O significado da vida humana não deve ser encontrado apenas na capacidade de uma pessoa de cuidar do seu bem-estar material. É muito mais importante que a pessoa também eleve a sua consciência e alcance a libertação espiritual. Quando alguém se junta à BLIA, ela imediatamente começa a misturar o seu eu pequeno com o eu maior de uma organização internacional. Qual é a vantagem de fazer isso? Nas próximas quatro seções, tentarei dar uma resposta detalhada a essa pergunta.
Continuar a ler “A importância da BLIA pelo Ven. Mestre Hsing Yun”Grupo budista quer mudar a China pela fé
Durante boa parte da sua vida, Shen Ying sentia-se decepcionada com o mundo em seu redor. Ela observava a ascensão económica da China nesta pequena cidade no Vale do Rio Yangtze, onde vivia uma vida confortável de classe média, gerindo uma loja de conveniência num centro comercial. Ainda assim, a prosperidade parecia não significar muito.
Ela temia perder a loja caso não agradasse as autoridades correctas. Escândalos recorrentes sobre a insegurança alimentar, ou comida para bebés contaminada feita por empresas que já tiveram boa reputação, deixaram-na desapontada. Ela lembrava-se dos valores que o seu pai havia tentado incutir – honestidade, economia, justiça –, mas disse que seria impossível viver esses ideais na China de hoje.
“Fico desapontada com a conduta desonesta na sociedade”, afirmou.
Então, há cinco anos, uma organização budista de Taiwan chamada Fo Guang Shan, ou Montanha Iluminada de Buda, começou a construir um templo nos arredores de Yixing. Ela começou a frequentar as reuniões e estudar os textos – e isso mudou a sua vida.
Shen e o marido, um empresário bem sucedido, passaram a levar uma vida mais simples. Abriram mão de produtos de luxo e fizeram doações para ajudar crianças necessitadas. E antes do templo abrir as portas no ano passado, ela deixou a sua loja de conveniência para abrir uma loja de chás, dedicando os lucros para a caridade.
Em toda a China, milhões de pessoas como Shen começaram a participar de organizações religiosas como a Fo Guang Shan. O seu objetivo é preencher o que acreditam ser o vácuo moral deixado pelos ataques aos valores tradicionais ao longo do último século, especialmente sob o comando de Mao, assim como a adopção de um capitalismo selvagem.
Muitas pessoas querem mudar o país – torná-lo mais cheio de compaixão, mais civilizado e justo. Mas, ao contrário dos dissidentes políticos e de outros activistas oprimidos pelo Partido Comunista, eles esperam mudar a sociedade chinesa por meio da devoção pessoal e trabalhando com o governo, ao invés de contra ele. E, de modo geral, as autoridades não parecem incomodar-se com o grupo.
Fo Guang Shan talvez seja a mais bem sucedida dessas organizações religiosas. Desde que chegou à China há mais de uma década, o grupo criou centros culturais e bibliotecas em grandes cidades chinesas, imprimindo e distribuindo milhões de livros por meio de editoras estatais. Embora o governo esteja controlando com mão de ferro a maioria das organizações religiosas estrangeiras, o Fo Guang Shan floresceu, espalhando a poderosa mensagem de que acções individuais de caridade podem ajudar a remodelar a China.
Contudo, isso só foi possível por meio de ajustes e acordos. O governo chinês desconfia das actividades espirituais que não controla, proibindo a mistura de religião e política. Isso levou o Fo Guang Shan a limitar a sua mensagem social e até mesmo o seu conteúdo religioso, concentrando-se ao invés disso em promover o conhecimento da cultura e dos valores tradicionais.
Essa abordagem angariou apoio nos altos escalões do governo; o presidente Xi Jinping é um dos apoiantes do grupo. Porém, a sua relação com o partido levanta uma questão importante: o grupo será capaz de mudar a China desse jeito?
O Fo Guang Shan é liderado por uma das figuras religiosas mais famosas da China actual, o Venerável Mestre Hsing Yun.
