10 de Janeiro – A ARTE DE VIVER

Para ele, nada é mau neste mundo; tudo é bom. Um pequeno hotel é bom, a classe económica é boa, o alojamento é bom, um tapete esfarrapado é bom, uma toalha gasta é boa, a couve é boa, a cenoura é boa, correr é bom. Tudo tem um sabor e tudo é fantástico.

Mas que perspetiva esta! Sem fazer ainda menção à posse desse estado espiritual de mente, a capacidade de estar num tal estado a meio das tarefas diárias e triviais não simbolizará, por si, uma atitude artística e de bom grado perante a vida? Para os outros, parece que está a enfrentar dificuldades; para mim, parece-me que está só a disfrutar da vida. Tendo visto a expressão na sua cara enquanto mastigava a cenoura e a couve, tal alegria e prazer demonstrou-me que só um homem como ele poderia apreciar o verdadeiro sabor desses vegetais. Ao ser livre de qualquer partido ou preconceito, ele mantém essa individualidade que lhe permite observar e experienciar de forma simples todas as vertentes da vida. Esta é a verdadeira liberdade e deleitamento.

A Arte e a religião partilham, de facto, um objetivo em comum. Qualquer um que se prenda ao lucro ou ao preconceito, incapaz de saborear até as coisas mais pequenas da vida, não conseguirá partilhar nenhuma conexão com a arte. A verdadeira arte não é exclusiva aos quadros ou aos poemas, pelo contrário, pode ser adquirida e encontrada em toda e qualquer parte.

Audio do livro 365 Dias para o Viajante, do Ven. Mestre Hsing Yun.