumas pessoas pensam, não há nada de errado em desfrutar de prazeres e divertimentos. O que está errado é a forma ilusa com que nos apegamos a esses prazeres, tornando-os numa fonte de sofrimento, dor e insatisfação.”

Lama Yeshe

 

A contemplação da impermanência de todos os fenómenos é uma excelente forma desenvolver o desapego. O Buda disse que a vida é como observar uma gota de orvalho numa folha. Quando o sol nasce desvanece-se como se nunca lá tivesse estado. Tal é a verdadeira essência de todos os fenómenos. Surgem quando as causas e condições se conjugam, permanecem enquanto as mesmas os suportam e cessam quando deixam de ser suportados por elas.

Se observarmos com atenção plena a forma como tudo se desenrola à nossa volta, incluindo nós mesmos, percebemos que a única permanência no universo é a impermanência de tudo.

Todo o universo é fluído, em constante mudança. Portanto, quando tomamos consciência de que nos apegamos a alguma coisa, devemos contemplar a sua impermanência. Apego-me a quê? Mesmo que não tenhamos presente a visão da vacuidade da nossa existência e nos vejamos como alguém, independente de tudo o resto – a tal visão dualista do “eu” e “tudo o resto” – podemos começar por contemplar que nada é permanente e que, mais cedo ou mais tarde, cessará. Então, contemplemos porque nos apegamos. Apegamo-nos porque algo ou alguém ou uma sensação nos é agradável e nos faz sentir bem, certo? E queremos repetir indeterminadamente essa experiência agradável porque nos faz sentir felizes. Reparemos, então, que até essa sensação de felicidade é efémera. Porque é desagradável perdê-la sentimos receio e queremos repetir novamente, e outra vez e ainda outra, perpetuando a nossa infelicidade. Não é de loucos? Basta parar e observar com atenção plena. Se nos habituarmos a fazer este exercício, a nossa visão do mundo e de nós mesmos vai subtilmente mudando, vamo-nos libertando das correntes da escravidão do apego e apreciando os eventos no momento, aqui e agora, enquanto permanecem, deixando-os ir quando se desvanecem e se tornam uma simples memória.

Mas, e relativamente ao que nos é desagradável? O apego manifesta-se na dualidade. Apegamo-nos ao que nos desagrada da mesma forma como nos apegamos ao que nos dá prazer. Quando temos uma experiência que nos causa desagrado ou sofrimento, tudo fazemos para não a repetir. Naturalmente, o resultado é o oposto, perpetuando o nosso sofrimento. A angústia de tanto não querer algo é sofrimento puro, tanto quanto o de querer. De facto, quando falamos de apego devemos abordá-lo na sua integridade. Já vimos que do apego surgem dois tipos de reação: atração e repulsa. Isto é apego.

Tal como o que nos dá prazer é efémero, também o que nos traz insatisfação o é. Logo, da mesma forma, devemos contemplar a sua impermanência e deixar que os eventos fluam até se dissiparem.

Não significa que nos devemos simplesmente colocar no papel de observador. Os acontecimentos têm frequentemente repercussões nas nossas vidas e devemos aprender com eles, mas não devemos deixar-nos arrastar por eles e viver no passado ou projetá-los num hipotético futuro. Até porque a própria existência, como tudo o resto, é impermanente. O futuro é apenas uma projeção mental, não existe e não sabemos como se manifestará ou se virá a acontecer. Só temos um ciclo de respiração. Quando expiramos não existem certezas de que voltamos a inspirar. É quão precária e impermanente a vida é!

Como devemos reagir a esta verdade? Bom, temos duas possibilidades: ou a abordamos de forma fatalista e niilista, entendendo que o futuro não existe, para quê viver ou, por outro lado, podemos agarrar o momento e vivê-lo com consciência plena da sua impermanência e perceber porque se desvanece, quando isso sucede.

 

Consciência da impermanência e apreço pelo nosso potencial humano dá-nos uma noção de emergência de que devemos usar cada precioso momento.

Dalai Lama

Todos os momentos são únicos e preciosos. Nada dura, nada se repete, tudo e fluido. Deixemo-nos fluir com o universo.

Prazer e dor são faces da mesma moeda. Não existem um sem o outro. Abraçar um e repudiar outro é dualismo. Ao abraçar ambos, perceberemos, finalmente, que nem um nem outro existem na realidade. São, como tudo o resto, manifestações temporárias e interdependentes.

O desapego conduz ao abandono dos oito dharmas mundanos:

O prazer e a dor,

O sucesso e o insucesso;

A riqueza e a pobreza

A fama e a infâmia.

Abordaremos este tema no próximo artigo.

Ngawang Ananda

 

Por estes méritos possa eu atingir a omnisciência

E vencer os três venenos

Possam todos os seres presos pelas ondas do nascimento, velhice, doença e morte

Ser libertados do oceano da existência.