Aos 89 anos de idade, ele é praticamente cego e uma devota repetia as questões para que ele pudesse ouvi-las. Porém, a sua mente continua ágil, e ele escapava com facilidade das questões que pudessem incomodar as autoridades chinesas. Quando perguntei o que ele esperava conquistar com a disseminação do budismo – o proselitismo é ilegal na China – as suas sobrancelhas arquearam-se, mostrando que ele achou graça na pergunta.
“Não quero disseminar o budismo. A única coisa que faço é promover a cultura chinesa para purificar a humanidade”, afirmou.
Quanto ao Partido Comunista, ele não tem dúvidas: “Nós budistas estamos ao lado de quem estiver no poder. Budistas não se envolvem em política”.
Contudo, isso não foi verdade durante a maior parte da vida de Hsing. Nascido nos arredores da cidade de Yangzhou em 1927, ele tinha 10 anos quando entrou para um mosteiro por onde ele e a mãe passaram quando saíram em procura do seu pai, desaparecido durante a invasão japonesa na China.
Lá, ele foi influenciado pelas ideias do Budismo Humanista, que pretendia salvar a China através da renovação espiritual. O movimento argumentava que a religião deveria ser o foco deste mundo, e não o do além. Dizia também que o clero deveria preocupar-se com as pessoas, chamando os religiosos a ajudar a mudar a sociedade por meio da justiça e da compaixão.
Depois de fugir da Revolução Comunista, Hsing levou essa mensagem para Taiwan, onde fundou o Fo Guang Shan na cidade portuária de Kaohsiung, em 1967. Ele tentou tornar o budismo mais acessível às pessoas comuns por meio de uma renovação da sua imagem e da adopção de tácticas do mercado de massa. Deu palestras em estádios lotados, em cerimónias parecidas com cultos evangélicos. Construiu um parque temático com apresentações multimédia e máquinas que exibiam imagens de santidades budistas.
Essa abordagem teve um impacto profundo em Taiwan, que na época era bastante parecida com a China actual: uma sociedade em processo de industrialização que temia ter dispensado os valores tradicionais na busca pela modernização. O Fo Guang Shan tornou-se parte de um avanço popular da vida religiosa. Muitos estudiosos afirmam que o movimento também ajudou a lançar as bases para a transformação da ilha numa democracia vibrante, por meio do fomento de uma cultura política comprometida com a igualdade, a civilidade e o progresso social.
O Fo Guang Shan espalhou-se rapidamente, gastando mais de 1 bilhão de dólares em universidades, faculdades comunitárias, jardins de infância, uma editora, um jornal diário e uma estação de TV. Actualmente, a religião conta com mais de mil monges e monjas, além de mais de um milhão de seguidores em 50 países.
O grupo prefere não fazer estimativas do número de fiéis na China, onde o governo os recebeu inicialmente com desconfiança. Em 1989, um oficial que fugiu do massacre da Praça da Paz Celestial procurou abrigo num templo do grupo em Los Angeles. A China retaliou com a proibição da entrada de Hsing no país.
Porém, mais de uma década depois, Pequim começou a ver Hsing com outros olhos. Assim como muitas pessoas da sua geração que nasceram na China e viviam em Taiwan, ele é favorável à unificação da ilha e da China – uma prioridade para os líderes comunistas.
Em 2003, o governo permitiu que visitasse a sua cidade natal, Yangzhou. Ele prometeu construir uma biblioteca e, alguns anos depois, estabeleceu um centro de 40 hectares que actualmente abriga quase dois milhões de livros, incluindo uma colecção com cem mil volumes de escrituras budistas.
Embora o governo de Xi tenha aumentado as restrições ao cristianismo e ao islamismo no país, o Fo Guang Shan recebeu autorização para abrir centros culturais em quatro cidades, incluindo Pequim e Xangai. Actualmente, entre os alunos da organização encontram-se diversas autoridades do governo.
