Se existem conceitos com extrema relevância no budismo este é um deles, Os quatro selos do Dharma.
Os quatro selos são indubitavelmente a entidade da via ensinada por Siddhartha Gautama, o Buda.
O Budismo é frequentemente visto como uma filosofia e não como uma via espiritual, derivado a sua abrangência e profundidade. O Buda ensinou os quatro selos como forma de o caracterizar, e de o olharmos com objetividade:
Primeiro selo – Impermanência (Anitya) – todos os fenómenos são compostos, tudo o que é composto é impermanente e encontra-se em constante mutação A única coisa que não muda é a própria mudança, quer queiramos quer não.
Segundo selo – Ausência de individualidade, “não eu” (Anatman)– todos os fenómenos são desprovidos de uma existência intrínseca e dependem de causas e condições para se manifestarem. O suposto “eu” nada mais é que um conjunto de partes em constante metamorfose e isto não acontece simplesmente com os seres sencientes, aplica-se a todos os fenómenos.
Terceiro selo – Todas as emoções são sofrimento (Dukkha) – aceitamos que emoções como a raiva e o ciúme, são sofrimento. Mas o que dizer do amor e do carinho, da bondade e da devoção? Não as encaramos como sendo sofrimento. No entanto, as emoções implicam dualidade, o que cria sofrimento. Emoções como a dor e a raiva são na verdade apenas o amadurecimento de emoções mais subtis, surgem no final de um processo. A causa é a verdadeira emoção, a mente dualista, e isso inclui todos os pensamentos que temos. Se gostamos logo surge o medo de perder e, logo, o sofrimento. Apegamo-nos e queremos repetir vezes sem conta as boas experiências numa tentativa vã de as perpetuar; se não gostamos logo surge o medo de voltar a ter essa experiência e tudo fazemos para que não se repita apenas conseguindo nestes dois processos perpetuar o sofrimento.
Quarto selo- Nirvāna- palavra do sânscrito para designar ausência de sofrimento, de insatisfação, de aniquilação, de mal-estar e de obscurecimento. A ausência de tudo isto é a paz suprema que existe e sempre existiu em cada um de nós. Descobri-la é o caminho.
Todas estas quatro partes conhecidas como selos são transversais a todas as 3 vias ou escolas budistas pois, são o cunho, o timbre, o carimbo e próprio bilhete de identidade do Dharma.
Passamos por esta vida considerando que a nossa individualidade e o mundo são entidades sólidas, estáveis e duradouras, permanentes apesar das constantes evidências de que tudo está sujeito ao surgimento, à mudança e à cessação. Assumimos que temos direito ao prazer, e tudo fazemos para o garantir e intensificar com um fervor que não é ameaçado pelos repetidos encontros com a dor, o desapontamento e a frustração, enfim, o sofrimento (dhukka). Percecionamo-nos como egos delimitados, apegando-nos às várias ideias e imagens que formamos de nós mesmos como uma identidade indiscutível e verdadeira. Tomamos todas as decisões fundamentados nessa visão ignorante perpetuando a nossa viagem pelo samsara.