Ao longo de mais de uma hora na palestra sobre estudos budistas, baseado no Sutra do Coração, dada pelo Mestre Hsin Ting, Joana Dias traduziu de forma brilhante e viva a mensagem que era passada, de coração. Entrevistamos a Joana Dias, para termos uma outra perspectiva sobre os ensinamentos do Mestre Hsin Ting e conhecermos a sua experiência neste trabalho de tradução.
Como foi para ti conhecer o Mestre Hsin Ting?
Foi muito emocionante. É uma pessoa muito educada, evoluída. Isso nota-se na simples forma como lida com as pessoas à sua volta, dando-lhes toda a sua atenção. Também pela forma como resolve os problemas que vão surgindo, sem ralhar sem negativismo, sempre de forma objectiva e amável. O seu cansaço era notório, mas sempre que lhe fazemos uma pergunta ele abdica do seu repouso tão necessário, para tentar informar, ajudar, dar uma parte de si ao outro . é fantástico. É a terceira vez que faço a tradução de um mestre budista. Das duas vezes anteriores foi a mestra Man Chien, graças à qual me iniciei neste estudo do budismo, para poder preparar as traduções. Senti-me muito contente por ela também estar presente cá desta vez.
Da tua experiência, esta foi uma tradução fácil ou complexa?
Esta foi uma tradução complexa, como alias foram as outras duas. Eu tenho alguma facilidade em entender os conceitos abstractos da filosofia budista, pois tenho me debruçado nos últimos anos a ler estudar e tentar praticar, os ensinamentos das três grandes escolas de pensamento chines: o budismo o confucionismo e o taoismo. Se não tivesse esse gosto pessoal, seria impossível traduzir. De resto, as dificuldades da tradução ligam-se também muito ao facto de o conteúdo ser criado no momento. As histórias que o mestre escolhe contar são tão novas para mim que preparei os conteúdos das obras do mestre como para os restantes ouvintes. E o tempo, pois não há momentos de pausa de descanso. O cérebro a certo ponto quer se desligar, quer relaxar, começa a ter dificuldades em se focar.
De toda a palestra, qual o ensinamento que mais apreciaste?
O ensinamento que me marcou mais da palestra foi a objectividade com que o mestre abordou a morte, a destruição do corpo . Não nos veio dar coisas “bonitas”, coisas confortáveis, coisas ilusórias. Ele veio ajudar-nos a mudar as nossas vidas. A transmutar o sofrimento. Conseguir fazer isso com objectividade e simplicidade é algo fantástico…
Que importância teve, para ti, esta palestra?
Bem, eu aprendo sempre tanto com a preparação destas palestras que me sinto uma privilegiada… São experiências de importância vital no meu próprio desenvolvimento pessoal. E por isso o mínimo que posso fazer é tentar dar o meu melhor para que a mensagem possa chegar às outras pessoas. Esta palestra surgiu numa altura em que estava a precisar de perceber como lidar com certos problemas da minha própria vida. Aquilo que aprendi com a mensagem do sutra do coração foi que qualquer problema que nos surge somos nós próprios que o criamos e que só podemos resolver com objectividade e compaixão.