Quando Shen assumiu a loja de chás, demorou a entender o que significava ser budista. Ela admite que, no início, buscava obter mais lucro para o templo, utilizando óleo de qualidade inferior na cozinha.
Contudo, o seu marido foi contra. A China está repleta de escândalos de restaurantes que utilizam ingredientes baratos e perigosos, e ele argumentou que bons budistas deveriam servir de exemplo.
“Isso me fez perceber que a fé nos dá padrões morais mínimos. Ela ajuda-nos a tratar os outros como nossos semelhantes”, afirmou Shen.
Por Ian Johnston – New York Times
Fonte: Portal do Budismo
Encontro Executivo da BLIA em Estocolmo
No dia 17 de Março deu início, no templo Fo Guang Shan Sweden, em Estocolmo, a abertura do BLIA Executive Seminar, o primeiro a ser realizado totalmente em inglês, desde a fundação da Buddha’s Light International Association. Esta abertura foi presidida por Wendi Har.
A 2017 European BLIA Executive Seminar contou com participantes de Londres, Manchester, Paris, Lisboa, Guimarães, Genebra e Estocolmo.
In response to the needs of non-Chinese cadres, in addition to ” recognize Buddha’s Light ” , ” how to be a Buddha man ” , ” Classic – Wisdom and Life ” and other basic courses , also arranged ” consensus and open ” , ” Future ” and other discussion programs , hoping to discuss ways , brainstorming , consensus , and to discuss the project for the resolution of the Assembly ; in addition , also in order to understand what kind of chanting is right for non-native speakers , special arrangements for night reading in English class segment , early lesson is The traditional way of chanting chanting , supplemented by pinyin.
Tivemos ainda a mensagem da Venerável Mestre Man Chien sobre a criação da BLIA e a visão que o Venerável Mestre Hsing Yun advogou para a transmissão do Dharma, pelo mundo, através dos membros laicos. Este é o seu desejo para que o mundo se torne melhor, através da prática de “San hao”, as três boas acções – Bons pensamentos, Boas palavras, Boas acções. Esta é uma sabedoria que deve ser aplicada na nossa vida, sendo estendida à família e ao trabalho. A Mestre lembrou-nos também a importância dos “Quatro D”, ensinados pelo Mestre Hsing Yun:
- Dar confiança
- Dar Alegria
- Dar esperança
- Dar conveniência
Foi explicado o conteúdo do seminário e os participantes realizaram um estudo de vários conteúdos que iriam ser discutidos nos dias seguinte, na biblioteca do templo.
Sessão do dia 18 de Março
Após a prática da manhã, demos início à palestra “Compreender a BLIA, Origem, Significado e Organização”, pela Venerável Mestre Miao Yen. A Mestre introduziu-nos às origens da associação e a sua importância para a disseminação do Budismo Humanista, como visão do Venerável Mestre Hsing Yun. Fizemos ainda um exercício muito interessante com o símbolo da BLIA, sendo que todos mantiveram a ideia do lótus, representando a verdade transcendental que surge do mundo (o círculo).
Na sessão seguinte tivemos uma continuação do tópico com a Venerável Mestre Man Jung e ainda uma troca de experiências guiada pela Venerável Mestre Ghuih Yun. Todos os membros participaram muito activamente, com harmonia e progresso, na partilha de ideias.
Na parte da tarde estivemos num debate sobre o tema da BLIA de 2017 “Consenso e Abertura”, partilhado no encontro de Taiwan em Outubro de 2016. Cada participante deu a sua visão e opinião sobre a prática diária e de que forma pode mudar o nosso comportamento. Os tópicos deste tema indicam a importância de os membros laicos (BLIA) serem cada vez mais activos na cultivação do Budismo Humanista.
Foram criados três grupos de trabalho, principalmente para debater a questão da localização e outros tópicos de relevo.
