“O diálogo entre religiões só ocorre entre iguais e só se alcança se for encetado com honestidade, sinceridade e confiança no outro, construindo pontes em vez de muros”, é uma das frases em destaque no respectivo documento
A Fundação Calouste Gulbenkian foi ontem palco da assinatura de um pacto inédito em Portugal. A Declaração pelo Diálogo e pela Paz foi assinada por 21 comunidades religiosas, algo que concretiza a defesa da liberdade de expressão e de consciência, de religião e culto, com respeito mútuo entre todas as igrejas. A Associação Internacional Budda’s Light de Lisboa também foi uma das subscritoras desta declaração, tendo estado presente na cerimónia de assinatura do documento em causa.
De acordo com o texto da Declaração pelo Diálogo e pela Paz, os vários representantes das várias confissões religiosas presentes assumem “o empenho e a disponibilidade para ouvir todos, na sua alteridade e diversidade, num diálogo sincero que aceite o outro não como adversário, mas como concidadão, partilhando dos mesmos sentimentos de fraternidade”.
Além disso, os subscritores afirmam possuir “motivação para cooperar com a República Portuguesa, as suas cidadãs e os seus cidadãos, na preservação e protecção da liberdade de todas e todos, de manter e manifestar uma religião ou crença de sua escolha, seja individualmente ou em comunidade, em público ou privado”.
“O diálogo entre religiões só ocorre entre iguais e só se alcança se for encetado com honestidade, sinceridade e confiança no outro, construindo pontes em vez de muros”, pode-se ler no mesmo documento que destaca ainda “o compromisso claro e indefectível de uma cultura de não-violência, de paz e justiça”
Há a destacar que durante a iniciativa, presidida pela Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, houve ainda lugar à posse do novo presidente da Comissão da Liberdade Religiosa, José Vera Jardim, e dos restantes membros da comissão, que conta pela primeira com um elemento da comunidade budista, com o objectivo de aumentar a sua pluralidade.
“A tolerância, enquanto reconhecimento da diversidade e do respeito à identidade do outro garante que todos possam, livremente, sem sofrer discriminação ou agressão, expressar a sua crença”, destacou a responsável pela pasta da Justiça durante a iniciativa, lembrando ainda que “o espaço público e mediático é crescentemente ocupado pelo trabalho relevante de muitas organizações religiosas no combate a muitos problemas comuns da humanidade”.
De acordo com o Ministério da Justiça, a Declaração da Paz é fruto de “uma iniciativa inédita que ganha especial relevância num contexto em que as questões relacionadas com a tolerância religiosa têm marcado a actualidade”.
Por seu turno, José Vera Jardim salientou que Portugal tem um “quadro jurídico exemplar” e um “clima de diálogo e respeito mútuo” entre religiões, havendo sempre a necessidade de lutar conta “todas as formas de descriminação religiosa”.
Fonte: PTMM