21 de Setembro – GRAÇAS AOS CÉUS 

Quando eu era uma criança, a minha avó dizia sempre isto durante as refeições, “Deus concedeu-nos esta refeição para que a nossa família pudesse comer. Recorda-te, não nos é permitido deixar um único grão de arroz nas taças. Se desperdiçarmos a comida, o Céu não nos dará refeições.”

Todos os anos o meu avô arava a terra, rangendo os seus dentes durante a chuva, e a minha avó cozinhava arduamente e preparava o chá. Eles percebiam que tinham de trabalhar até que o suor lhes pingasse da testa para que pudessem fazer a colheita do trigo dos campos; mas, no meio disto, porquê agradecer ao Céu?

Foi só há dois anos atrás, quando li a obra de Einstein, “O Mundo Como Eu o Vejo”, é que comecei a ganhar um novo entendimento. Apesar da teoria da relatividade ser algo de original e inovador na história, a sua obra não tem referências citadas; mas no seu fim, ele deixou um comentário repentino, “Obrigado aos meus colegas e ao meu amigo, Besso, pelas nossas conversas.” Depois perguntei-me, porque razão ele não reconheceu o seu valor por este feito tão maravilhoso.

Em anos recentes, cheguei a uma nova conclusão: que independentemente da nossa situação, nos já recebemos muito e contribuímos pouco para a vida dos outros. Porque contraímos uma dívida para com muitas pessoas é que devemos agradecer às nossas causas e condições. Qualquer que seja a situação, não necessitamos de uma herança ou das contribuições dos nossos antepassados, mas sim do apoio e da cooperação de todos, como também da chegada de novas oportunidades. Quanto mais tivermos feito, mais sentimos que as nossas contribuições foram insignificantes.

Como consequência, aqueles que começam empreendimentos pensam genuinamente no público, e os que falham são aqueles que despendem o seu tempo a pensar no seu proveito próprio.

— retirado de Ao Vento da Primavera