O primeiro grupo focou a promoção de actividades da BLIA, como por exemplo encontros de bicicletas, meditação no parque e a promoção dos livros nas escolas e universidades, indicando ser muito importante haver cada vez mais tradução para sueco, de forma a aumentar a atenção do público.
O segundo grupo introduziu a ideia de observar o que o público realmente precisa e não só o que temos para dar, aumentar a visibilidade do Mestre Hsing Yun, aulas de meditação e outras actividades que podem aumentar o suporte na língua local. Também foram debatidas ideias sobre a retenção de associados, principalmente jovens.
O grupo 3 focou-se no desenvolvimento futuro. Compreender os pontos fortes que a BLIA tem e mobilizar as pessoas com entusiasmo. Adicionalmente, criar mais livros para crianças para que possam ter a compreensão correcta no Budismo Humanista.
Todos concordaram que a barreira linguística é muito grande e que deve haver um esforço cada vez maior na tradução.
No debate foi proposto que a visibilidade e reconhecimento do Mestre Hsing Yun fosse mais destacada, para que, principalmente, os Europeus o pudessem reconhecer, tal como ao Dalai Lama. Também foi sugerido que o templo tivesse mais conteúdos locais e até uma app explicativa do mesmo.
Depois do jantar tivemos ainda uma excelente sessão com a Venerável Mestre Miao Di, sobre como promover e implementar as resoluções tomadas na conferência de Taiwan em 2016.
Sessão do dia 19 de Março
Após a cerimónia da manhã, pelas 7h00, onde experimentamos recitação em inglês e cântico em chinês, tivemos uma inspiradora sessão pela Venerável Mestre Chuih Hun sobre “Sabedoria e Vida” e a forma como Buda nos ensinou a observar um caminho para a felicidade.
Após a sessão foi realizado o encerramento das actividades, tendo ficado solidificado o trabalho conjunto entre todos os participantes e tendo sido criado um grupo de partilha e desenvolvimento.
Em 2018, o Executive Seminar será realizado em Portugal, para todos os membros dos vários países que falem em inglês e estejam disponíveis para desenvolver um trabalho na localização de materiais e consolidação da BLIA localmente. Este foi um anúncio realizado pela Venerável Mestre Miao Yen.
Após o encerramento, todos participamos na Cerimónia de arrependimento de Avalokiteshvara
BLIA nas festas da (Diver)Cidade 2016
A BLIA irá participar nas festas da (Diver)Cidade 2016 que este ano se realizam de 20 a 26 de Junho.
Banca de divulgação
Nos vários dias estaremos até às 22h00. Os membros e amigos da BLIA que possam ajudar como voluntários, por favor, contactem-nos para o email geralg2@ibps.pt
- 20 – 10:00 montagem
- 24 – 16:00
- 25 – 15:00
- 26 – 12:00
Actividades para o público
Os membros da BLIA irão participar com dois espectáculos no Domingo dia 26 de Junho:
Domingo, 26
- 15.00 Dança Leão
- 15.30 Dança Dun Huang
Iniciou o grupo de estudos da BLIA em Guimarães
A BLIA tem agora um grupo de estudos também em Guimarães, às terças-feiras, pelas 19h00.
A entrada no grupo de estudos é gratuita, mas caso tenham oportunidade, podem associar-se na BLIA, como auxílio às actividades do Templo e da Associação.
Morada: Av. São Gonçalo, 1512, 4835 – 104 Guimarães
Reunião anual BLIA Portugal
Caros membros da Associação BLIA Portugal e do Grupo de Jovens da BLIA Portugal:
Um bem-haja a todos!
Vimos por este meio anunciar a marcação da reunião anual da nossa Associação para o próximo dia 10 de Janeiro de 2016(Domingo)das 16:00 às 18:00 horas, no templo da BLIA Portugal. Reforçamos a importância da participação de todos nesta reunião, independentemente das agendas preenchidas que todos temos, pois a divulgação do budismo humanista só é possível se todos colaborarem; todas as pessoas fazem a diferença por um futuro melhor.
Assuntos a tratar:
- Relatório de Contas do ano de 2015
- Propostas do plano de atividades para 2016
- Após a reunião convidamos todos à ceia comunitária (jantar)
Inscrições para:
1.Xiao Fen Guo (Secretária da Associação Buddha’s Light de Lisboa) telefone:964966577
2.Os Presidentes das respetivas Sub-delegações:
- 1ª Sub-delegação, Presidente Ying Qiu Cai,telefone:966927777
- 2ª Sub-delegação, Presidente João Magalhães,telefone:917772127
- 3ª Sub-delegação, Presidente Cai Xu,telefone:937777799
- 4ª Sub-delegação, Presidente Wen Lian Chen,telefone:965677968
- 5ª Sub-delegação, Presidente Bei Lei Lin,telefone:965535999
- Grupo de Jovens da BLIA Portugal, Li Sha Dai,telefone:916051671
Desejamos a todos um próspero Aproximar de Ano Novo!
Associação Buddha’s Light de Lisboa
Sr. Guo Hua Wu Saudações Budistas 6-11-2015
Novos órgãos sociais da sub-delegação portuguesa
Órgãos sociais sub-delegação portuguesa BLIA
Assembleia Geral da sub delegação portuguesa dia 15 de Maio 19h
Vimos por este meio convocar todos os membros e amigos de Buddha´s Light para participarem na Assembleia Geral da 2ª Sub-Delegação da Associação Internacional Buddha´s Light, em Lisboa. Será no dia 15 deste mês às 19 horas no Templo Fo Guan Shan em Portugal, sito na Rua da Centieira nº 35, metro de Cabo Ruivo.
Vamos falar sobre as atividades a decorrer recentemente, o que podemos fazer para povo português conhecer o budismo, como podemos desenvolver para subir para o patamar seguinte, votação de novos órgãos sociais para 2ª sub-delegação e outros assuntos.
Gostaria que confirmassem da vossa presença através deste email até dia 14 – ibps.pt
Todos os dia são bons dias, todos os momentos são bons momentos.
Cerimónia de Transferência de Méritos para os antepassados
O templo Fo Guang Shan vai realizar uma cerimónia de Transferência de Méritos para os antepassados (Cerimónia de Ullambana) nos dias 09 e 10 de Agosto, para a qual vos convida a participar no seguinte plano:
Dia 09
07:30 / 09:00 – 1ª parte
12:00 / 13:45 – 2ª parte
14:00 / 15:15 – 3ª parte
15:30 / 16:45 – 4ª parte
NOTA: As sessões são em Mandarim neste dia.
Dia 10
07:30 / 09:00 – 1ª parte
12:00 / 13:45 – 2ª parte
14:00 / 15:15 – 3ª parte
15:30 / 17:15 – 4ª parte
NOTA: As sessões são acompanhadas através do Sutra da Cerimónia do Compassivo Arrependimento das Águas Samádicas, em português.
A Definição do Ch’an
O Ch’an é dhyana, meditação profunda. “Dhyana” em sânscrito foi traduzido para chinês pela palavra que quer dizer “pensamento quieto”, o que significa que dentro do mundo das causas, podemos encontrar a tranquilidade, contemplar corretamente e assim a nossa natureza búdica poderá surgir. Na Índia, o dhyāna centra-se sobretudo na unidade da mente. Na China, desde o Grande Mestre Hui Neng que a concentração meditativa e o conhecimento transcendental são vistos como um só. Isto quer dizer que temos que manter a concentração meditativa e o conhecimento transcendental da observação direta para apontar diretamente à mente humana, de modo a que consigamos ver a natureza dela e cheguemos à budeidade. No Sutra da Plataforma do Sexto Patriarca lê-se:
“Em todas as circunstâncias, quando não surgem pensamentos como em meditação sentada, vendo-se a essência da própria mente imperturbada, isso é Ch’an.”
E ainda:
“Praticar com retidão em todas as circunstâncias, seja caminhando, parado, sentado ou deitado” é a prática de “samadhi” (concentração Ch’an). A concentração Ch’an precisa de ser trabalhada na mente e não apenas com o corpo sentado inerte;
“uma pessoa que apenas gasta a almofada de meditação mas não pratica com sinceridade, como é que conseguirá realizar a vacuidade da mente?”.
“Um cruzamento é bom para praticar meditação”, “o Buda passava todas as horas do dia e da noite em contemplação”: – assim, desde que estejamos constantemente em contemplação e em estado desperto, teremos logo “um pensamento puro, um pensamento buda, constantemente puro, constantemente buda”.
“Não ter medo que os pensamentos surjam, apenas ter medo que a iluminação tarde” e ter sempre a certeza que, ao praticar, não se está a praticar a prática em si e, ao caminhar, não se está a caminhar o caminho em si, que devemos praticar o bem e não ficarmos apegados à prática do bem.
No Sutra da Plataforma do Sexto Patriarca, diz-se:
“Estar livre de apegos por todos os objetos externos é Ch’an,
Atingir a paz interna é Samadhi.
Se estivermos presos a todos os objetos externos,
a nossa mente interior ficará perturbada.
Quando estamos livres de apegos aos objetos externos, a mente estará em paz.
Estar livre de apegos a todos os objetos externos é Ch’an,
Atingir a paz interna é Samadhi.
Quando estamos em posição de lidar com Ch’an
e manter o nosso interior em Samadhi,
Então é dito que atingimos o Ch´an e o Samadhi.”
A verdadeira meditação Ch’an faz-se treinando o “eu” ao longo do dia, enquanto se está de pé, a andar, sentado ou deitado. Ao não nos deixarmos ser afetados pelo mundo exterior do bem e do mal, a seu tempo poderemos descobrir a nossa própria mente e perceber o Ch’an – isto é que é considerado meditação Ch’an. Estar em Ch’an enquanto se está de pé, a andar, sentado ou deitado, é Ch’an, quando se carrega lenha ou transporta água é Ch’an, quando se dá o ensinamento apropriado é Ch’an, e aceitarmo-nos perante a adversidade também é Ch’an.
O mais importante para a prática da meditação Ch´an é “cessar e observar”. “Cessar” é o meio, e “observar” o fim. Primeiro aprende-se a contemplar a respiração, solta-se o corpo e a mente, estando já concentrado na respiração, deixa-se a mente pousar sobre um estado, depois deixa-se que a mente desperte e ilumine tudo. Ao contemplarmos as quatro bases da plenitude da mente, ou seja “do corpo, dos sentimentos, da mente e dos dharmas”, sabemos que os pensamentos mudam, que devemos aumentar a nossa capacidade contemplativa e limpar as impurezas do espírito, purificando o interior da mente.
In: “A Meditação Ch’an na vida humana” – Vem. Mestre Man Chien, 2009 – Edições Zéfiro
Em toda a sua eloquência a Ven. Mestre Man Chien não deixa espaço para que mais seja acrescentado, pois esse é um dos seus dons de bodhisattva.
No entanto, para os mais desprevenidos, talvez possa dizer as coisas de outra forma, mais mundana e, certamente, obscurecida. Mais não posso fazer que dar o meu melhor para servir os outros, para realizar o não-eu e, quiçá, iluminar-me para bem de todos. Longe virá o dia, mas o caminho faz-se um passo de cada vez. O importante é observar cada passo que é dado pois como damos o passo tem significado e consequências, o que pisamos é importante, a direção que seguimos é fundamental. Cada um terá a sua via mas a autoestrada, por assim dizer, é o Ch’an. A faixa de rodagem e a velocidade que decidimos ou podemos usar é adequada a cada mente.
Não vale a pena encontrar desculpas: amanhã vou começar a praticar Ch’an pois tenho o dia livre; depois das férias, depois do jantar, quando for dormir. O Ch’an já está em nós mas teimamos em não lhe dar importância. É como a nossa sombra que esteve sempre lá mas apenas lhe demos importância ocasionalmente. Não é preciso começar, basta parar. Parar o quê? Num único dia das nossas vidas desde que despertamos até nos deitarmos novamente quantos pensamentos lhe ocorreram? Não sabe? É natural. Foram tantos que, mesmo que os contasse, perder-lhes-ia a conta. Comece por observar um pensamento apenas. Aproveite que está no seu carro, ou espera o autocarro, está no WC – não importa – onde quer que esteja, PARE! Dê um passo atrás e centre a sua atenção na mente. Apanhe o primeiro pensamento que surgir. Pode ser esse mesmo! Observe como surge, onde permanece e como se desvanece. Atrás desse vem logo outro, como se a mente lançasse areia para os nossos próprios olhos para que não pudéssemos ver o que está por trás, uma cortina de fumo para nos distrair e iludir. É isso mesmo, andamos permanentemente em ilusão. Convencemo-nos que somos perenes e imortais, separados do meio e dos outros, uma entidade intrínseca e imutável. A cortina de pensamentos foi eficaz, cumpriu o seu objetivo. Bravo! Voltemos atrás.
Já parou? Observou um pensamento qualquer? Percebeu como ele mesmo é ilusório, fugaz e impermanente e sem existência própria? Aparece e logo desaparece substituído pelo pensamento seguinte. Alguns provocam reações: carinho, desejo, raiva, apego. Em regra, provocam-nos emoções negativas. Não, não entendeu mal, disse NEGATIVAS, mesmo. Mas como pode o carinho ser negativo, e o desejo ou até o amor? Amor? Ou Apego? De qual falamos? Há que saber distinguir. Amor é a força universal que nos une, é o propulsor da budeidade. Se assim é porque não somos todos iluminados? Se calhar confundimos as coisas…mais uma missão cumprida da cortina de pensamentos da nossa própria mente. Ela nos liberta, ela nos aprisiona e, em geral, vivemos todos enclausurados neste espaço esconso e estreito do EU. Carinho pelos próximos e raiva ou indiferença pelos outros. Onde reside o carinho, afinal? Quando passamos pelo sem-abrigo e viramos a cara onde está o amor e esse carinho? Ficou em casa? Ou nunca esteve lá?
Se nos habituarmos a notar cada pensamento que surge sem que nos deixemos levar por ele, começamos aos poucos a ver através da cortina. Com a prática esta torna-se completamente transparente pois sofre uma mutação conforme nos formos aproximando da verdade dos dharmas, “não nascidos, não cessados, não maculados, não puros, sem crescimento nem declínio.” O pensamento passa a ser não dual conforme nos aproximamos do não-eu e, aos poucos, começamos a ver a verdadeira essência das coisas e a nossa, também. E libertamo-nos das grilhetas do ego para passarmos a viver no seio do Prajñā Pāramitā sem preocupações e obstáculos na mente e, por isso, sem medo, a caminho do Nirvana, para benefício de todos os seres.
Por isso comecemos AGORA. Termine de ler este post e preste atenção à sua mente. Se se distrair, não importa, volte a centrar-se nela. Não o faça por muito tempo, por agora. Em tibetano o termo para meditação é Gom que significa “abituar-se a”. Portanto, dhyāna é a habituação progressiva a uma outra forma de estar. Um minuto de bom estado meditativo tem muito mais mérito que um dia de “gastar a almofada”. Conforme se for sentindo confortável com a prática vá aumentando o tempo. Se for difícil não se preocupe, relaxe. É apenas natural. Já leva milhões de vidas a “treinar” as suas tendências kármicas habituais. Vai ver que com o tempo tudo se torna mais fácil. Se achar que precisa de ajuda cá estaremos no Templo Fo Guan Shan para lha prestar.
Possa este texto fruto dos meus próprios obscurecimentos contribuir para a libertação dos seres.
Amituofo